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06 maio 2018

Poetas Contemporâneos (cont.)


Poetas contemporâneos
Ruy Belo
Biografia:
Rui de Moura Belo​ ​nasceu a 27 de Fevereiro de 1933 na cidade de São João da Ribeira, Rio Maior e faleceu a 8 de agosto de 1978, na cidade de Queluz, com apenas 45 anos.
Estudou direito na Universidade de Coimbra, foi diretor literário da Editorial Aster e mais tarde foi chefe de redacção da revista Rumo. Ingressou como investigador na Faculdade de Letras de Lisboa, tendo também exercido um cargo de diretor-adjunto no Ministério da Educação Nacional. O poeta tornou-se um dos maiores escritores portugueses da segunda metade do século XX.
A. Timofeev. Spring, undated oil on canvas
FOTO- raymond and susan johnson collection of russian art

E TUDO ERA POSSÍVEL

Na minha juventude antes de ter saído
Da casa de meus pais disposto a viajar
Eu conhecia já o rebentar do mar
Das páginas dos livros que já tinha lido

Chegava o mês de maio era tudo florido
O rolo das manhãs punha-se a circular
E era só ouvir o sonhador falar
Da vida como se ela houvesse acontecido

E tudo se passava numa outra vida
E havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer

Só sei que tinha o poder duma criança
Entre as coisas e mim havia vizinhança
E tudo era possível era só querer
Ruy Belo
in Homem de Palavra(s). Lisboa,Editorial, 1999
Análise:
Neste poema, Ruy Belo faz referência a um tempo de sonho, esperança, alegria e inocência reforçando o poder da imaginação e da inconsciência na construção de uma ideia de mundo.
Contudo, o poeta caracteriza a juventude como uma fase alheia à realidade - «conhecia (...)/Das páginas dos livros que já tinha lido» -, sem responsabilidades nem preocupações. Este poema reproduz no leitor um sentimento de nostalgia relativamente às lembranças da juventude.
Assim, este poema remete-nos para um confronto entre o nosso tempo de infância com  e a realidade da vida adulta, intensificando a dificuldade da tomada de decisões.

Jorge de Sena

Biografia:
Jorge de Sena​ nasceu a 2 de Novembro de 1919 em Lisboa, e faleceu a 4 de Junho de 1978 em Santa Barbara, na Califórnia. O poeta teve um infância recolhida, solitária e infeliz o que fez com que este se torna-se introspetivo, observador e imaginativo.
Em 1940, de Sena publicou os seus primeiros poemas e dois anos mais tarde o seu primeiro livro. Ganhou vários prémios nomeadamente o premio internacional da poesia Etna-Taormina.
É hoje considerado um dos grandes poetas portugueses.

Eternidade
Vens a mim
pequeno como um deus,
frágil como a terra,
morto como o amor,
falso como a luz,
e eu recebo-te
para a invenção da minha grandeza,
para rodeio da minha esperança
e pálpebras de astros nus.
                                               
Nasceste agora mesmo. Vem comigo.
Jorge de Sena, in 'Perseguição'

Análise:
Jorge de Sena faz uma comparação entre a brevidade da vida humana e a eternidade do Universo. O poeta dá-nos uma sensação de que somos todos (humanos, animais, planetas, estrelas) feitos da mesma matéria (gases, ferro, etc…) sendo a origem do Universo a mesma que a nossa. Realçamos também o apelo que o poeta faz ao destinatário do poema “Nasceste agora mesmo. Vem comigo.”.
Assim, o facto de o ser humano deixar descendência na terra faz com que se prolongue esta sensação de eternidade.

Alexandre O’Neill
Biografia:
Alexandre Manuel Vahia de Castro O'Neill de Bulhões​ nasceu a 19 de Dezembro de 1924 em Lisboa e morreu a 21 de agosto de 1986 também em Lisboa. O’Neill foi um dos mais importantes poetas do movimento surrealista português tendo publicado os seus primeiros versos em 1943 com apenas 17 anos. Foi preso várias vezes pela polícia política, a PIDE, devido às suas obras contra o regime Salazarista.
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Paul Klee, Death and Fire

A Morte, esse lugar-comum
É trivial a morte e há muito se sabe
fazer - e muito a tempo! - o trivial.
Se não fui eu quem veio no jornal,
foi uma tosse a menos na cidade...

A caminho do verme, uma beldade
— não dirias assim, Gomes Leal? —
vai ser coberta pela mesma cal
que tapa a mais intensa fealdade.

Um crocitar de corvo fica bem
neste anúncio de morte para alguém
que não vê n'alheia sorte a própria sorte...

Mas por que não dizer, com maior nojo,
que um menino saiu do imenso bojo
de sua mãe, para esperar a morte?...
                                                               Alexandre O'Neill, in 'Abandono Vigiado'

Análise:
Alexandre O’Neill aborda a morte no poema em que está muito evidente em forma de paródia a intertextualidade, fazendo referência a Gomes Leal, poeta português (1848-1921).
O’Neill, poeta surrealista, faz referência à morte mas em forma de ironia, ou seja, parodiando o tema e os símbolos que lhe são associados - verme, cal, corvo - referindo que uma pessoa nasce para morrer. Remetemos assim para que a morte é inevitável e apenas temos de desfrutar da vida.

Trabalho realizado por:

Beatriz Lucas nº3

Bruno Bento nº4

12ºB

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