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23 janeiro 2024

Lisboa no romance O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS - Roteiro




Aqui o mar acaba e a terra principia
- Roteiro*| Lisboa no romance
 O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS[1]
de José Saramago -






1. Cais de Alcântara

Aqui o mar acaba e a terra principia. Chove sobre a cidade pálida, as águas do rio correm turvas de barra, há cheia nas lezírias. Um barco escuro sobre o fluxo soturno, é o Highland Brigade que vem atracar aos cais de Alcântara” (p.3).


2. Cais do Sodré
“Não sei o senhor doutor já reparou que há cheia no Cais do Sodré, os homens são assim, têm um dilúvio ao pé da porta e não dão por ele […] o certo certo foi ter chovido tanto que está o Cais do Sodré alagado.” (p. 33).
“Aqui, não é sequer a Lisboa toda, muito menos o país, sabemos nós lá o que se passa no país, Aqui é só estas trintas ruas entre o Cais do Sodré e S. Pedro de Alcântara, entre o Rossio e o Calhariz” (p. 95).

3. Hotel Bragança
“O motorista olhou pelo retrovisor, julgou que o passageiro não ouvira, já abria a boca para repetir, Para onde, mas a resposta chegou primeiro, ainda irresoluta, suspensiva, Para um hotel, Qual, Não sei […] Um que fique perto do rio, cá para baixo, Perto do rio só se for o Bragança, ao princípio da Rua do Alecrim, não sei se conhece” (p. 7).

O edifício do antigo Hotel Bragança, na Rua do Alecrim, nº 12, junto ao Cais do Sodré, é um marco da história da cidade, pois foi o hotel preferido do poeta Fernando Pessoa onde, hospedado no quarto 201, escreveu parte das suas obras.

Não deve ser confundido com o Hotel Bragança (ou Braganza), citado em Os Maias de Eça de Queirós, situado na Rua Vítor Cordon (antiga rua do Ferragial), número 45, que lhe fica próximo.

4. Estátua de Eça de Queirós, Largo Barão de Quintela/Rua do Alecrim
“Enquanto se vai subindo a Rua de Alecrim pelas calhas dos elétricos ainda correm regueirinhos de água […] Ricardo Reis pára diante da estátua de Eça de Queirós ou Queiroz, por cabal respeito da ortografia que o dono do nome usou […] Sobre a nudez forte da verdade o manto diáfano da fantasia, parece clara a sentença” (p.35).

5. Largo da Misericórdia e Jardim de S. Pedro de Alcântara – “Eis o antigo Largo de S. Roque, e a igreja do mesmo santo. […] agora só a chuva se ouve, está também por aí a tanger uma guitarra, onde seja não o sabe Ricardo Reis, que se abrigou neste portal, ao princípio da Travessa da Água da Flor […] Ricardo Reis atravessa o Jardim, vai a olhar a cidade, o castelo com as suas muralhas derrubadas, o casario a cair pelas encostas. […] parece Lisboa que é feita de algodão” (pp. 36-37).


6. Bairro Alto e Largo de Camões – “Este bairro é castiço, alto de nome e situação, baixo de costumes” (p. 36).
  “Ricardo Reis atravessou o Bairro Alto descendo pela Rua do Norte chegou ao Camões, era como se estivesse dentro de um labirinto que o conduzisse sempre ao mesmo lugar, a este bronze afidalgado e espadachim”; “Todos os caminhos vão dar a Camões” (p. 41).
“Seguiu o caminho das estátuas, Eça de Queirós, o Chiado, D'Artagnan, o pobre Adamastor visto de costas”.

Telf. 210 027 000 (dias úteis, das 9h00 às 18h00).

7. Adamastor, Alto de Santa Catarina “este grande bloco de pedra, toscamente desbastado, que visto assim parece um mero afloramento de rocha, e afinal é monumento, o furioso Adamastor, se neste sítio o instalaram não deve ser longe o cabo da Boa Esperança. Lá em baixo, no rio, vogam fragatas” (p.114); “sentado ao sol, sob o vulto protetor de Adamastor, já se viu que Luís de Camões exagerou muito, este rosto carregado, a barba esquálida, os olhos encovados, a postura nem medida nem má, é puro sofrimento amoroso o que atormenta o estupendo gigante” (p. 167); “o Adamastor não se voltou para ver” (p.269).

8. Chiado – “Ricardo Reis desceu o Chiado e a Rua do Carmo, como ele muita outra gente descia, grupos, famílias, ainda que o mais fossem homens solitários a quem ninguém espera em casa” (p. 45). 
 “na manhã de quarta-feira que vêm trazer uma contrafé a Ricardo Reis. Levou-lha o próprio Salvador, em mão de gerente, dada a importância do documento e a sua proveniência, a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado”;no dia dois de Março lá estarei, às dez horas da manhã, Rua António Maria Cardoso, fica aqui muito perto, primeiro sobe a Rua do Alecrim até à esquina da igreja, depois vira à direita, ainda outra vez à direita, adiante há um cinema, o Chiado Terrasse, do outro lado da rua está o Teatro de S. Luís” (ll. 107-108).
“Já todo o pessoal do hotel sabe que […] foi chamado à polícia, alguma ele teria feito por lá, ou por cá, quem não queria estar na pele dele bem eu sei, ir à PVDE, vamos a ver se o deixam sair, contudo, se fosse caso de prisão não lhe tinham mandado a contrafé, apareciam aí e levavam-no.” (p. 108).

Teatro S. Carlos| Visitas guiadas: visitas@ saocarlos.pt| Ateliers educativos: atl@saocarlos.pt| Telefone [Geral] (+351) 213 253 000.

São Luiz Teatro Municipal
Rua António Maria Cardoso, 38
Tel. (+351) 213 257 640
Bilheteira|Tel. (+351) 213 257 650
E-mail bilheteira@teatrosaoluiz.pt

Museu do Chiado/Museu Nacional de Arte Contemporânea |3ªf.- domingo, 10h00-18h00
E-mail: ritasamarques@mnac.dgpc.pt | Site: http://www.museuartecontemporanea.pt/pt

9. Baixa – “Desce o Chiado para ir comprar o seu bilhete ao Teatro Nacional”. […] “Irmãos Unidos, assim o restaurante se chamava […] Da mesa   […] vê passarem lá fora os carros elétricos, ouve-os ranger nas curvas, o tilintar das campainhas soando liquidamente na atmosfera coada de chuva, como os sinos duma catedral submersa ou as cordas de um cravo ecoando infinitamente entre as paredes de um poço.” […] “Agora, sai […] pela porta da Rua dos Correeiros, esta que dá para a grande Babilónia de ferro e vidro que é a Praça da Figueira […] Ricardo Reis rodeou a Praça pelo sul, entrou na Rua dos Douradores […] É para o Hotel que Ricardo Reis vai encaminhando os passos […] O vento soprava com força, encanado, na Rua do Arsenal” (pp. 33-35).

Teatro Nacional D. Maria II|S. Educativo- http://www.tndm.pt/pt/escolas/
T.: 213 250 828; F.: 213 250 938
2.ª a 6.ª, 9h-13h;14h-17h00.


10. Terreiro do Paço “Da Rua do Comércio, onde está, ao Terreiro do Paço distam poucos metros […] mas Ricardo Reis não se aventurará à travessia da praça, fica a olhar de longe” (17); “Fernando Pessoa sorri e dá as boas-tardes, respondeu Ricardo Reis da mesma maneira, e ambos seguem na direção do Terreiro do Paço” (p. 56).
 “Ricardo Reis desceu ao Chiado, a Rua Nova do Almada, queria ver os barcos de perto, da beirinha do cais, e quando atravessava o Terreiro do Paço lembrou-se de que em todos estes meses nunca fora ao Martinho da Arcada” (p. 263); “não chove, apetece andar, agora sim, desce toda a Rua Augusta, já é tempo de atravessar o Terreiro do Paço, pisar aqueles degraus do cais até onde a água nocturna e suja se abre em espuma” (p. 70).

Café Martinho da Arcada
Telef:(+351) 218 879 259
Fax: (+351) 218 867 757

Localizado no Terreiro do Paço, o Café Martinho da Arcada inicia-se em 1778 numa modesta loja de bebidas. Contudo, a inauguração oficial é 7 de janeiro de 1782.




 * Roteiro da responsabilidade do Conselho de Docentes do 12º ano/2017-18 da ESHN (excerto).
[1] Edição Utilizada: Saramago, José. O Ano da Morte de Ricardo Reis, Ed. Caminho, col. O Campo da Palavra, Lisboa

 

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