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08 novembro 2017

Fernando Pessoa e eu - outrora agora 15


Objetos da Infância
- Aparelhos auditivos - 
Nasci a 17 de agosto de 2000. Sou Leão e Dragão de Fogo. Nasci inanimado, faltou oxigénio no parto e os meus ouvidos “sentiram-se”, sofreram uma perda de audição. Nasci sem ouvir tanto como os outros. Nasci a detestar barulho, é percetível.
Tive várias otites e doenças ligadas à garganta, nariz e ouvidos e como tal fui operado aos três.
Desconfiaram da minha falta de audição quando num episódio, estava de costas e, a menos de um metro não ouvia nada, tendo-me assustado quando me virara e deparara com a minha tia Lina que após bater palmas decidiu tocar-me: tinha 4 anos.
            Repararam cada vez mais na minha surdez. Fui acompanhado por uma terapeuta da fala durante um ano, pois devido ao meu problema não reproduzia bem os sons que ouvia.
            Recebi os meus primeiros: uma caixa enorme com um tubo a ligar a um molde de um polímero qualquer a tapar-me os ouvidos; chamavam-lhe aparelhos auditivos, um dispositivo que haveria de melhorar a minha qualidade de vida, ouviria melhor e isso seria bom para mim.
            Ouvia pequenos sons pela primeira vez, fiquei contente. Saí do consultório e só ouvia barulho, barulho e mais barulho. Carros a apitar, buzinas a apitar, pessoas a gritar, tudo o que uma criança nascida no silêncio, detestava!
            Tranquilizaram-me e fui para casa contar aos meus avós (morava com eles na altura); adoraram e brincaram com a situação, típico. Mal sabia eu o que me esperava. Percebi o que diziam na televisão pela primeira vez, fiquei entusiasmado.
            Passados uns tempos começou a escola, o meu primeiro ano realmente. Ouvia tudo o que a professora, com a qual haveria de ter experiências engraçadas, dizia, era quem mais as acompanhava (tive algumas 10 em 3 anos). 
           Também comecei a perceber os burburinhos, aqueles que parecem que estão a falar de nós e quando os tentamos escutar eles param,… eram os meus mais recentes colegas a comentarem os meus “earphones”, a tratarem-me pela alcunha que anos mais tarde fora só um nome parvo que haviam pronunciado: “Surdo”. Era miúdo, não tinha força intelectual ainda para menosprezar aqueles pensamentos latentes na minha “caixa dos pirolitos”. “Surdo” era uma palavra forte na altura, era um incentivo a eu não querer mais usar aparelhos; felizmente, com o apoio da minha mãe e da minha professora, os meus colegas pararam de ligar àquele objeto estranho e fiz finalmente alguns amigos (o meu melhor amigo) que ainda mantenho hoje.
            Tive experiências engraçadas, agora, com estes objetos. Desligava-os para não ouvir a professora a ralhar comigo. Quando dava em andar à bulha e resolvíamos o nosso problema, enquanto eles saiam do local, eu com os olhos em lágrimas à procura dos meus aparelhos, com medo da minha mãe, medo que o olho negro da luta fosse pouco comparado ao que poderia apanhar.
            A minha Mãe foi aquela mãe que ralha muito, sempre a dar na cabeça, mas fazia-o para toldar a minha personalidade fraca, conciliada com um génio forte. Ela tinha medo que continuasse assim; porém, soube dar o carinho na medida certa, agradeço-lhe também por me ajudar ainda hoje. Obrigado.

            Duas semanas antes de fazer os meus 6 anos estava em São Tomé e Príncipe. Adorei a viagem, adorei andar de avião, adorei ver um outro mundo, uma outra cultura, que uma pequena cria tão “tapada” sobre o que era a vida, se maravilhou com a exoticidade do local e nunca mais perderia a vontade de conhecer o mundo e os seus segredos.
            Durante a minha grande pequena estadia neste país maravilhoso aconteceu uma tragédia: a minha mãe atende o telemóvel e treme… Aquela visão nunca mais saiu da minha cabeça… Ouve o meu Pai a chorar (coisa que nunca acontecia), dizendo que o meu tio paterno havia morrido. Que choque! Um homem de 31 anos morre com o pescoço partido. Era camionista e o camião tombou caindo em cima do rail da autoestrada. Homem tão viril, tão másculo, tão gentil e leal deixa para trás uma mulher viúva, um filho desamparado, uma mãe louca e uma família destroçada.
            Não queria ouvir nada, desatei a chorar, a minha mãe nem me precisou de dizer que tinha sido ele,… eu senti que era ele. Mais uma situação que me fizera detestar mais os meus “companheiros”.
            Comecei a recuperar deste choque e nos anos seguintes não houve grande acontecimento com eles, a não ser aos dez anos.

            Fruto de uma brincadeira no parque sem a devida atenção, perdi-os. Aflito fui contar à minha mãe para que se juntasse a mim na procura. Não os encontrava, nem sabia onde os poderia ter perdido… Desistimos ao fim de quase 2 horas de procura. Despedi-me.
            Pouco tempo depois tinha uns novos, estava extasiado. Igual a como quem recebe o mais recente Smartphone. Eram mais pequenos, mais atualizados, mais discretos, tinham novas tecnologias e como tal também eram mais caros, mas valia a pena no final das contas. E não me custava a mim, era só despreocupação e inconsciência na altura, agradeço por isso.
            Depressa essa excitação toda se desvanece…
          Começou o quinto ano, saí da terrinha e fui para a cidade. Enquanto na terrinha já todos me conheciam e respeitavam o meu problema, na escola da cidade o mesmo não acontecia.
            Tivera detestado explicar todo o meu problema aos meus 4 anos, em que ainda não tinha conhecimento da capacidade humana de julgar. Agora imaginem ter de o fazer aos meus 10, a pessoas que nem sequer queriam saber, que é mesmo assim. Custou-me imenso. Entre isso e passagem por tribunais, psicólogos, etc… Passei de melhor aluno, de um aluno exemplar para um “zé-ninguém” que ia passear os livros à escola, um aluno desequilibrado, rebelde, frustrado, magoado, infeliz e decadente…
            Aos 12 tomei uma das maiores decisões, foi bom e foi mau. Decidi não usar mais aparelhos! “Ça fini!”
            Foi bom. Pois devido a não os usar desinibi-me, cresci e evolui em aspetos que me eram necessários.
            Foi mau. Pois passei a não perceber patavina das brincadeiras, dos burburinhos, das cantigas. Deixando-me cada vez mais frustrado, mas o ego exagerado não me permitia voltar atrás na decisão, não ouvia ninguém em volta de mim, não queria saber de outras verdades a não ser a minha, era arrogante. Como se sabe Ego+Arrogância dá em Ignorância.
            Vivi ignorante durante quase 6 anos.
          
  Aos 17 anos, 17 anos! É que vi o que era a vida. Acordei tarde, mas despertei (finalmente!). Como não os usei, durante este tempo todo perdi imensa informação, perdi piadas, perdi notas, perdi defeitos, perdi vida e ganhei fracasso, ganhei visão, ganhei tato, ganhei sensibilidade, ganhei perceção, ganhei qualidades, ganhei vida!
Depois de ter criado caráter, ter analisado bem e de ter levado também um empurrão da vida a dizer para os usar. Empurrão esse que foi o caso de eu ir ter uma avaliação oral de Português no dia seguinte e como tal fui buscá-los.
           Coloquei-os e tudo me parecia novo, novamente.
           O som do relógio da cozinha da minha mãe, o som do peixe a grelhar, o som dos meus sapatos de borracha enquanto caminhava, o som da minha voz que deixou de ser aguda e passou a ser grave, o som da mastigação de nozes, até o som da minha respiração.
        Passei 2 semanas a ir dormir com o cansaço que esta descoberta acarreta. Melhorei a minha vida com eles.
Com eles tornei-me numa pessoa mais tolerante, matura, perceptora e entendedora da vida, adquiri experiência, no caminho para um melhor ser humano.
            Obrigado, “Companheiros”!


13 comentários:

Anónimo disse...

A minha paixão pelo futebol não é recente, vem de quando tinha apenas 5 anos.
Lembro me de ir com o meu pai ao café ver os jogos, e apesar de não perceber o jogo ou as suas regras na altura percebia a vibração que era transmitida aos adeptos, a felicidade quando havia golo, a euforia de uma vitória, a tristeza de uma derrota, os palavrões que saíam depois de um erro do árbitro, a festa de celebração de um título, tudo isso era mágico.
Apesar de não ter jeito na época, e ainda hoje, ia todos os dias jogar à bola com duas pessoas, que hoje considero os meus melhores amigos, e tê-los conhecido pode não ter sido só pelo futebol, porque hoje não me consigo lembrar de como nos conhecemos, simplesmente tenho a sensação de que eles estão aqui desde sempre, mas sem dúvida que o futebol foi fundamental para nos unirmos.
Para a maioria das pessoas o futebol trata-se apenas de 22 jogadores a correr atrás de uma bola, mas eu desde pequeno que vi mais além, na época não percebi, mas hoje vejo que foi dali que surgiu o bixinho.
Apesar de nunca ter tido jeito para o desporto sempre o amei, da mesma maneira que amo o meu clube o Sporting C.P. que desde pequeno me inspirou paixão; e foi o futebol que me ajudou a passar por momentos menos bons, mas isso fica para outra história.
Gonçalo Lucas n°11 12°A

Unknown disse...

Quando era mais nova, tinha muito o hábito de perder lápis e canetas na escola, pelo que a minha mãe me punha de castigo pelos dias que correspondessem aos lápis que tinha perdido. Proibia-me de ver televisão e de brincar com as minhas irmãs, mas eu tinha outra forma de me divertir: os livros. Este método resultou até a minha mãe se aperceber, e me proibir, também, de ler enquanto estava de castigo.
Os livros têm sido sempre um refúgio para mim - agora são livros policiais e se ficção científica; na infância, eram livros de contos de fadas (literalmente).
Era uma coleção de mais de 150 livros sobre duas meninas, a Cristina e a Raquel, que ajudavam fadas a cumprirem as suas missões - nunca cheguei a completar a coleção inteira. Porém, mesmo com os relativamente poucos 30 livros que consegui ter, fazia o que chamava "Concurso de Beleza": naquelas noites em que me era difícil adormecer (foram demasiadas), pegava nos meus livros, num papel e numa caneta e estabelecia parâmetros que as fadas tinham de cumprir para poderem ganhar o concurso. Passava horas nisto, e embora tenha feito este concurso imensas vezes, ganhava sempre a mesma fada.
Filipa Tavares, n°9, 12°A

Anónimo disse...

Quando tinha apenas 7 anos o meu pai ofereceu-me um “Jubas”, um leão de peluche com o equipamento do Sporting, o meu clube de coração.
Na minha casa era e é raro alguma das quatro pessoas que lá vivem estarem paradas, todos somos pessoas ativas e energéticas e todos temos um grande amor ao desporto. Nessa altura eu e a minha irmã íamos para o jardim jogar à bola contra o meu pai, eram os clássicos de sábado à tarde. Era também bastante comum os meus pais convidarem primos, tios e amigos para ver-mos os jogos de futebol todos juntos, agora pensando bem acho que na altura nem ligava muito aos jogos, simplesmente ficava feliz por poder brincar com os meus primos durante aqueles 90min. Lembro-me bastante bem de ver um jogo para a Taça de Portugal 2007/2008 na minha casa com a família toda, que felizmente o Sporting ganhou 5-3, e festejámos tanto que até a minha cadela ladrava, provavelmente porque não percebia o motivo de toda aquela felicidade...
Sem dúvida que tenho de agradecer ao meu pai por me ter influenciado para ser Sportinguista e por fazer com que hoje faça parte da grande “família” que é o Sporting Clube de Portugal que teve tanta importância na minha infância.
Beatriz Alvelos 12.ºA

Anónimo disse...

Minion, acho que nunca lhe dei um nome específico, apenas Minion. Sempre tive uma paixão por estes bonecos do filme: “Gru- O Maldisposto”, e toda a minha família sabia disso, acho que tinha cerca de nove anos quando o recebi, e é esse o episódio da minha infância que vou contar.
Estávamos em pleno mês de julho, estavam cerca de 30ºC na rua e já passava mais que da hora de almoço, já podia ouvir os suspiros da minha avó de cansaço de tanto que andámos, a respiração alta do meu avô do calor que estava, mas eles não queriam desistir, sabiam o quanto eu queria aquele peluche e o quanto significava para mim se fossem eles a oferecer-me. Após duas horas de esforço das nossas pernas e sofrimento do nosso estômago naquela feira em Quarteira, finalmente tínhamos encontrado o meu peluche preferido.
Hoje olho para ele e sei que não é apenas um peluche de uma personagem de um filme para crianças, é como se fosse uma presença constante dos meus avós, como se fosse uma combinação entre um retrato e as lembranças dos esforços que fizeram por mim, para um dia quando eles partirem, eu consiga sentir a presença deles para sempre comigo.

Sofia Alexandre, 12ºA

Anónimo disse...

Sou filha única por isso muitas vezes não tinha com quem brincar logo os livros ilustrados tornaram-se um mundo para mim. Não gostava muito de bonecas, preferia explorar os mundos,animais e personagens que ganhavam vida nas páginas dos livros.
Os meus pais ofereciam-me livros sobre diversos assuntos, os primeiros que me recordo foram os livros da coleção Anita, depois seguiram-se os livros sobre o mundo marítimo,aves,flores,florestas e atlas sobre os continentes e respetivas culturas.
Sempre que recordo a minha infância, grande parte das memórias estão relacionadas com estes mundos ilustrados; quando os via juntamente com a minha mãe e quando passava tardes a observar promenorizadamente cada desenho como se estivesse a tentar encontrar algo de novo, algo que ainda não tinha descoberto.
Estas lembranças levam-me de volta para uma altura de curiosidade,felicidade e principalmente de imaginação, que me fizeram despertar o interesse pela leitura.
Fátima Santos n°8 12°A

Anónimo disse...

Depois de um acampamento de escuteiros em grande, aliás, como são todos, a minha mãe foi buscar-me ao ponto de encontro de todos os pais e fui para junto dela, levava comigo um coelhinho de peluche, pouco maior que a minha mão.
Estava no raid e haviam vários coelhos de peluche espalhados pelo caminho que tinham pistas que nos levariam ao nosso destino. Lembro-me de achar muita piada aqueles coelhinhos...
No final da atividade, a minha chefe veio ter comigo e deu-me um desses coelhos, fiquei tão feliz mas ao entregar-me o peluche disse-me algo que já não recordo vivamente.
Quando vi a minha mãe mostrei-lhe o brinquedo e também ela lhe achou muita piada. então, entrámos no carro...
No caminho para casa tive um monólogo de tantas novidades que tinha para contar sobre a atividade e eis que, já perto de minha casa, a minha mãe fala:
-" Filha, a Cookie morreu..."- disse com os olhos cheios.
A Cookie era a minha última Basset Hound de quatro que tivera e que me acompanharam desde que nasci.
Relaciono hoje o coelhinho que a minha chefe me deu e a conversa que teve comigo, com a partida da minha cadelinha, suponho que as palavras que me dirigiu naquele dia tenham sido de alento e de algum modo a mostrar-me que devemos guardar os momentos felizes que tivemos.
Devemos relembrar que a infância não é apenas alegrias e brincadeiras mas também existe uma parte de realidade e dor, como em todas as vidas reais.
Ainda hoje tenho o coelho e, cada vez que olho para ele não me lembro de outra coisa senão dos momentos felizes que partilhem com os meus melhores amigos.


Maria Nazaré, nº17, 12ºA

(Profª, envio a fotografia do coelhinho para o seu mail, já que não a consigo anexar aqui)

Noémia Santos disse...

Muito obrigada ao Gonçalo, à Filipa, à Sofia, à Beatriz, à Fátima e à Maria, pelos vossos contributos.

Logo possa, vou rever e publicar. Se tiverem alguma imagem vossa ou que achem adequada, mandem para o nosso e-mail.

Bom fim de semana

NS

André César disse...

O que fui? Fui as lembranças que tenho hoje de ouvir a minha mãe a contar histórias que normalmente já sabia de cor contudo ouvia sempre como uma canção de embalar até adormecer; de imaginar inúmeras aventuras, cenários, histórias com simples pedaços de plástico e metal com quatro rodas que me entretinham por horas naquele mundo só meu; dos Verões passados na casa dos meus avós, repletos daquelas coisas que por mais banais só os avós proporcionam, aquele conforto e carinho; as idas à praia com os meus pais, em que todos os grãos de areia se tornavam no maior parque de diversões; o simples cheiro a torradas pela manhã, evidenciando que a minha mãe tinha alcançado o feito de acordar ainda mais cedo que eu, fazia-me pairar até à cozinha de braços abertos antecipando aquele abraço tão doce... O jeito de como tudo era tão simples, e o mais simples me fazia tão feliz...
E são, como estas, as fotografias soltas de um grande album que se vêm revelando na minha memória recordando-me da infância que, na verdade, nunca conseguirei conhecer. Contudo conheço aquilo que marcou aqueles tempos em que não só a memória mas o coração me dizem que fui feliz.

Anónimo disse...

O que fui? Um aventureiro talvez... Percorri todos os relevos da minha aldeia. Mas um dos mais presentes momentos da minha memória foi num dia em que estávamos a explorar um rochedo, eu e os meus colegas, que ainda hoje mantenho. Nesse dia estava tudo a correr bem, subimos por entre as saliências das rochas, e chegámos ao topo. Viamos tudo em volta. O pior aconteceu na descida. Eu, que era o mais experiente no terreno fui primeiro. Mas tanta confiança fez-me cair num carrasco no qual fiquei preso nos picos. E, para meu alívio ou não, estava com os meus amigos. Um deles, o mais gordo, na melhor das intenções tenta ajudar-me. Mas, como se não chegasse, a queda, no bem dito carrasco, o maldito escorrega e cai também, precisamente em cima de mim.
Sorte não ter acontecido nada de mais, mas hoje, vejo mil e uma maneiras de ter corrido mal. Um momento que, ainda hoje, todos nos rimos.

Rafael Silva, nº 26, 12ºA

Anónimo disse...

Tenho uma memória vivida do meu aniversário de 3 anos; na altura andava em uma escola privada onde minha mãe trabalhava, ao entrar na sala de aulas recordo que fiquei animado por saber que ia comer doces e todas essas tradições de festas, mas lembro ainda de ficar mais animado ao descobrir que que fazia anos era eu! Esta memória ficou-me guardada pois foi quando ganhei minha primeira bicicleta e é uma das três memórias que tenho do meu pai.
São poucas as memórias que tenho do meu pai, e as outras 'memórias' que tenho dele são contos de mãe, e apesar de hoje me encontrar a 7487 km da origem destas memórias, carrego comigo um álbum de fotografias que me permitem recordar de todas estas memórias de infância.

Anónimo disse...

O meu passatempo favorito nunca foi algo de grande esforço, como desporto. Desde pequeno que as minhas distrações principais são jogos de computador, algo que começou por culpa do meu tio.
Certa noite, nem me lembro se era uma ocasião especial ou uma como as outras, o meu tio, o irmão do meu pai, veio visitar-nos, e trazia com ele uma caixa de cartão e um livro, mais parecido com um álbum de fotos, preenchido com discos. Ele tinha-me trazido uma PlayStation e uma coleção de jogos que, em retrospetiva, não eram exatamente cópias oficiais. Tornou-se hábito eu chegar da escola e ir jogar na televisão da sala, passando tardes inteiras a jogar Crash Bandicoot, e, às vezes, adormecendo a ver o meu pai a jogar Call of Duty ou Medal of Honor. Era libertador poder chegar a casa, pegar no comando e esquecer-me de tudo o que me preocupava, pôr-me "dentro", como quem lê um livro e se transplanta para dentro da história: uma maneira de escapar da realidade, por mais breve que fosse essa fuga.
Os dias da PlayStation já passaram há anos, mas jogos ainda permanecem o meu passatempo principal, o meu sítio seguro.

Daniel Correia, nº4, 12ºA

Anónimo disse...

O dia em que recebi o meu cão está muito presente na minha memória. Há meses que não parava de pedir aos meus pais um cachorrinho, até que um dia numa viagem de regresso de Trás-os-Montes para Lisboa parámos na Figueira da Foz para ver uma ninhada de labradores que o meu irmão estava a ver na internet, e para ser sincera nem era essa a raça que eu tanto implorava aos meus pais.
Quando pus os olhos naquela ninhada saltou-me logo à vista o cachorrinho mais forte e extrovertido, nem tive tempo de olhar para os outros que disse logos aos meus pais que era aquele que eu queria.
Desde esse dia que tenho os melhores momentos da minha infância guardados na memória, guardados no meu cão.
Uma vida com um cão é uma vida mais completa, eles proporcionam-nos momentos mais alegres, momentos que valem a pena recordar.
Diana Santos, 12ºA

Anónimo disse...

Recordar os meus tempos de infância traz-me uma felicidade interminável.
Ao voltar atrás no tempo, a primeira memória que me ocorre é relativamente aos passeios de carrinho com a minha avó. Eram os melhores passeios de sempre, descer aquela simples rua da minha casa trazia-me uma alegria enorme, não só a mim, mas também ao “Tio Zé Pinto” que eu chamava cada vez que passava à sua porta. Mas esta viagem de carrinho não ficava apenas pela casa do Tio Zé Pinto, a paragem final era na loja do Senhor António, onde a minha querida avó me comprava sempre uma caixa de Kinder barritas. O quanto eu adorava (e ainda adoro) aquele chocolate. Ainda hoje cada vez que vou à loja, a minha avó me compra Kinder, foi um vicio que ela me meteu.
Estas memórias eram ótimas, mas a melhor delas todas é relativamente à minha adorada chucha. Quando era bebé, tinha cerca de 3 anos, os meus pais decidiram ir às Berlengas, e segundo o que consta, perdi a minha chucha na praia e obviamente comecei a berrar, obrigando os meus pais a percorrerem a praia inteira à procura dela. Após uma longa caminhada a bendita da chucha não aparecera (provavelmente um peixinho roubou-a). Só parei de berrar quando a minha mãe me enfiou uma chucha da Chico nova na boca. O meu amor por este simples objeto de silicone era tão grande, que só larguei a minha adorada chucha umas semanas antes de entrar para a primária, fui obrigada a mandá-la para a toca dos coelhos. Uma história muito triste mas com um lado positivo. Após deixá-la recebi uma almofada em forma de estrela que até aos dias de hoje utilizo para dormir.
Estas são apenas algumas das melhores memórias que levo comigo para onde for, são elas que me trazem alegria e dão cor aos meus dias mais cinzentos.

Mariana Canhoto 12A