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27 novembro 2017

Poema de F. Pessoa (Que noite serena!) - correção do questionário

1. Os traços caracterizadores do passado, tal como é evocado pelo sujeito poético, surgem associados a um tempo de serenidade e brandura - «suave, todo o passado», de aconchego afetivo - «O terceiro-andar das tias», de calma - «sossego de outrora, /Sossego de várias espécies». Tudo é agora percecionado como «bom e a horas», num estar certo e seguro, ausente do tempo presente - «hoje morto». Todas estas evocações ganham sentido com a caracterização que o poeta faz da infância, associada à leveza da inconsciência - «A infância sem o futuro pensado», por contraste com o presente. 
 
2. A cantilena inicial, lembrança de possível canção de embalar da infância, nos seus quatro versos de redondilha associados a um quadro de serenidade e embalo, com o uso do diminutivo «barquinha», depois reforçada pelo desamparado verso 13 - «Que noite serena, etc.», num momento do poema já associado ao presente,  remetem para um motivo comum no ortónimo - uma canção, uma música, um som - que presentificam o passado, como em «Pobre velha música», recordação vaga, simultaneamente doce e nostálgica ou dolorosa, porque de um tempo para sempre perdido.


3. (O importante seria a forma de responder; associar à temática referida, à dor e nostalgia de constatar a perda desse bem...; necessidade de esquecer -  Lembro-me mas esqueço)


4. Por contraste com a imagem rememorada desse passado, o presente é marcado pelo desassossego, a falta de «De um bem e de um a-horas próprio», a nostalgia de um tempo de suavidade, num tempo de desamparo e dúvida - «Meu Deus, que fiz eu da vida?»; os vocábulos associados ao presente são negativos e desperançados - «hoje morto» (o «bem») e a repetição do sentimento de dor, no verso 13. A explicação está no último verso - «Por amor de Deus, parem com isso dentro da minha cabeça.», excesso de dor causada pelo «pensar» intromissor e involuntário («parem com isso»), que contrasta com a caracterização do tempo querido da infância.


F. Pessoa ortónimo (correção do questionário)

Resposta aos pedidos.
Pg. 43 - cenários de resposta

1. As dicotomias presentes no poema são passado/presente, sonho/vida real e jovem/adulto. Através destes elementos, o sujeito poético opõe o passado ao presente, uma vez que o sonho associado a esse tempo irrecuperável veio a dar lugar à estranheza diante da vida e do ser.

2.
No passado, ainda que a vida fosse «má», é  percecionada como «serena»; no presente, o sujeito classifica a vida como «alguém estranho»; é um tempo marcado por uma vivência sem serenidade, com elementos negativos: «a pena, ou a mágoa, ou o cansaço» (v.9). O sonho está ausente.

3. Os canteiros de jardim remetem para a beleza, para a harmonia e fragilidade, própria das flores; estes elementos são uma metáfora para os momentos felizes do passado. O verbo «pisar» adquire, assim, um valor negativo e violento, significando que o presente esmaga, interrompe, anula o passado.

4. A adjetivação (....) permite a caracterização da vida do sujeito poético no passado; a enumeração, com o recurso ao polissíndeto - «a pena, ou a mágoa, ou o cansaço» (v.9) reforça o estado de espírito negativo, sem uma única razão específica (daí a conjunção disjuntiva «ou»), vivido pelo «eu» no presente.

5. No verso 1 - duas orações subordinadas adverbiais temporais.
No verso 8 - oração subordinada adjetiva relativa restritiva.

6. Valor disjuntivo.

7. Conversão.

24 novembro 2017

Fernando Pessoa e Álvaro de Campos (teste de Português 12º ano)

 Fernando Pessoa ou heterónimo(s) por si criados, o importante na análise 
e interpretação de poemas é ler, ler o que o poeta escreveu. E pensar.

Que noite serena!
Que lindo luar!
Que linda barquinha
Bailando no mar!

Suave, todo o passado — o que foi aqui de Lisboa — me surge...
O terceiro-andar das tias, o sossego de outrora,
Sossego de várias espécies,
A infância sem o futuro pensado,
O ruído aparentemente contínuo da máquina de costura delas,
E tudo bom e a horas,
De um bem e de um a-horas próprio, hoje morto.

Meu Deus, que fiz eu da vida?

Que noite serena, etc.

Quem é que cantava isso?
Isso estava lá.
Lembro-me mas esqueço.
E dói, dói, dói...

Por amor de Deus, parem com isso dentro da minha cabeça.
s.d.

Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993).
 - 121.
 1. Refira os traços caracterizadores do passado, tal como é evocado pelo sujeito poético. 

2. O poema inicia-se com a citação de versos de uma cantiga, parcialmente retomada no verso 13. Explique a sua função no poema. Justifique.

3. Comente o efeito expressivo da repetição - "E dói, dói, dói...", no contexto do poema e da temática abordada. 
4. Caracterize os sentimentos do sujeito poético em relação ao presente. 

22 novembro 2017

Metropolis (restoration trailer)

FICÇÃO: como o cinema de ficção científica viu a Grande Cidade, a mecanização, o futuro
(filme de Fritz Lang, 1927. Em Portugal foi visto pela primeira vez em 1928)


London Traffic 1910 AKA Traffic Scenes (1914-1918)


Old New York, 1910's - Film 19800


20 novembro 2017

Fernando Pessoa e eu -"o que fui [...] o que só hoje sei que fui"

 Eis os testemunhos do 12º A na resposta ao desafio de memória e reflexão - Fernando Pessoa e eu - tomando para mote o verso de Álvaro de Campos, no poema  "Aniversário":  
"o que fui [...]o que só hoje sei que fui".
Tomar a palavra...uma aula - mesmo - para recordar

Fernando Pessoa - "O que fui [...] o que só hoje sei que fui" - 8

O que fui? Fui as lembranças que tenho hoje de ouvir a minha mãe a contar histórias que normalmente já sabia de cor; contudo, ouvia sempre como uma canção de embalar até adormecer; de imaginar inúmeras aventuras, cenários, histórias com simples pedaços de plástico e metal com quatro rodas que me entretinham por horas naquele mundo só meu; dos Verões passados na casa dos meus avós, repletos daquelas coisas que por mais banais só os avós proporcionam, aquele conforto e carinho; as idas à praia com os meus pais, em que todos os grãos de areia se tornavam no maior parque de diversões; o simples cheiro a torradas pela manhã, evidenciando que a minha mãe tinha alcançado o feito de acordar ainda mais cedo que eu, fazia-me pairar até à cozinha de braços abertos antecipando aquele abraço tão doce... O jeito de como tudo era tão simples, e o mais simples me fazia tão feliz...

E são, como estas, as fotografias soltas de um grande álbum que se vêm revelando na minha memória recordando-me da infância que, na verdade, nunca conseguirei conhecer. Contudo conheço aquilo que marcou aqueles tempos em que não só a memória mas o coração me dizem que fui feliz. 
 André César, 12º A

Fernando Pessoa - "O que fui [...] o que só hoje sei que fui" - 7

Sou filha única por isso muitas vezes não tinha com quem brincar, logo os livros ilustrados tornaram-se um mundo para mim. Não gostava muito de bonecas, preferia explorar os mundos,animais e personagens que ganhavam vida nas páginas dos livros.
Os meus pais ofereciam-me livros sobre diversos assuntos, os primeiros que me recordo foram os livros da coleção Anita, depois seguiram-se os livros sobre o mundo marítimo, aves, flores, florestas e atlas sobre os continentes e respetivas culturas.
Sempre que recordo a minha infância, grande parte das memórias estão relacionadas com estes mundos ilustrados; quando os via juntamente com a minha mãe e quando passava tardes a observar pormenorizadamente cada desenho como se estivesse a tentar encontrar algo de novo, algo que ainda não tinha descoberto.
Estas lembranças levam-me de volta para uma altura de curiosidade, felicidade e principalmente de imaginação, que me fizeram despertar o interesse pela leitura.
                                                                                                                    
Fátima Santos n°8 12°A

Fernando Pessoa e eu -"o que fui [...) o que só hoje sei que fui" - 6

Tenho uma memória vívida do meu aniversário de 3 anos; na altura andava em uma escola privada onde minha mãe trabalhava; ao entrar na sala de aulas recordo que fiquei animado por saber que ia comer doces e todas essas tradições de festas, mas lembro ainda de ficar mais animado ao descobrir que quem fazia anos era eu! Esta memória ficou-me guardada pois foi quando ganhei minha primeira bicicleta e é uma das três memórias que tenho do meu pai.
São poucas as memórias que tenho do meu pai, e as outras 'memórias' que tenho dele são contos de mãe.
Apesar de hoje me encontrar a 7487 km da origem destas memórias, carrego comigo um álbum de fotografias que me permitem recordar de todas estas memórias de infância.
Rômulo Silva, 12ºA

Fernando Pessoa e eu -"o que fui [...) o que só hoje sei que fui" - 5

Quando era mais nova, tinha muito o hábito de perder lápis e canetas na escola, pelo que a minha mãe me punha de castigo pelos dias que correspondessem aos lápis que tinha perdido. Proibia-me de ver televisão e de brincar com as minhas irmãs, mas eu tinha outra forma de me divertir: os livros. Este método resultou até a minha mãe se aperceber, e me proibir, também, de ler enquanto estava de castigo.
Os livros têm sido sempre um refúgio para mim - agora são livros policiais e se ficção científica; na infância, eram livros de contos de fadas (literalmente).


Era uma coleção de mais de 150 livros sobre duas meninas, a Cristina e a Raquel, que ajudavam fadas a cumprirem as suas missões - nunca cheguei a completar a coleção inteira. Porém, mesmo com os relativamente poucos 30 livros que consegui ter, fazia o que chamava "Concurso de Beleza": naquelas noites em que me era difícil adormecer (foram demasiadas), pegava nos meus livros, num papel e numa caneta e estabelecia parâmetros que as fadas tinham de cumprir para poderem ganhar o concurso. Passava horas nisto, e embora tenha feito este concurso imensas vezes, ganhava sempre a mesma fada.
                                                                                                                     Filipa Tavares, n°9, 12°A

Fernando Pessoa - "O que fui [...] o que só hoje sei que fui" - 3

A infância é uma época da qual me lembro com muito carinho, por todos os aspetos nos quais a memória não me falha. A simplicidade das brincadeiras, a alegria de quem não reconhece o perigo, a ignorante felicidade, a inocência irresponsável e no rosto um sorriso despreocupado. Durante esse período da vida tudo era feliz, toda a família emanava uma aura alegre e tão cheia de vida, guardo tudo isso com saudade, saudade do que já não volta. Agora, descobri que muitas vezes essa felicidade não era genuína, existiam sempre aspetos que manchavam de preocupação e tristeza a sua pureza, e que essa máscara serviu para nos proteger, a nós rebentos, do mundo cá fora.

Hoje olho para trás e vejo que é verdade que só damos valor às pessoas quando as perdemos, que quando as queremos valorizar, já é tarde, a vida ensinou-me isso cedo, na altura ideal acredito; no entanto, isso não anula a dor e o sofrimento que senti, e que vi ser sentido, um dos momentos mais marcantes desses dias foi ver o meu pai a chorar, pela primeira vez, aos seis anos de idade; lembro-me de estar em casa, sozinho, deitado na cama, à espera, preparando-me para o inevitável. Eu sabia o que se estava a passar, foi tudo tão claro, assim que ouvi o carro a chegar, levanto-me, eu e a minha esperança de que tudo estivesse bem; assim que a porta se abre, esperança era a última emoção que me apareceria no pensamento, lembro-me das exatas palavras que abandonaram a boca da minha mãe, de voz destroçada, porque o meu pai não tinha forças para falar: "Diogo, o avô já não está mais connosco", e foi naquela idade, neste dia, neste instante, que eu aprendi que não era tudo alegrias. 

Apesar de ao virar de cada esquina se esconder uma desgraça, a infância é isso mesmo, aprender a superar a dor com os meios que temos. E no final do dia, posso olhar novamente para trás e dizer que fui feliz, e sou feliz ao relembrar-me destes obstáculos que ultrapassei no meu percurso, que me tornam no que sou hoje e no "que só/ hoje sei que fui" 
Diogo Fernandes, 12º A

Fernando Pessoa - "O que fui [...] o que só hoje sei que fui"- 3

NASCER DUAS VEZES
Não sei o que sou hoje, o que serei amanhã, apenas tenho uma vaga ideia do que fui. Irmão mais novo de três existentes, cresci sem grandes preocupações, sempre aparado pelos meus. Sentir-me bem, seguro e talvez, encorajado para ir à luta por um futuro risonho.
      Até ao dia 23 de agosto de 2007. Neste dia, tinha eu 7 anos, não poderia dizer que já sabia o que era a vida, propriamente, mas sempre tive a noção de como os valores me foram dados e os que foram dados.
     A partir deste dia, tive de ser capaz de passar - da forma que me transmitiram - o carinho e o afeto.

    Sempre o tratei como o irmão mais novo, um irmão que nunca tive... Ai! Que alegria me vem à memória daqueles tempos, entrei no hospital e deparei-me com a maior alegria que poderia sentir. Apesar de ser meu sobrinho, sempre me perguntou o porquê de não poder ser seu "mano". 
    Sem a pequeníssima ideia do que é crescer sem mãe, sempre procurei estar presente na vida dele. Dá-me orgulho saber que é das poucas pessoas que me compreende, e eu a ele.
       É completamente inexplicável o sentimento que sinto por ele. Ele vê-me como uma referência, tanto a nível familiar, como a nível de pessoa em si.

       Acho que apesar dos pequenos sete anos entre nós , ele tem a capacidade de perceber a maneira como o trato, o sinto, o amo e o defendo. Enche-me a alma cada aperto forte que ele me dá cada vez que nos vemos, como se do último se tratasse.

       Poderei dizer que nasci duas vezes? Talvez! Embora muito novo, senti que a minha alma se rejuvenesceu para apadrinhar O grande desafio que me fora dado.

        Sinto ao passar de cada dia, o respeito, a admiração, e a ambição, por aquele Homem em corpo pequeno, que tão cedo levantou a cabeça e, pouco a pouco, encara a vida! 


                             Pedro Teixeira n°23

Fernando Pessoa - "O que fui [...] o que só hoje sei que fui" - 2

Depois de um acampamento de escuteiros em grande, aliás, como são todos, a minha mãe foi buscar-me ao ponto de encontro dos pais e fui para junto dela; levava comigo um coelhinho de peluche, pouco maior que a minha mão.
Estava no raid e havia vários coelhos de peluche espalhados pelo caminho, com pistas que nos levariam ao nosso destino. Lembro-me de achar muita piada àqueles coelhinhos...
No final da atividade, a minha chefe veio ter comigo e deu-me um desses coelhos, fiquei tão feliz... mas ao entregar-mo disse-me algo de que já não recordo vivamente.
Quando vi a minha mãe, mostrei-lhe o brinquedo e também ela lhe achou muita piada. Então, entrámos no carro...No caminho para casa tive um monólogo de tantas novidades que tinha para contar (...) e eis que, já perto de casa, a minha mãe: " Filha, a Cookie morreu..."- disse com os olhos cheios.
A Cookie era a minha última Basset Hound de quatro que tivera e que me acompanharam desde que nascera. Relaciono hoje o coelhinho que a minha chefe me deu e a conversa que teve comigo, com a partida da minha cadelinha; suponho que as palavras que me dirigiu naquele dia tenham sido de alento e de algum modo a mostrar-me que devemos guardar os momentos felizes que tivemos.
Devemos relembrar que a infância não é apenas alegrias e brincadeiras mas também existe uma parte de realidade e dor, como em todas as vidas reais.
Ainda hoje tenho o coelho e, cada vez que olho para ele, não me lembro de outra coisa senão dos momentos felizes que partilhei com os meus melhores amigos.
                                                                                           
                                                                                                 Maria Nazaré, nº17, 12ºA
 (Desculpem, mas o Nemo ganhou estatuto e não se deixou destronar!)

Fernando Pessoa e eu - "O que fui [...] o que só hoje sei que fui" - 1

Julgavam que o 12ºB ficava sem resposta? Nem pensar...Vamos começar a publicação dos textos do 12º A de memória e reflexão sobre a infância. Para breve, a reportagem fotográfica (de arrasar!).

A minha paixão pelo futebol não é recente, vem de quando tinha apenas 5 anos.
Lembro-me de ir com o meu pai ao café ver os jogos, e apesar de não perceber o jogo ou as suas regras na altura percebia a vibração que era transmitida aos adeptos, a felicidade quando havia golo, a euforia de uma vitória, a tristeza de uma derrota, os palavrões que saíam depois de um erro do árbitro, a festa de celebração de um título, tudo isso era mágico. 
Apesar de não ter jeito na época, e ainda hoje, ia todos os dias jogar à bola com duas pessoas, que hoje considero os meus melhores amigos, e tê-los conhecido pode não ter sido só pelo futebol, porque hoje não me consigo lembrar de como nos conhecemos, simplesmente tenho a sensação de que eles estão aqui desde sempre, mas sem dúvida que o futebol foi fundamental para nos unirmos.
Para a maioria das pessoas o futebol trata-se apenas de 22 jogadores a correr atrás de uma bola, mas eu desde pequeno que vi mais além, na época não percebi, mas hoje vejo que foi dali que surgiu o bichinho.
Apesar de nunca ter tido jeito para o desporto sempre o amei, da mesma maneira que amo o meu clube o Sporting C.P. que desde pequeno me inspirou paixão; e foi o futebol que me ajudou a passar por momentos menos bons, mas isso fica para outra história.
Gonçalo Lucas n°11 12°A

16 novembro 2017

Álvaro de Campos - modernismo/ futurismo



Álvaro de Campos é  engenheiro naval e viajante, criado por F. Pessoa como «vanguardista e cosmopolita»,  particularmente nos poemas em que - à maneira futurista (embora com intrusão de outros elementos distantes do futurismo) - exalta a civilização moderna 

Enquanto cantor do mundo moderno, o poeta procura “sentir tudo de todas as maneiras”: a força explosiva dos mecanismos, a velocidade, a vertigem.

“Poeta da modernidade”, dum mundo belo e desamparado, Álvaro de Campos tanto celebra a civilização industrial e mecânica, chamando a atenção para «a beleza disto» como expressa o desencanto, o tédio, o «spleen» do quotidiano urbano-industrial.

A linguagem e estilo poético
No caso de Fernando Pessoa/Álvaro de Campos, encontramos as marcas seguintes:


Formas poéticas e mancha gráfica 

Ø Formas livres ou adoção livre de formas clássicas, como a Ode

Métrica: Verso longo, por vezes de várias linhas, o que imprime um ritmo e cadência frenético, excessivo

Rima: Verso branco ou solto
 Versos inteiros de onomatopeias, interjeições ou caracteres tipográficos diversos, em jogo gráfico... “EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH

Linguagem


Ø Vocabulário prosaico, ligado aos o quotidiano industrial, urbano, da civilização moderna: lâmpadas elétricas, êmbolos, correias de transmissão, guindastes, carvão; ranger, girar, ferrear  

Ø Versos inteiros constituídos por enumerações de objetos: “Galdropes, escotilhas, caldeiras, coletores, válvulas

Ø Recursos expressivos fundamentais para traduzir as imagens, os ruídos, o movimento, o “excesso de sensações” da vida contemporânea:
Ø Descrições ligadas aos sentidos/às sensações (SENSACIONISMO) - Visão, Audição, Gosto, Olfato, Tato

Ø Reiterações e Anáforas – para expressar a mecanização, a repetição; para acentuar uma cadência/ritmo mecânico

Ø Onomatopeias e Aliterações – sobretudo para traduzir os ruídos, as dinâmicas da maquinaria – “Z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z!”; “...trópicos humanos de ferro e fogo e força”

Ø Interjeições – “Eh-lá-hô”, “Ah”, “Hup lá” – associadas à ideia do canto/da ode, da exaltação deste novo mundo


imagem do filme Metropolis (1912)


Ø Imagens/metáforas/comparações arrojadas – associadas ao envolvimento do sujeito na voragem do mundo moderno: “Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime”

Ø Enumerações, gradações e polissíndetos – associados ao excesso, à vertigem, à loucura, aos caos organizado da urbe moderna

Ø Enumerações – “Ó fazendas nas montras! (...) ó últimos figurinos!/ Ó artigos inúteis” 

Ø Gradações – “Eh, cimento armado, beton de cimento, novos processos”

Ø Polissíndetos - “Andam por estas correias de transmissão e por estes êmbolos e por estes volantes"