Total visualizações

07 março 2016

"Felizmente há Luar!": Gomes Freire e Humberto Delgado

Freire de Andrade, Gomes
n: 27 de Janeiro de 1757 em Viena (Áustria)
m: 18 de Outubro de 1817 na Torre de São Julião (Portugal)


 Filho de Ambrósio Freire de Andrade, embaixador de Portugal em Viena de 1752 a 1770, primo direito do primeiro e segundo condes de Bobadela, e de uma aristocrata alemã da Boémia-Morávia, Gomes Freire de Andrade, nascido em 27 de Janeiro de 1757, regressou a Portugal, pela mão do embaixador de Portugal em Viena, o conde de Oyenhausen e de sua mulher, D. Leonor de Almeida Portugal, a célebre poetisa, que ficará conhecida como marquesa de Alorna. Este regresso foi apoiado em Portugal pelo duque de Lafões, entretanto regressado a Portugal. (...)

 Em 1807, já tenente-general, durante a primeira invasão francesa, foi encarregue do comando da divisão que defendia a margem Sul do Tejo e Setúbal, contra um ataque britânico.(...)

 Parece ter tido a intenção de retomar a sua política de ataque ao comando estrangeiro do exército, agora dominado por oficiais britânicos. (...)
Acabou enforcado em frente da fortaleza de São Julião da Barra, em 18 de Outubro de 1817, após a descoberta de uma conspiração contra a regência, em que pontificava o seu primo Miguel Pereira Forjaz, a quem se tinha sempre oposto, do Rossilhão a 1808, e com quem tinha convivido desde os quartéis do regimento de Peniche. Durante a República o dia da sua morte foi feriado nacional.


O escritor português Raul Brandão escreveu Vida e Morte de Gomes Freire de Andrade, em que se baseia a sua biografia, disponível em http://www.arqnet.pt/exercito/freire.html





Humberto Delgado nasceu em 1906. Era por isso um jovem oficial quando se dá o golpe de estado de 28 de Maio de 1926, no qual participa. Torna-se logo a seguir um entusiástico apoiante do Estado Novo. (...) Era verdade que, por vezes, Salazar recebia dele cartas demasiado desabridas para aquilo que era normal nos seus colaboradores. Como esta, em 1946, quando ainda nem era general: “Ora eu sirvo incontestavelmente V. Exa. com respeito, alta admiração […] e até dedicação pessoal apesar da quase permanente frieza de V. Exa.; mas confesso que não sei servir com medo ou subserviência […].”(...)
  O General Delgado tinha regressado de Washington transformado, era um homem muito diferente daquele que Salazar conhecera e com quem tinha trabalhado.
A personalidade era a mesma, impetuoso, (...) mas agora o seu fascínio deslocara-se do salazarismo, que lhe parecia não conseguir vencer o atraso e se ter deixado dominar pela rotina (“Salazar está velho, está gasto, está fora de moda!, confidencia a Caetano).(...) Depois da permanência nos EUA desenvolveu um projeto: reformar os Estado Novo substituindo Salazar.

(...)  Era norma da oposição aproveitar os raros períodos eleitorais (no caso das eleições para a presidência da República apenas de sete em sete anos) para fazer campanha contra o regime, organizando comícios e distribuindo propaganda, com discursos relativamente formais dos candidatos e dentro das limitações que lhe eram impostas. Um pouco antes do dia das eleições os candidatos desistiam. (...)

Humberto Delgado surge como um fenómeno inesperado. Não só profere uma frase surpreendente, que iria ficar célebre, como garante que vai até ao fim, até ao dia das eleições. A frase célebre foi proferida a 10 de Maio de 1958, numa conferência de imprensa no café Chave d’Ouro. A uma pergunta do jornalista Lindorfe Pinto Basto, da agência France-Press“Sr. General, se for eleito Presidente da República, que fará do Sr. Presidente do Conselho?” – Humberto Delgado respondeu: “Obviamente demito-o! Tal afirmação, que será banal no discurso político atual, era impensável na época para a maioria dos portugueses. (...)

Delgado corre o país, atingindo recantos onde não era habitual ver-se um candidato a presidente mas onde a sua fama já tinha chegado, o que lhe garante sempre banhos de multidão, acompanhados de confrontos com a polícia. Frequentemente atravessa cidades, vilas e aldeias a pé, num inédito estilo de campanha inspirado no que tinha visto nos EUA.



(ver mais - da candidatura às eleições até ao assassinato (1965) e àquilo que se descobriu depois do 25 de abril)

Sem comentários: