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28 março 2016

Blimunda



(entrevistas a José Saramago)
Blimunda... porquê?
"Muitas vezes me perguntei: porquê este nome? Recordo-me de como o encontrei, percorrendo com um dedo minuncioso, linha a linha, as colunas de um vocabulário onomástico, à espera de um sinal de aceitação que haveria de começar na imagem decifrada pelos olhos para ir consumar-se, por ignoradas razões, numa parte adequadamente sensível do cérebro. Nunca, em toda a minha vida, nestes quantos milhares de dias e horas somados, me encontrara com o nome de Blimunda, nenhuma mulher em Portugal, que eu saiba, se chama assim.

(...) seria uma primeira razão a de ter procurado um nome estranho e raro para dá-lo a uma personagem que é, em si mesma, estranha e rara. De facto, essa mulher a quem chamei Blimunda, a par dos poderes mágicos que transporta consigo e que por si sós a separam do seu mundo, está constituída, enquanto pessoa configurada por uma personagem, de maneira tal que a tornaria inviável, não apenas no distante século XVIII em que a pus a viver, mas também no nosso próprio tempo. Ao ilogismo da personagem teria de corresponder, necessariamente, o próprio ilogismo do nome que lhe ia ser dado. Blimunda não tinha outro recurso que chamar-se Blimunda.
 
Ou talvez não seja apenas assim.
(...) Que outra condição, então, que razão profunda, porventura sem relação com o sentido inteligível das palavras, me terá levado a eleger esse nome entre tantos? Creio que sei a resposta, que ela me acaba de ser apontada por esse outro misterioso caminho que terá levado Azio Gorghi a denominar Blimunda uma ópera extraída de um romance que tem por título Memorial do Convento: essa resposta, essa razão, acaso a mais secreta de todas, chama-se Música. Terá sido, imagino, aquele som desgarrador de violoncelo que habita o nome de Blimunda, profundo e longo, como se na própria alma humana se produzisse e manifestasse, que me levou, sem nenhuma resistência, com a humildade de quem aceita um dom de que não se sente merecedor, a recolhê-lo num simples livro, à espera, sem o saber, de que a Música viesse recolher o que é sua exclusiva pertença: essa vibração última que está contida em todas as palavras e em algumas magnificamente."

SARAMAGO, José, in Jornal de Letras, Lisboa, 15 de Maio de 1990, pág. 29.



O amor de Saramago por Blimunda

"MJA - Hoje, passados que são já alguns anos sobre o momento e o ato da escrita, ainda a ama, como então, o escritor?

Pausa.
JS - Essa senhora fez-se a si própria. Nunca a projetei para ser assim ou assim... Foi no processo da escrita que a personagem se foi formando. E ela surge, surgiu-me, com uma força que a partir de certa altura me limitei a... acompanhar. Aquele sentimento pleno da personagem que se faz a si mesma é a Blimunda. Mas, é curioso, só no fim me apercebi de que tinha escrito uma história de amor sem palavras de amor... Eles, o Baltasar e a Blimunda, não precisaram afinal de as dizer... E no entanto, o leitor percebe que aquele é um amor de entranhas... Julgo que isso resulta da personagem feminina. É ela que impõe as regras do jogo... Porquê? (sorriso) Porque é assim na vida... A mulher é o motor do homem. (Pausa) Se você vir, os meus personagens masculinos são mais débeis, são homens que têm duvidas, são personagens masculinos com complexos... As mulheres, não."

Antevisão de "Blimunda", Entrevista de Maria João Avillez, In PÚBLICO de 9 de Maio de 1991. Disponível em http://static.publico.pt/docs/cmf/autores/joseSaramago/antevisaoBlimunda.ht

 
O som e o sentido das palavras
 Mundo (latim mundus, -i, conjunto dos corpos celestes, firmamento, universo)

substantivo masculino
1. O espaço com todos os seus corpos e seres.
2. Universo.
3. Conjunto dos astros a que o Sol serve de centro.
4. Globo terrestre.
5. Esfera armilar.
6. Astro; planeta.
7. Cada um dos dois grandes continentes terrestres, particularmente a América, quando chamada Novo Mundo.
8. [Por extensão]  A gente; a humanidade.
9. A vida terrestre.
10. Classe, categoria social.
11. Sociedade.
12. Tudo o que é grande.
13. Prazeres materiais.

adjetivo
14. limpo, puro.

"mundo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/mundo [consultado em 28-03-2016].


Imundo (latim immundus, -a, -um)
adjetivo
1. Porco, sujo.
2. Falto de limpeza.
3. Asqueroso.
4. Obsceno.
5. Impuro.

"imundo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/imundo [consultado em 28-03-2016].



(latim mundus, -i, conjunto dos corpos celestes, firmamento, universo)

substantivo masculino

1. O espaço com todos os seus corpos e seres.

2. Universo.

3. Conjunto dos astros a que o Sol serve de centro.

4. Globo terrestre.

5. Esfera armilar.

6. Astro; planeta.

7. Cada um dos dois grandes continentes terrestres, particularmente a América, quando chamada Novo Mundo.

8. [Por extensão]  A gente; a humanidade.

9. A vida terrestre.

10. Classe, categoria social.

11. Sociedade.

12. Tudo o que é grande.

13. Prazeres materiais.

adjectivo

14. Mundificação, limpo; puros.

"mundo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/mundo [consultado em 28-03-2016].
(latim mundus, -i, conjunto dos corpos celestes, firmamento, universo)

substantivo masculino

1. O espaço com todos os seus corpos e seres.

2. Universo.

3. Conjunto dos astros a que o Sol serve de centro.

4. Globo terrestre.

5. Esfera armilar.

6. Astro; planeta.

7. Cada um dos dois grandes continentes terrestres, particularmente a América, quando chamada Novo Mundo.

8. [Por extensão]  A gente; a humanidade.

9. A vida terrestre.

10. Classe, categoria social.

11. Sociedade.

12. Tudo o que é grande.

13. Prazeres materiais.

adjectivo

14. Mundificação, limpo; puros.

"mundo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/mundo [consultado em 28-03-2016].

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