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04 março 2015

Lisboa:passado e presente



 Exposição De Matrix a Bela Adormecida|Museu do Design e da Moda

O presente relatório insere-se na visita de estudo “ Lisboa de Eça a Pessoa”, realizada no dia 29 de janeiro, no âmbito da disciplina de português, orientada pela professora Noémia Santos. Esta tinha como propósito relacionar o passado com o presente através do património histórico, literário e científico; e interagir de forma crítica, interdisciplinar e criativa com o mundo atual. Apresentaremos de forma sintética os locais visitados: Teatro Nacional S. Carlos, Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Museu da Farmácia, MUDE, concluindo com a peça “Cyrano De Bergerac”, no teatro D. Maria II. Daremos particular destaque ao Museu da Farmácia, por se relacionar com a nossa área de estudo. No final, será incluída uma apreciação crítica. 
De início, e de forma a ajudar a leitura, apresentaremos em primeiro lugar, de forma resumida, os locais visitados e, posteriormente, de forma mais pormenorizada, o Museu da Farmácia.

A visita de estudo teve início no Teatro Nacional S. Carlos pelas 10 horas com visita guiada. Com o início da construção em 8 de dezembro de 1792 e inaugurado a 30 de junho do ano seguinte, apresenta uma construção pombalina, com uma fachada de estilo neoclássico, e arquitetura inspirada nos teatros italianos. Começámos por visitar a sala principal (Cf. Anexo 1), de seguida os camarotes, incluindo o camarote presidencial, a parte de trás do palco e o fosso (onde a orquestra toca durante uma ópera). É de notar que no Largo de S. Carlos é observável o sino que Fernando Pessoa refere no poema “Ó sino da minha aldeia”.
Por volta das 12 horas iniciámos a visita ao Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, com visita guiada. Localizado num antigo convento Franciscano que foi posteriormente uma fábrica de bolachas é, em 1911, fundado o museu de arte contemporânea, sofre uma restruturação em 1988 (como consequência do incêndio do Chiado) por um arquiteto francês. A sua coleção estende-se desde a segunda metade do seculo XIX até à atualidade, atravessando o Romantismo, o Naturalismo e o Modernismo. No Naturalismo, a pintura pode ser comparada à poesia de Cesário Verde, uma vez que ambas captam o momento.
Às 15 horas e 30 minutos começa a visita ao Museu da Farmácia, que iremos aprofundar mais à frente.
          Perto das 18 horas, visitámos a exposição temporária “De Matrix a Bela Adormecida” (Cf. Anexo 6), no Museu do Design e da Moda, onde estavam expostos o vestuário e adereços de várias produções nacionais e internacionais.
          Às 19 horas realizou-se o jantar no café/restaurante Martinho da Arcada (Cf. Anexo 7), que era frequentado por Fernando Pessoa (Cf. Anexo 8) e outros artistas da época, como Amadeu de Sousa Cardoso, Bocage, Cesário Verde e Almada Negreiros. É o mais antigo café de Lisboa, tendo sido inaugurado em 1782, situa-se em pleno Terreiro do Paço, uma das zonas mais turísticas e mais procurada da cidade.
          A peça “Cyrano De Bergerac”, no Teatro D. Maria II, que teve início às 21 horas, é uma comédia e tem como temas principais a importância da aparência e o amor. Escrita por Edmond Rostand, encenada por João Mota e protagonizada por Diogo Infante, revelou-se uma grande peça, que, mesmo sendo cómica, consegue ter um desfecho trágico.

          Com a síntese dos locais visitados apresentada, descreveremos agora, como anteriormente referido, a visita ao Museu da Farmácia (Cf. Anexo 2). Abriu ao público em junho de 1996, a partir da coleção particular do Dr. Salgueiro Basso, doada em 1981. Disposta em função das diferentes civilizações, esta exposição tenta, de forma cronológica, demonstrar a evolução da farmácia. O primeiro expositor refere-se aos primórdios da humanidade e da farmácia, em que, por tentativa e erro, descobriram as primeiras substâncias medicinais, de origem animal, vegetal e mineral. Estes conhecimentos eram passados de geração em geração pelos curandeiros. A zona seguinte é alusiva ao Antigo Egito, onde as doenças eram associadas a maldições. Estavam expostos diversos talismãs, que os egípcios acreditavam afastar estas maldições; para além dos diversos utensílios associados à cosmética, que era relativamente avançada. É também de notar a exposição de um sarcófago que pertencia a uma jovem de classe alta, sendo um dos mais antigos no nosso país. De seguida, foram referidas as civilizações da Babilónia e Mesopotâmia, que adotaram uma das formas de escrita mais antiga: a escrita cuneiforme. As suas crenças sobre as doenças eram idênticas às egípcias. O expositor seguinte é dedicado à civilização da Grécia Antiga. Entre várias teorias foi destacada a teoria de Hipócrates, que consistia em atribuir à doença um desequilíbrio dos humores: o sangue, a bílis amarela, a bílis negra e a fleuma. Associada a esta, a civilização Romana tinha costumes idênticos; de notar é a utilização de frascos de vidro para o armazenamento de medicamentos e venenos e a dosagem destes. Exemplo de um medicamento era a mistura de suor de atleta com azeite para dar força (o suor de atleta é rico em testosterona, que poderá ter esse efeito). Ambas as civilizações tinham cuidados com a higiene, como o ato de tomar banho e o uso de esgotos, para além de um estilo de vida saudável, com prática desportiva; todos estes fatores tinham uma grande influência positiva na saúde da população. O expositor seguinte referia-se aos povos Sul-americanos (Maias e Aztecas), que embora tivessem grande conhecimento noutras áreas, como a astronomia, eram relativamente atrasados quanto à medicina. Seguidamente foi apresentada a medicina islâmica. Baseada na teoria humoral (anteriormente referida), o seu nível científico no campo da farmácia e da medicina foi muito elevado. O seu conhecimento nestas áreas era vasto, tendo contribuído para o desenvolvimento das técnicas e operações químicas como a destilação, filtração, sublimação e cristalização. Foram dos primeiros povos a registar o seu conhecimento por escrito em papel, tendo sido assim divulgado pelo Ocidente através das escolas de Toledo e Salerno. O seguinte expositor era referente à arte tibetana de cura; esta envolvia cerca de 1600 plantas medicinais novas, bem como a técnica da acupuntura. A partir deste ponto, toda a exposição é alusiva à Europa. 
Esta parte da exposição é iniciada por um modelo de uma boticária medieval, onde se produziam medicamentos à base de ervas e outros ingredientes extraordinários: corno de unicórnio (que eram, na verdade, dentes de narval), pó de múmia, patas de caranguejo, rãs, pedra de meteorito, entre outros. No expositor seguinte encontrava-se uma mala com alguns destes ingredientes. Nos expositores seguintes é exposto um resumo dos desenvolvimentos feitos no seculo XVII, como a invenção do microscópio, que permitiu a descoberta da célula, e introdução dos medicamentos químicos, passando assim a produção dos medicamentos a ser da responsabilidade de químicos em vez de boticários. Nesta sala encontrava-se também um exemplar de dente de narval. De seguida estavam expostas as descobertas do seculo XIX, que representam uma revolução a nível da farmácia; é pela primeira vez conseguido isolar os princípios ativos das plantas, permitindo a sua síntese; são de notar: a narcotina, a morfina, a cinchonina, a veratrina, a cafeina, a estricnina, a brucina, a colquicina, a quinina, entre outras. São também introduzidas as vacinas e é desenvolvido o método da pasteurização. 

De seguida estão expostos os desenvolvimentos do século XX: a insulina, a penicilina, a cortisona, as transfusões de sangue, a descoberta das hormonas e vitaminas, a criação da pilula, o desenvolvimento da eletroterapia e da lobotomia. De grande destaque é a cultura de penicilina assinada por Fleming. Numa outra sala são replicadas farmácias portuguesas de diferentes épocas (Cf. Anexo 5), dos finais do seculo XVIII até ao seculo XX. É também exposto uma reprodução de dois laboratórios, uma farmácia chinesa e também uma mala de medicamentos, alimentos e outros utensílios utilizados em missões espaciais russas (Cf. Anexo 3) e americanas (Cf. Anexo 4). Terminou assim a visita ao Museu da Farmácia, com os desenvolvimentos do seculo XX.

          Terminada a síntese da visita de estudo passaremos à apresentação da nossa apreciação crítica. A visita de estudo permitiu alargar os nossos horizontes, tanto na nossa área de estudo como noutros campos de conhecimento (a arte), contribuindo para o aumento da nossa cultura pessoal, revelando-se uma visita com grande interesse e importância. Constatámos que a cidade de Lisboa, com os seus cafés e teatros, foi o centro do desenvolvimento artístico em Portugal nos séculos XIX e XX; e, com os seus museus, dá a conhecer o que se fez no passado e o que se faz no presente. Expandiu o nosso conhecimento em relação à história da ciência, dando-nos uma visão cultural e histórica da ciência. A gestão do tempo foi bem conseguida, e os espaços visitados foram relevantes; em relação ao Museu da Farmácia, consideramos que os temas que nos suscitaram mais interesse foram secundarizados por outros que não achámos tão relevantes. Em geral, a nossa visão sobre a visita de estudo é muito positiva, e superou as nossas expetativas.

 Anexos





Catarina Francisco, nº8
Eduardo Sousa, nº10
            Rafael Santos, nº25
            Sara Gomes, nº29
Docente Noémia Santos
Disciplina: Português 

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