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02 fevereiro 2015

Viagens

Deixo mais dois contributos dos colegas, a que vale a pena dar destaque.

Poema| “Contemplo o que não vejo"

Neste poema é descrita a separação da realidade do sujeito poético da sua imaginação e sonhos, separação esta representada pelo muro. O sujeito poético encontra-se separado dos seus desejos, que estão do outro lado do muro - “Tudo é do outro lado//No que há e no que penso.
O início do poema é marcado por um paradoxo: “Contemplo o que não vejo”. O sujeito poético ao “imaginar” algo irreal “observa”, mas como é algo sonhado não o pode ver na realidade. O poema termina também com um aparente paradoxo que se baseia na diferença de significados do verbo ser e do verbo estar: o sujeito poético afirma não ser triste mas que está triste; a utilização do verbo ser aponta uma característica do sujeito, e sendo que o poeta nega essa característica, é possível concluir que para o sujeito a tristeza que experiência é momentânea, expressada pelo verbo estar (que neste caso representa apenas algo temporário). Esta tristeza não é, no entanto, sentida- “não sinto”, mas sim resultante do raciocínio, ideia presente em vários poemas de Fernando Pessoa ortónimo.
Apesar da existência do “muro”, a contemplação confunde o sujeito, fazendo-o duvidar o que é real (interior do muro) do que é sonhado (exterior do muro). O poema aborda, portanto, os temas da realidade, do sonho, da sua confusão e da supremacia do irreal, demonstrada por “Tudo é do outro lado”.

Eduardo Sousa


Análise do poema “Às vezes em sonho triste

No primeiro verso, “Às vezes em sonho triste”, o adjetivo “triste” carateriza o sujeito poético no momento do sonho, estamos perante uma hipálage.
O advérbio “Longinquamente” e o adjetivo “longínquo” são dois vocábulos da mesma família que acentuam o afastamento do mundo sonhado pelo sujeito poético face ao seu mundo real. Assim, contribuem para demarcar a realidade da ambiência feliz e positiva que envolve o sonho descrito pelo poeta.
Nos anseios do sujeito estamos perante uma ideia de felicidade que corresponde à ingenuidade e à inocência decorrentes da ausência da racionalização, tal como acontece no momento do nascimento dos seres humanos (“Vive-se como se nasce/Sem o querer nem saber” vv.6-7), a qual eliminaria todas as produções inteletuais, como a organização mental do tempo (O tempo morre e renasce/Sem que o sintamos correr” vv.9-10) ou a inteletualização das emoções (“O sentir e o desejar/São banidos dessa terra” vv.11-12). Ou seja, constituiria um retorno à infância.
O verso “É uma infância sem fim”, através da referência simbólica à infância, resume o ambiente de felicidade e de inocência que o sujeito poético compôs no seu sonho.

Relação “jardim” - “impossível”
Enquanto símbolo do paraíso, o jardim corresponde ao local idílico desejado pelo eu poético para recriar um tempo de infância. Contudo, dadas as suas caraterísticas o sujeito lírico reconhece que esse jardim é impossível de atingir no plano da realidade.

João Dias e Sara Gomes 12ºC

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