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25 fevereiro 2015

Cultura

"Nós também somos «feitos» pelos livros que nos marcaram, pelos filmes que vimos 
e pelas músicas de que gostamos." (Manuel Gusmão)

 Como prometido - e para ajudar à reflexão e à melhoria dos textos - deixo estes pensamentos, de vários autores. Procurem, leiam, comparem, questionem.

 João Fazenda (ilustração)

uma pessoa que pensa é uma pessoa que questiona, que exige, que resiste


«a palavra “cultura” vem de “cultivar” e que se refere inicialmente ao amanho da terra, então ela tem que ver com preparação, com cuidado, com aprimoramento de capacidades que estão latentes em todos e todas nós e que vão sendo desenvolvidas»
 Ana Luísa Amaral
 Poeta, professora universitária


Para mim, cultura é pensar. Pensar pela própria cabeça, sabendo o que outros, noutros tempos e noutros lugares, pensaram sobre um assunto. 

«É um saber digerido, assimilado, relacionado, apropriado, recriado. Cultura é a arma para combater o lugar-comum, a banalidade, o preconceito e a indiferença. Distingue-se de erudição pelas dimensões da criatividade e do fazer. (...) Exige leituras, convívio com obras de arte em vários suportes e com pessoas interessantes (...) identifico-a com o que é mais universal, mais intemporal, mais belo e mais humano.»

Maria Emília Brederode Santos
Pedagoga



O interesse pela arte e pela literatura transforma o meu trabalho como médica oncologista. 

«É uma disciplina exigente, tanto cientificamente como na relação diária com os doentes; estes encontram-se muitíssimo fragilizados por uma doença com uma conotação fortíssima, que os aproxima a cada dia da morte. Humanizar os actos, as consultas, através da beleza e da arte, da compreensão dos assuntos da alma, da condição humana, é muito importante. (...) »

«Se fosse ministrada lado a lado com a Matemática, a Biologia, o Português, uma disciplina 
de Cultura Geral e o contacto com os livros e obras de arte seriam encarados como um 
exercício natural.»
Teresa Guimarães
Médica oncologista


Textos completos disponíveis em Jornal Público 
 http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/o-que-e-cultura-geral-1681554


 a boa literatura é sempre - ainda que não proponha isso nem se dê conta disso - sediciosa, insubmissa, em revolta: um desafio ao que existe.

« Incivilizado, bárbaro, órfão de sensibilidade e pobre de palavra, ignorante e grave, alheio 
à paixão e ao erotismo, o mundo sem romances (...) teria como traço principal o conformismo, 
a submissão dos seres humanos ao estabelecido.»

  «Ler boa literatura é divertir-se, com certeza; mas também aprender, dessa maneira direta e intensa que é a da experiência vivida através das obras de ficção, o que somos e como somos na nossa integridade humana, com os nossos atos, os nossos sonhos e os nossos fantasmas, a sós e na urdidura das relações que nos ligam aos outros, na nossa presença pública e no segredo de nossa consciência»

 Mario Vargas Llosa
escritor, Prémio Nobel 2010




12 fevereiro 2015

Ó iphones, ó ipads, i-i-i-i-i-i-i eterno!


Ao som do Spotify
Tenho pressa e escrevo,
Escrevo abanando a perna, ânsia de conseguir traduzir a beleza disto
Totalmente desconhecida dos antigos

Ó iphones, ó ipads, i-i-i-i-i-i-i eterno!
Forte dor de cabeça dos fones que me esborracham as orelhas!
Em dor fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as noites que passei sem dormir
Tenho mil olheiras, ó redes sociais
De vos seguir demasiadamente perto,
E arde-me os olhos de vos querer com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó internet

Porque o presente é todo o passado e todo o futuro
E há Mark Zuckerberg e Bill Gates dentro da internet e dos gadgets

Ah, poder exprimir-me como me exprimo na internet
Ser completo como a minha página do facebook
Poder ir na vida triunfante como um vídeo viral.


Beatriz Marçal nº 5
Beatriz Massena nº 6
João Dias nº 14
Sara Gomes nº 29
12 fevereiro, 2015

Ao vibrante toque do telemóvel...


Ao vibrante toque do telemóvel às três da manhã
Tenho raiva e resmungo.
Resmungo, pegando no dito objeto, fera para o incómodo disto,
Para o incómodo disto, totalmente desconhecido dos antigos.

Ó mensagens, ó redes sociais, bip-bip-bip incessante!
Tenho os olhos encandeados, ó luz de alerta moderna,
De ter ver no escuro e tão perto,
E dói-me a cabeça por este sonho interrompido!

Olhando o ecrã brilhante como a um mundo novo,
Apercebo-me da inexistência das não mais necessárias teclas.
Escrevo, e escrevo o presente, o passado e o futuro.
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro
E há Newton e Hemingway dentro dos telemóveis e tablets
Só porque uma vez existiram Hemingway e Newton,
E pedaços de Alexander Bell do século dezanove,
Átomos que hão de ir ter febre para o cérebro de Jobs do século ciquenta.

Ah, poder exprimir-me todo com um só emoji!
Ser completo como um smartphone!
Poder ir na vida triunfante como o novo iPhone!




Ana Marta Martins
Diana Batalha
Teresa Viola
12ºC
09 fevereiro, 2015

Aos aventureiros cibernautas

Aos aventureiros cibernautas
Tenho orgulho e posto.
Posto furiosamente para não deixarem de aderir aos eventos.
Para que continuem fervorosamente a atualizar o feed.

Ó facebook, ó instagram, click, click, click eterno!
Fortes cãibras na mão de tanto teclar.
Em fúria fora e dentro de mim
Pelos poucos traços de rede que apanho,
Pelos muitos vizinho que dela usufruem.
Tenho as mãos frias, ó maldito vício.

Dos antigos encontros de fofocas para as horas infindáveis a skypar.
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro.
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro.
Ó bendito Mark Zukerberg e o dia em que tiveste esta brilhante ideia.
E ao Steve Jobs por todos os “I” que nos destes: Iphone, Ipod, Ipad, Itunes;
Ai de mim sem eles!

Ah, poder exprimir-me de todas estas maneiras alucinantes à distância de um click.
Ser social sem o ser na realidade!
Poder ir na vida triunfante como um portátil com wifi gratuito em todo o lado.
 


Carolina Batalha
Catarina Francisco
Margarida Morais
Rafael Santos
 

12ºAno
10 fevereiro, 2015


Nota: textos realizados em aula, como «pastiche» das primeiras estrofes da "Ode Triunfal"; princípio - o presente é todo o passado e todo o futuro.

03 fevereiro 2015

Lisboa - de Eça a Pessoa















Imagens relativas ao itinerário pessoano, Teatro Nacional de S. Carlos, Museu da Farmácia
Museu do Design, Martinho da Arcada e D. Maria II (N.S.)

RELATÓRIO

Ø A CAPA / O  CABEÇALHO (se o Relatório for relativamente pequeno, pode dispensar-se a capa e incluir estas informações no CABEÇALHO) :

o nome do relator; o destinatário; 
a natureza do relatório (exemplos: de visita de estudo; de aula(s); de leitura(s) ; de investigação; de trabalho de campo, etc.) ;  
o assunto (indicação concreta: visita onde?; aula(s) de quê?; leitura de quê?; que investigação? que trabalho de campo, etc.)

Ø O CORPO DO RELATÓRIO:
Ø    Apresentação introdutória em que se incluem as circunstâncias de realizaçãodata em que ocorreu ou período de tempo em que decorreu; responsável - entidade/pessoa que organiza/dirige a visita/o estudo/ a atividade(s) - ; pessoas envolvidas na vista/ estudo/atividade(s); finalidade(s) da visita/estudo/ atividade(s)

Ø   Desenvolvimento – inclui as informações centrais sobre o desenrolar do trabalho – o que se estudou, viu, aprendeu, etc.:
§   descrição dos vários momentos (da visita, do estudo, das atividades, etc.), ordenados cronologicamente
§   descrição/apresentação das informações mais relevantes, devidamente fundamentadas
§   referência aos processos de trabalho, se for caso disso (são relevantes, por ex, nos Relatórios de aulas, de investigação/pesquisa, de estágio de formação, etc.)

Ø  AS CONCLUSÕES :
Ø Avaliação pessoal sobre o interesse/a importância da visita/dos estudo/das aprendizagens feitas
Ø Questões e problemas suscitados – dúvidas; aspectos menos conseguidos; necessidades/dificuldades pessoais relativas ao assunto; críticas; sugestões.

NOTA: O RELATÓRIO pode incluir documentos (folhetos, mapas, fotografias, etc.) que serão apresentados no final, como anexos (numerados, para serem facilmente identificados, quando forem referidos no texto do Relatório; exemplo: Cf. anexo 2 ou seja, Confrontar com o anexo 2).

02 fevereiro 2015

Viagens

Deixo mais dois contributos dos colegas, a que vale a pena dar destaque.

Poema| “Contemplo o que não vejo"

Neste poema é descrita a separação da realidade do sujeito poético da sua imaginação e sonhos, separação esta representada pelo muro. O sujeito poético encontra-se separado dos seus desejos, que estão do outro lado do muro - “Tudo é do outro lado//No que há e no que penso.
O início do poema é marcado por um paradoxo: “Contemplo o que não vejo”. O sujeito poético ao “imaginar” algo irreal “observa”, mas como é algo sonhado não o pode ver na realidade. O poema termina também com um aparente paradoxo que se baseia na diferença de significados do verbo ser e do verbo estar: o sujeito poético afirma não ser triste mas que está triste; a utilização do verbo ser aponta uma característica do sujeito, e sendo que o poeta nega essa característica, é possível concluir que para o sujeito a tristeza que experiência é momentânea, expressada pelo verbo estar (que neste caso representa apenas algo temporário). Esta tristeza não é, no entanto, sentida- “não sinto”, mas sim resultante do raciocínio, ideia presente em vários poemas de Fernando Pessoa ortónimo.
Apesar da existência do “muro”, a contemplação confunde o sujeito, fazendo-o duvidar o que é real (interior do muro) do que é sonhado (exterior do muro). O poema aborda, portanto, os temas da realidade, do sonho, da sua confusão e da supremacia do irreal, demonstrada por “Tudo é do outro lado”.

Eduardo Sousa


Análise do poema “Às vezes em sonho triste

No primeiro verso, “Às vezes em sonho triste”, o adjetivo “triste” carateriza o sujeito poético no momento do sonho, estamos perante uma hipálage.
O advérbio “Longinquamente” e o adjetivo “longínquo” são dois vocábulos da mesma família que acentuam o afastamento do mundo sonhado pelo sujeito poético face ao seu mundo real. Assim, contribuem para demarcar a realidade da ambiência feliz e positiva que envolve o sonho descrito pelo poeta.
Nos anseios do sujeito estamos perante uma ideia de felicidade que corresponde à ingenuidade e à inocência decorrentes da ausência da racionalização, tal como acontece no momento do nascimento dos seres humanos (“Vive-se como se nasce/Sem o querer nem saber” vv.6-7), a qual eliminaria todas as produções inteletuais, como a organização mental do tempo (O tempo morre e renasce/Sem que o sintamos correr” vv.9-10) ou a inteletualização das emoções (“O sentir e o desejar/São banidos dessa terra” vv.11-12). Ou seja, constituiria um retorno à infância.
O verso “É uma infância sem fim”, através da referência simbólica à infância, resume o ambiente de felicidade e de inocência que o sujeito poético compôs no seu sonho.

Relação “jardim” - “impossível”
Enquanto símbolo do paraíso, o jardim corresponde ao local idílico desejado pelo eu poético para recriar um tempo de infância. Contudo, dadas as suas caraterísticas o sujeito lírico reconhece que esse jardim é impossível de atingir no plano da realidade.

João Dias e Sara Gomes 12ºC

Revolta dos chapéus de chuva...

 
Hong Kong, 1 de fevereiro 2015, jovens voltam a manifestar-se pela democracia


A pedido de várias famílias... fica um exemplo de plano e texto do Grupo III, retirado da editora ASA.

Proposta de correção da prova 639 – 1ª fase de 2013

GRUPO III



PLANIFICAÇÃO

INTRODUÇÃO – apresentação da tese

A juventude, a geração da mudança


1.° argumento

O inconformismo, o sonho, o gosto pela aventura do conhecimento
Exemplo(s) de empreendedores:
André Raposo, jovem investigador
Mark Zuckerberg, criador do Facebook

2.° argumento
o espírito cívico, o altruísmo

Exemplo(s)
ações de solidariedade (campanhas de solidariedade; alfabetização em África)

CONCLUSÃO
Retoma e reforço da tese (introdução):
o papel importante dos jovens na transformação da sociedade.

TEXTUALIZAÇÃO

Atualmente, a juventude é considerada a geração da mudança, devido ao seu espírito aventureiro e empreendedor, o que vem, de certo modo, contrariar uma mentalidade retrógrada, típica das gerações mais antigas, que viam a transformação social nas mãos dos mais velhos, fruto da sua experiência de vida.

Por um lado, podemos considerar o inconformismo e a capacidade de sonhar características muito presentes nos mais novos. Com efeito, pelo mundo fora, e em concreto em Portugal, vemos crescer um grupo de jovens investigadores que se lançam à aventura da descoberta, tanto na ciência como na tecnologia. A título exemplificativo, cita‐se um investigador nacional, André Raposo, estudante na Universidade da Califórnia, que descobriu proteínas determinantes no tratamento da SIDA, contribuindo, assim, para diminuir a taxa de mortalidade. Já na área tecnológica, veja‐se o fenómeno do “facebook”, rede social criada pelo também jovem

Mark Zuckerberg, tornando o mundo cada vez mais próximo.

Por outro lado, e agora numa vertente mais social, salienta‐se o espírito cívico, a sensibilidade, o altruísmo e a resiliência que fazem das novas gerações seres solidários, conscientes da necessidade de partilha e entreajuda para a construção de um mundo melhor. São estes jovens que se lançam, de forma voluntária e sem contrapartidas financeiras, em ações de solidariedade, apoiando os mais necessitados em prol de um mundo mais justo e equilibrado. Felizmente, no seio de muitas famílias e, até, em alguns estabelecimentos de ensino, já se fomenta este espírito, dinamizando‐se, por exemplo, ações de alfabetização de jovens e adultos em África.

Em suma, pelo exposto podemos concluir que, de facto, os jovens assumem um papel muito importante na transformação da sociedade, pois, imbuídos de um espírito inovador, certamente desenvolvido por uma educação para a cidadania, acalentam sonhos capazes de mudar o mundo. Assim, resta só criar‐lhes oportunidades para os concretizarem.

Créditos do texto

Caminhada

Análise do poema “A criança que fui chora na estrada”

O tema do poema baseia-se na infância, a nostalgia do bem perdido que provoca angústia existencial no poeta. Nos versos 1 e 2 existe uma oposição temporal entre o pretérito perfeito e o presente: “A criança que fui (…)”/”(…)quando vim ser quem sou”. Nestes versos entende-se que a infância ainda não desapareceu por completo, apenas está submersa na pessoa que é agora, à espera de ser recuperada.
Nos versos 3 e 4 o poeta sente-se descontente por não ser mais do que é, deseja regressar ao tempo em que  foi feliz e voltar a ser criança que não pensa, só sente (tempo de inconsciência).
Na segunda quadra está presente uma interrogação retórica: “ Ah, como hei de encontrá-lo?” que reforça a ideia da vontade de encontrar a infância perdida, mas a resposta é dada logo a seguir, não é possível encontrá-la pois falhou o regresso. Está ainda presente um pleonasmo: ”errou a vinda=regressão errada” que reforça a ideia frustrada de voltar à infância perdida através da repetição do mesmo significado com diferentes significantes. Nesta quadra o poeta refere que se sente perdido, não sabe de onde veio nem onde está; está estagnado, já só existe dúvida, não podendo assim progredir nem sentir.
Nas duas últimas estrofes o poeta expressa o seu quer: caso seja possível, relembrar o que esqueceu, observando o passado, sem sair do presente. Assim verá ao longe quem foi, podendo encontrar na sua imagem presente uma parte da imagem do passado, onde poderá perceber quem é agora e reencontrar-se. Nestas estrofes existe uma metáfora - “longe” - que significa as memórias e as recordações e ainda uma repetição - ”pelo menos” - que intensifica a ideia de um mínimo que foi estabelecido como objetivo.
No poema, o sujeito poético sente que deixou de ser criança para se tornar adulto, e agora quer regressar ao passado para ir buscar a criança que abandonou, mas tal não é possível, pois ninguém o consegue fazer. Ao longo de todo o poema existe uma oposição temporal, sendo como um jogo/ uma interligação entre o pretérito perfeito, o presente e o futuro aproximando estes tempos, intensificando mais a ideia da indefiniçãoquanto ao tempo.

Catarina Francisco e Rafael Santos 12ºC