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17 novembro 2014

"A bela adormecida "

Panorâmica do local onde a File caiu
 
"A sonda File conseguiu enviar ao final da noite de sexta-feira todos os dados científicos que recolheu no núcleo de um cometa, seguindo as instruções dos cientistas. O grande receio era de que não tivesse energia suficiente para fazer o trabalho científico solicitado e, depois, para enviar os dados recolhidos para a sonda Roseta, em órbita do cometa. Mas, após vários percalços e falhas, as coisas acabaram por correr bem na primeira aterragem alguma vez realizada num cometa.
 
Uma das coisas que a File conseguiu fazer foi perfurar o solo do cometa e analisar essas amostras. Ao fim de quase 57 horas sentada no núcleo de um cometa, onde chegou a 12 de Novembro, a File conseguiu concluir grande parte da sua principal missão científica. “Foi um enorme sucesso, toda a equipa está maravilhada”, declarou Stephan Ulamec, o responsável pela equipa da File, citado num comunicado da Agência Espacial Europeia (ESA).
A partir de agora, a sonda entrou num longo e profundo sono, depois de ter gasto toda a energia que tinha nas tarefas científicas e enviado essa preciosa informação.
(...)
Como os painéis da File recebem agora muito pouca energia solar, os cientistas da ESA consideram muito pouco provável que se consiga estabelecer algum contacto com ela nos próximos tempos. No entanto, também conseguiram enviar instruções para que a sonda se levantasse um pouco do solo (cerca de quatro centímetros) e rodasse cerca de 35º, numa tentativa de a pôr a receber mais luz solar.
Essa operação já não teve efeitos para agora, por isso a File é neste momento uma bela adormecida a descansar no colo de um cometa, a 510 milhões de quilómetros da Terra, entre Júpiter e Marte, e que se está a aproximar do Sol e de nós. Mas à medida que o cometa se aproxima do Sol, atingindo a distância mínima a 13 de Agosto de 2015, talvez a manobra de rotação da sonda dê frutos e os seus painéis solares consigam então receber um pouco mais de luz. E ela volte a acordar."
 
In Público multimedia

E agora - e sempre - a voz dos poetas, neste caso a de um físico-poeta:

Máquina do Tempo

O Universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.
Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,
esta fresta de nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo.


António Gedeão

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