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24 janeiro 2013

Poesia do Cancioneiro - "Suavemente grande avança"


Para perceberem que não podem estar sempre à espera do mesmo tipo de texto e de relações evidentes com os poemas já estudados, aqui fica um texto um pouco diferente.

Como sabem, nos exames, procura-se, em geral, poemas menos conhecidos para que os alunos mostrem a sua capacidade de leitura/análise.



FICHA FORMATIVA 2 

Grupo I

Leia, atentamente, o texto a seguir transcrito.


Suavemente grande avança
Cheia de sol a onda do mar;
Pausadamente se balança,
E desce como a descansar.

Tão lenta e longa que parece
De uma criança de Titã
O glauco1 seio que adormece,
Arfando à brisa da manhã.

Parece ser um ente apenas
Este correr da onda do mar,
Como uma cobra que em serenas
Dobras se alongue a colear.

Unido e vasto e interminável
No são sossego azul do sol,
Arfa com um mover -se estável
O oceano ébrio de arrebol. 2

E a minha sensação é nula,
Quer de prazer, quer de pesar...
Ébria3 de alheia a mim ondula
Na onda lúcida do mar.

                      Fernando Pessoa, Cancioneiro

_
1 Glauco – verde-mar; 2 arrebol – luz do amanhecer; 3 Ébria – embriagada


Responda, de forma completa e contextualizada, às questões abaixo apresentadas.

1. Descreva as impressões causadas pelo movimento do mar.

2. Justifique a constituição do título, servindo-se de elementos textuais.

3. Caracterize o estado de espírito do sujeito poético.

4. Faça o levantamento de três recursos estilísticos e comente a sua expressividade.




Créditos: “Português, 12º Ano”, em http://port12ano.blogspot.pt/2012, consultado em 22.1.2013

Fernando Pessoa - Revisões/treino


FICHA FORMATIVA 1 

Grupo I


Leia, atentamente, o texto a seguir transcrito.

A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.

Ah, como hei de encontrá-lo ? Quem errou
A vinda tem a regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.

Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,

Na ausência, ao menos saberei de mim,
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim.

Fernando Pessoa, Poesia II (Europa-América)


Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. No poema acima transcrito, o assunto estrutura-se de acordo com uma oposição temporal.
1.1 Explicite-a.
1.2. Identifique as formas verbais que sustentam essa oposição, referindo o tempo/modo.

2. No momento em que escreve, o «eu» poético manifesta um determinado estado de espírito. Descreva-o e justifique a sua razão de ser.

3. Comente o sentido dos versos: «A criança que fui chora na estrada. Deixei-a ali quando vim ser quem sou...»

4. Divida o poema em partes lógicas, justificando-as.

5. Indique o tema tratado nesta composição e integre-o na poesia pessoana.

II

"O Poeta é um fingidor." "Dizem que finjo ou minto" "Tudo o que escrevo". 

Fernando Pessoa 

Baseando-se na sua experiência de leitura, elabore um texto de oitenta a cento e trinta palavras comentando as transcrições acima apresentadas.

14 janeiro 2013

Correção do teste de verificação de leitura/escuta ativa





Visita a Mafra (2010-11)



MEMORIAL DO CONVENTO

Teste de verificação de leitura

Teste de compreensão oral

Instruções:
1. Oiça com muita atenção os pedidos ou as alternativas para cada questão, as quais serão lidas, pelo professor, devagar e uma só vez.
2. Conforme for o caso, registe na sua folha a informação pedida (ex., um nome, um exemplo) ou a alternativa correcta, nas questões em que lhe são dadas quatro hipóteses.
3. No final, o professor lerá de seguida e uma última vez todas as questões, para permitir colmatar alguma falha. Atenção: esta leitura será feita num ritmo mais próximo da coloquialidade.
CORRECÇÃO
Registe:
  1. A alternativa correcta: D. João IV, V, VI, VII
  2. O nome da mulher do rei. D. Maria Ana Josefa
  3. A rainha era de origem:
·       espanhola,
·       austríaca,
·       suiça
·       germânica. 
  1. O nome da filha do rei. Maria Xavier Francisca Leonor Bárbara
  2. O nome da mãe de Blimunda. Sebastiana de Jesus
  3. O nome do bispo Inquisidor. D. Nuno da Cunha
  4. A rainha, de luto pelo irmão e grávida de 5 meses, não assiste a:
    • uma missa de defuntos,
    • um auto-de-fé,
    • uma romaria;
    • uma procissão de fé.
  1. Quem diz as palavras: “Deixemos a Deus o campo de Deus (...) e façamos o nosso campo, o campo dos homens” (p.55) Padre Bartolomeu de Gusmão
  2. A mãe de Blimunda foi:
·       queimada viva;
·       mandada em paz;
·       supliciada e presa;
·       açoitada e degredada.
  1. A condenação da mãe de Blimunda deveu-se a:
·       roubo;
·       judaísmo;
·       ter visões;
·       fazer missas negras.
  1. Quem diz: “Os meus olhos são naturais”
  2. A máquina do Voador estava a ser construída:
·       Em Aveiro,
·       Em S. Julião da Barra
·       Na Quinta do Duque de Aveiro,
·       em S. Julião da Pedreira
  1. Quando o guarda-livros anuncia ao rei que se gastaram 200 mil cruzados na inauguração, a famosa resposta do rei foi:
·       Meus Deus, ajuda este reino!;
·       Não acredito, blasfemo!;
·       O reino pagará com impostos! Põe na conta!
·       Não me mintas ou vais arder na fogueira!
  1. A rainha é apresentada, sobretudo, como:
·       muito gastadora;
·       muito zelosa;
·       muito devota;
·       muito remota.
  1. Diz quais as forças que têm de ser reunidas para a passarola voar.
  2. O voo da passarola ocorre:
·       na Serra de Sintra,
·       na Serra de Montejunto,
·       na Serra da Estrela,
·       na Serra de Monchique.
  1. Nome do famoso compositor europeu professor de música da infanta.
  2. O Padre tem de fugir porque:
·       não podia pagar a passarola,
·       era perseguido pelo Grande Oficio;
·       era procurado pelo Inquisidor;
·       era perseguido pelo Santo Ofício.
  1. No final Blimunda:
    • reencontra o seu homem e fogem;
    • nunca encontra Baltasar;
    • encontra Baltasar a morrer;
    • foge para Espanha.

20. O espaço onde a acção finaliza é:
  • O Terreiro do Paço
  • O Rossio
  • O Saldanha
  • Mafra.










10 janeiro 2013

Três poemas de Fernando Pessoa

Deixo três poemas. Sugiro que leiam com muita atenção, pensem sobre as palavras - porque as palavras são pensamentos, afinal - e relacionem com o que vamos lendo e fazendo em aula.


O que me dói não é
O que há no coração
Mas essas coisas lindas
Que nunca existirão...

São as formas sem forma
Que passam sem que a dor
As possa conhecer
Ou as sonhar o amor.

São como se a tristeza
Fosse árvore e, uma a uma,
Caíssem suas folhas
Entre o vestígio e a bruma.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"








 Sonho. Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me. Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,
Minha alma não tem alma.

Se existo é um erro eu o saber. Se acordo
Parece que erro. Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
Não tenho ser nem lei.

Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"








 Dizem?
Esquecem.
Não dizem?
Disseram.

Fazem?
Fatal.
Não fazem?
Igual.

Por quê
Esperar?
Tudo é
Sonhar.


Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

09 janeiro 2013

Pensamentos de Fernando Pessoa

Fernando Pessoa, pintura de Costa Pinheiro

"Nada é, tudo se outra."
"Sê plural como o universo!"

"Sou um homem para quem o mundo exterior é uma realidade interior." Fonte - Livro do Desassossego


"Nós nunca nos realizamos. Somos dois abismos - um poço fitando o céu."Fonte - Livro do Desassossego

esse indistinto
Abismo entre o meu sonho e o meu porvir...

"Tudo o que dorme é criança de novo. Talvez porque no sono não se possa fazer mal, e se não dá conta da vida, o maior criminoso, o mais fechado egoísta é sagrado, por uma magia natural, enquanto dorme. Fonte - Livro do Desassossego

"Pensar é destruir. O próprio processo do pensamento o indica para o mesmo pensamento, porque pensar é decompor."Fonte - Livro do Desassossego

"Quando escrevo, visito-me solenemente."Fonte - Livro do Desassossego

"Não há felicidade senão com conhecimento. Mas o conhecimento da felicidade é infeliz; porque conhecer-se feliz é conhecer-se passando pela felicidade, e tendo, logo já, que deixá-la atrás. Saber é matar, na felicidade como em tudo. Não saber, porém, é não existir."Fonte - Livro do Desassossego

"A maioria pensa com a sensibilidade, eu sinto com o pensamento. Para o homem vulgar, sentir é viver e pensar é saber viver. Para mim, pensar é viver e sentir não é mais que o alimento de pensar."Fonte - Livro do Desassossego

"Viver é ser outro. Nem sentir é possível se hoje se sente como ontem se sentiu: sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir - é lembrar hoje o que se sentiu ontem, ser hoje o cadáver vivo do que ontem foi a vida perdida."Fonte - Livro do Desassossego

"A vida é para nós o que concebemos dela. Para o rústico cujo campo lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas veem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida."Fonte - Livro do Desassossego


"A meio caminho entre a fé e a crítica está a estalagem da razão. A razão é a fé no que se pode compreender sem fé; mas é uma fé ainda, porque compreender envolve pressupor que há qualquer coisa compreensível."Fonte - Livro do Desassossego


"O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela."Fonte - Livro do Desassossego

"Ver muito lucidamente prejudica o sentir demasiado. E os gregos viam muito lucidamente, por isso pouco sentiam. De aí a sua perfeita execução da obra de arte."

"Toda a poesia - e a canção é uma poesia ajudada - reflecte o que a alma não tem. Por isso a canção dos povos tristes é alegre e a canção dos povos alegres é triste."

"Só a arte é útil. Crenças, exércitos, impérios, atitudes - tudo isso passa. Só a arte fica Ideias Estéticas - Da Arte


"Viver não é necessário. Necessário é criar."

Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito."Fonte - Livro do Desassossego


"Tudo quanto vive, vive porque muda; muda porque passa; e, porque passa, morre. Tudo quanto vive perpetuamente se torna outra coisa, constantemente se nega, se furta à vida."Fonte - Livro do Desassossego



"A ironia é o primeiro indício de que a consciência se tornou consciente."Fonte - Livro do Desassossego

"Quem não vê bem uma palavra não pode ver bem uma alma."

"Os cavalos da cavalaria é que formam a cavalaria. Sem as montadas, os cavaleiros seriam peões. O lugar é que faz a localidade. Estar é ser."

Fonte - Caracterização Individual dos Heterônimos

"O valor essencial da arte está em ela ser o indício da passagem do homem no mundo, o resumo da sua experiência emotiva dele; e, como é pela emoção, e pelo pensamento que a emoção provoca, que o homem mais realmente vive na terra, a sua verdadeira experiência regista-a ele nos fastos das suas emoções e não na crónica do seu pensamento científico, ou nas histórias dos seus regentes e dos seus donos."Fonte - Ideias Estéticas - Da Arte

"Qualquer indivíduo é ao mesmo tempo indivíduo e humano: difere de todos os outros e parece-se com todos os outros."Fonte - Ideias Estéticas - Da Arte 
Fonte - Páginas Íntimas e de Auto-InterpretaçãoTema - Ser// VER DETALHE


"Cansa tanto viver! Se houvesse outro modo de vida!"Fonte - Livro do Desassossego




08 janeiro 2013

Revisões gramaticais ( Predicado)

Agora que já revimos as principais orações, vamos atentar nas funções sintáticas, começando pelo essencial: o PREDICADO


Composição do Predicado


O predicado compõe-se das seguintes formas:


1) Com verbo transitivo directo

- A Ana come um bolo.

- A Ana come um bolo com apetite.


Composto pelo núcleo verbal, complemento directo e modificadores que ocorram.



2) Com verbo transitivo indirecto

- A Ana fala ao João.

- A Ana fala ao João de outros assuntos.

Composto pelo núcleo verbal, complemento indirecto e modificadores que ocorram.



3) Com verbo transitivo directo e indirecto

- A Ana um bolo ao João.

- A Ana um bolo ao João agora.


Composto pelo núcleo verbal, complementos directo e indirecto e modificadores que ocorram.



4) Com verbo intransitivo

- Eles moram em Lisboa.

- A Ana vai a Lisboa diariamente.

- O João corre diariamente.


Composto pelo núcleo verbal, complementos preposicionais e modificadores que ocorram.



5) Com verbo copulativo

- Ele é um óptimo médico.

- Ela continua doente.


Composto por um núcleo verbal e o predicativo do sujeito.



6) Com um complexo verbal

- O João tem trabalhado muito.

- O fogo foi provocado por incendiários.


Composto pelo complexo verbal, complementos e modificadores que ocorram.




Créditos: http://www.prof2000.pt/users/drfilipeaz/pagsparali/exercicios/predicado1.htm