Total visualizações

28 abril 2013

MEMORIAL - estar atento...



MEMORIAL DO CONVENTO, José Saramago


Síntese das informações trabalhadas em aula

Na ação, há diferentes linhas de ação que se articulam:

O rei
D. João V
Abrange todas as personagens da família real e relaciona-se com a segunda linha de ação, uma vez que a promessa do rei é que vai possibilitar a construção do convento. O espaço principal é a a corte e, depois, o convento, na altura da sua inauguração, no dia do aniversário do rei.
Os construtores do convento
Esta é a linha da ação principal da história, a par da que respeita à construção da passarola. Esta segunda linha de acção vai ganhando relevo e une a primeira à terceira: se o convento é obra e promessa do rei, é ao sacrifício dos homens que ela se deve. Glorificam-se aqui os homens que se sacrificam, passam por dificuldades, mas que também as vencem.
Baltasar e Blimunda
Relata-se uma história de amor e o modo de vida dos portugueses. Baltasar e Blimunda são os construtores da passarola; Baltasar é também, depois, construtor do convento, constituindo-se como exemplo
da força que faz mover Portugal – a do povo.
Bartolomeu Lourenço
Relaciona-se com o sonho e o desejo de construir uma máquina voadora. Articula-se com a primeira e segunda linhas de ação, porque o padre é um mediador entre a corte (relação privilegiada com o rei) e o povo (os companheiros para a concretização do sonho - Baltasar e Blimunda). Também se enquadra na terceira linha, dado que a construção da passarola resulta da força das vontades que Blimunda tem de recolher para que a passarola voe.


A construção da passarola é o fio condutor de toda a narrativa pois consegue-se observar quase todos os passos, e até partilhar do entusiasmo das personagens; da construção do convento só se sabe as fases da construção. A partir do décimo sétimo capítulo é que se aborda mais o convento. Na realidade, é a construção da máquina que conduz a narrativa e é ela que materializa o sonho dos seus construtores e lhes vai permitir a fuga de um mundo dominado pela injustiça, pela força do poder e pelo medo. Representa a liberdade versus a opressão.

As sequências narrativas, que fazem parte da acção, podem surgir articuladas de três maneiras diferentes:

 à Encadeamento: por exemplo, o desenrolar da relação amorosa entre Blimunda e Baltasar, a partir do momento em que se conhecem no auto-de-fé, onde a mãe de Blimunda é condenada, até ao reencontro do casal no final da acção, na altura em que Baltasar está a ser queimado na fogueira da Inquisição e Blimunda o “recolhe”.

Encaixe: por exemplo, as histórias de vida que Francisco Marques, José Pequeno, Joaquim da Rocha, Manuel Milho, João Anes, Julião Mau-tempo e Baltasar Mateus contam uns aos outros (Cap. XVIII), quando estes se encontram a trabalhar na construção do convento.

Alternância: por exemplo, a história de Manuel Milho sobre uma rainha e um ermitão (Cap. XIX) é contada por partes, à noite, dando lugar à narração de outros eventos.

ESPAÇO:
Espaço físico (espaço real, onde os acontecimentos ocorrem, confere verosimilhança à história narrada):

Espaço geográfico – Lisboa e Mafra são os espaços fulcrais, até porque é aqui que se movimentam as personagens principais.

Dentro destes espaços, destacam-se, nomeadamente:
Ø o Terreiro do Paço (local que retrata a vida na corte),
Ø o Rossio (onde se realiza, por exemplo, os autos-de-fé),
Ø S. Sebastião da Pedreira (localidade situada nos arredores de Lisboa, onde decorre a construção da “passarola”, na quinta do duque de Aveiro),
Ø a “ilha da Madeira” (vale onde os trabalhadores do convento se alojam).


Faz-se ainda referência a Évora, Montemor, Pegões, Aldegalega (locais por onde Baltasar passa, depois da guerra, no seu percurso até chegar a Lisboa); à serra do Barregudo, ao Monte Junto, ao Monte Achique, a Pinheiro de Loures, a Pêro Pinheiro (onde os homens vão buscar a gigantesca pedra para o convento), a Cheleiros, Torres Vedras, Leiria, à região do Algarve, Alentejo e Entre-Douro-e-Minho, etc.

Espaço interior
Palácio Real (Lisboa),
Quinta do duque de Aveiro (arredores de Lisboa),
a casa dos pais de Baltasar (Mafra) …


MAFRA e LISBOA Espaço social
(ambiente social vivido pelas personagens)

Ø A vida na corte, com a apresentação do séquito real, do vestuário das personagens, das vénias protocolares, do ritual das relações entre o rei e a rainha e todos aqueles que frequentam o paço, sobretudo o clero (Cap. I)
Ø Diversas procissões, nomeadamente, a de penitência pela altura da Quaresma (Cap. III), a dos autos-de-fé (Cap. V e XXV); a do Corpo de Deus em Junho (Cap. XIII); que atestam a influência da religião na sociedade;
Ø O baptizado da princesa Maria Bárbara no dia da Nossa Senhora do Ó (VII)

Ø A tourada em Lisboa, no Terreiro do Paço (IX);

Ø Os festejos da inauguração e da bênção da primeira pedra do convento de Mafra (XII);
Ø As lições de música da infanta Maria Bárbara ministradas por Domenico Scarlatti (XVI)

Ø A epidemia de cólera e febre-amarela que dizima o povo (XV)
Ø O cortejo nupcial que retrata os casamentos da infanta Maria Bárbara e do príncipe D. José com o príncipe e infanta espanhóis (XXII);
Ø Sagração, em 1730, do convento de Mafra, apesar de ainda não concluídas as obras (XXIV)



Há locais onde se movem grandes aglomerados, que permitem evidenciar:
Ø as disparidades sociais
Ø a opressão e falta de condições a que o povo estava sujeito
Ø o gosto por “espectáculos” violentos, partilhado por todas as classes

Pelo contrário, os ambientes das classes privilegiadas surgem em menor número; são muitas vezes apresentados num tom irónico como forma de criticar aspectos políticos, económicos e religiosos de uma sociedade

Espaço psicológico - vivências íntimas, pensamentos, sonhos, estados de espírito, memórias, reflexões… das personagens; caracterizam o ambiente a elas associado:

Ø O sonho – a rainha sonha diversas vezes com o cunhado, D. Francisco. Ao longo do romance, são descritos com alguma insistência os sonhos de diversas personagens, dando conta dos seus mais íntimos desejos, ansiedades e inquietações…

Ø A imaginação – por exemplo, a peregrinação em busca de Baltasar, durante nove anos, Quantas vezes imaginou Blimunda que estando sentada na praça de uma vila, a pedir esmola, um homem se aproximaria… (Cap. XXV).

Ø A memória – Quando Baltasar, por exemplo, relembra o momento em que perdeu a sua mão esquerda na guerra (VIII)

Ø  A reflexão – nomeadamente, a conversa entre a infanta D. Maria Bárbara e sua mãe durante o cortejo nupcial acerca da «preparação» para o casamento (XXII)




Sem comentários: