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26 novembro 2012

Portugal - cabeça da Europa (em Pessoa e Camões)

Consegui, como prometera, encontrar o referido mapa.

MENSAGEM

(versão completa, seguindo a 3ª edição (1945), com a ortografia adoptada pelo Poeta)

Portugal e a Europa  no primeiro poema da Mensagem


O DOS CASTELLOS
A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De oriente a Ocidente jaz, fitando,
E toldam-lhe românticos cabelos

Olhos gregos, lembrando.
O cotovelo esquerdo é recuado;
O direito é em  ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde, afastado,
A mão sustenta, em que se apoia o rosto.

Fita, com olhar  esfingico e fatal,
O Ocidente, futuro do passado.
O rosto que fita é Portugal.
Fernando Pessoa
 
O poema refere-se à Europa, figurada como uma mulher que se deita, “de Oriente a Occidente”, apoiada “nos cotovellos”, “fitando”, ou seja, olhando fixamente para um alvo.
Um dos cotovelos pousa na Itália e o outro na Inglaterra; este sustenta a mão “em que se apoia o rosto”. Esse rosto, “o rosto com que fita”, “é Portugal”, o extremo-ocidente europeu, voltado para o Oceano.Esta tradição antiga, da Europa como uma figura virada para o oceano, configura-se num  mapa com o título de Europa Regina (Rainha Europa), desenhado em 1537 pelo poeta e matemático austríaco Johann Putsch (1516-1542)e de que há várias versões.


Portugal (a antiga Lusitânia) é o elo central da coroa que é a Hispânia, posta na cabeça da rainha cujo rosto é a Espanha de Carlos V e cujo corpo constitui a restante Europa.

Na cultura portuguesa, esta mesma tradição remonta pelo menos a Camões, no qual a “Ocidental praia lusitana” se apresentam como “quase cume da cabeça / De Europa toda”, “onde a terra se acaba e o mar começa”. A Espanha (toda a Península Ibérica)  é a " cabeça […] da Europa toda”

 
Depois, no Padre António Vieira, a mesma ideia de fim da terra europeia virada ao atlântico, de Portugal como “cabo ou rosto do Ocidente assim lavado do Oceano”, um país com vocação universal  (o Quinto Império universal), tema que Fernando Pessoa retoma na Mensagem.

 
Há um soneto de Miguel de Unamuno, oferecido ao poeta português Teixeira de Pascoaes e que deve ter influenciado F. P., pois o poema O Dos Castelos, da Mensagem, apresenta muitas semelhanças.  Chama-se "Portugal "e tem a terminar este verso muito interessante: (...) se levanta Don Sebastián rei do mistério.


Existe um artigo mais completo sobre esta matéria, com as respetivas referências bibliográficas em http://arevistaentre.blogspot.com/2011/10/um-olhar-sphyingico-e-fatal-portugal.html


 

"Nunálvares" - indivíduo histórico ou ser metafísico?

Ao longo destas aulas veremos exemplos relativos a poemas sobre figuras (históricas ou simbólicas) abordadas em Os Lusíadas e em Mensagem.
 
 
 A propósito da aula de hoje, deixo algumas considerações a propósito da análise comparativa, do excerto de Os Lusíadas e do poema "Nunálvares":



No tratamento das personagens – Viriato, D. Dinis, Nuno Álvares Pereira, Camões e Fernando Pessoa diferem:
  • Em Camões, temos  a descrição elogiosa das figuras, integradas na ação histórica;
  • em Fernando Pessoa «o indivíduo apaga-se em favor do ente metafísico chamado Portugal. Os elementos descritivos e narrativos ficam obliterados.» (Jacinto Prado Coelho)
 
Repara como os elementos descritivos e narrativos dominam os versos camonianos:
 
"Começa-se a travar a incerta guerra:
De ambas as partes se move a primeira ala"
"Farpões, setas e vários tiros voam;
Debaixo dos pés duros dos ardentes
Cavalos treme a terra, os vales soam.
Espedaçam-se as lanças (...)"
 
Os Lusíadas, C. IV, est. 30 e 31)
 
No episódio épico camoniano há grande pormenor e fidelidade descritiva, com recurso à enumeração de objetos relacionados com a guerra (léxico específico) e ações guerreiras, em que abundam verbos de movimento e de mudança de estado:
move
voam (farpões, setas e vários tiros)
treme a terra
os vales soam
Espedaçam-se as lanças

Atenta, ainda:
- no aspeto verbal - a situação é apresentada no seu início por um complexo verbal - começar a + infinitivo travar;

no «visualismo» da descrição.


Já no poema de F. Pessoa sobre o mesmo Nuno Álvares Pereira, o que interessa, o que é realçado é a capacidade inspiradora da figura, o seu lado mítico de iluminador de «caminhos»:
 
"Ergue a luz da tua espada para a estrada se ver!"
 
A «espada», portadora de luz, surge como elemento simbólico, simbolismo acentuado pela referência a Excalibur: 
 
De acordo com uma antiga tradição guerreira, era costume ser dado nome próprio a uma arma notável pela sua beleza ou qualidade. Segundo lendas irlandesas,  a espada (Excalibur) do Rei Artur era mágica e tornava-o quase invencível. Excalibur não podia ser quebrada (o seu nome, de origem céltica, quer dizer "relâmpago duro").
 

A componente mítica é, pois, dominante, traduzida ainda pelos elementos lexicais: «auréola»  (círculo luminoso, halo; resplendor em forma de círculo dourado das imagens dos santos), «halo», «luz» e «ungida» ( à qual foram aplicados óleos consagrados; purificada; consagrada).

Espada atribuída a Nun’Álvares Pereira
Século XIV


 Afinal, a figura de N. Álvares é a própria personificação do que há de mítico (e místico)/sagrado em Portugal:
 "S. Portugal em ser"

Desde o século XV que esta figura é objecto de culto.Em 2009, a Igreja católica proclamou a canonização de Nuno Álvares Pereira.




Gramática - exercícios de treino

Como pedido, deixo alguns exercícios para realizar on-line, que incluem a correção.
Se alguma ligação não funcionar, avisem-me.

Bom trabalho!

VERBOS  

24 novembro 2012

Análise do poema “O Infante”

 Fernando Pessoa começa este poema, inserido na segunda parte da Mensagem, com uma estrutura anafórica: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.” Com este verso pretende remeter desde início para a missão que os Portugueses têm: unir a Terra inteira através do mar, que sempre foi motivo de separação. Esta união veio pela influência do Infante D. Henrique, que foi sagrado por Deus para “desvendar a noite e a cerração”.

 A partir do cumprimento deste sonho, a missão foi cumprida: “E viu-se a terra inteira, de repente,/ Surgir, redonda, do azul profundo”. Os Portugueses foram até ao fim do mundo e uniram a Terra a partir do mar, como esperado. A sagração do Infante D. Henrique, sendo português, teve um propósito: os Portugueses, para além de terem a missão de unir as terras, os povos, tinham também a missão de instaurar o chamado Quinto Império, que “fundirá os quatro anteriores [a saber, Grego, Romano, Cristão e Europeu/ Inglês] com tudo quanto esteja fora deles” e seria o primeiro Império verdadeiramente universal e espiritual que, segundo Fernando Pessoa, iria durar eternamente. Contudo, apenas se cumpriu “o Mar e o Império se desfez”, já que não se uniram as formas de pensar antes de o Império cair.

 O poema acaba com uma prece dirigida ao Divino, expressa pela apóstrofe “Senhor, falta cumprir-se Portugal!” que resume esta ideia de missão inacabada, que ficou a meio e também a ideia de que Portugal tinha um desígnio divino para esta missão.

 Fernando Pessoa pretende chamar os Portugueses para essa missão, para essa ambição do Longe, do Absoluto, pois, como ele diz, “É a Hora!”.

 
(trabalho publicado pela aluna Ana Marta Camona, 12.º B/2011-12)

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Anónimo...

23 novembro 2012

A profecia e o sentido do processo histórico

O futuro de Portugal - que não calculo mas sei - está escrito já, para quem saiba lê-lo, nas trovas do Bandarra...
Fernando Pessoa

  
 Que outra coisa é a profecia senão uma tentativa de dar um sentido
(divinamente garantido) ao processo histórico?
  As Trovas do Bandarra
José van den Besselaar

Quase tudo o que se sabe com certeza da vida de Gonçalo Anes Bandarra consta do seu processo inquisitorial, publicado por Teófilo Braga na sua História de Camões (t. I, Porto 1873). Ele deve ter nascido por volta de 1500 na vila de Trancoso (...).

Antes da publicação do seu processo, julgava-se que ele era pobre e de origem muito modesta. Mas na sua declaração ao Tribunal lemos que «fora rico e abastado, mas que queria mais sua pobreza em dizer a verdade e o que cumpria à sua consciência, que não dizer outra cousa». Também se julgava que o sapateiro não sabia ler nem escrever, mas que ditava as suas profecias ao Padre Gabriel João de Trancoso.

Era assim que se interpretava uma das suas trovas  Hoje sabe-se que Bandarra não era nenhum analfabeto. Ele mantinha correspondência com várias pessoas do Reino.

(...) O sapateiro devia ter também conhecimento das profecias atribuídas a Santo Isidoro (...)
Estas coplas castelhanas compenetravam-no da vinda de um Rei Encoberto, predestinado para desbaratar o Império Otomano e estabelecer a Monarquia Mundial. É muito provável que Bandarra chegasse à ideia de compor as suas trovas, tomando por modelo as coplas do país vizinho. (...)

As suas profecias rimadas foram-se rapidamente divulgando pelo país, e não tardaram a encontrar leitores na capital do Reino. Os cristãos-novos passaram a venerá-lo como um profeta solidário com eles nas suas esperanças messiânicas. Sabemos que Bandarra, por duas vezes, se deteve por algum tempo em Lisboa (ca. 1531 e em 1539), onde era muito procurado pela gente da nação. Tal alvoroço devia despertar as suspeitas da Inquisição recém-estabelecida. Bandarra foi preso e levado para Lisboa (1540). A Mesa ouviu diversas testemunhas e impôs-lhe (3 de Outubro de 1541) um castigo relativamente brando: o de abjurar solenemente as suas trovas na procissão do auto-da-fé do dia 23 do mesmo mês.

Pela sentença se pode ver que Bandarra não foi acusado de judaísmo, nem sequer passava por cristão-novo. O que se lhe imputava era causar alvoroço entre os cristãos-novos com as suas trovas, que eles tendiam a interpretar em sentido judaico.
 
O erudito D. João de Castro fez imprimir uma grande parte das profecias rimadas. Para ele, o grande assunto do Bandarra era D. Sebastião, que, depois da sua derrota em Marrocos teria sido perseguido e encarcerado pelos Castelhanos em Itália por volta de 1600. Sebastião vivia ainda, e havia de aparecer.


Com o passar dos anos, fomentado pelo clero português, o prestígio do profeta de Trancoso foi crescendo com as humilhações cada vez piores da pátria. Centenas de leitores procuravam nas trovas motivos de consolo e esperança. Elas eram leitura proibida, incluídas como estavam, desde 1581, no «Catálogo dos Livros Proibidos», mas o anátema, em vez de amedrontar os leitores, excitava-lhes a curiosidade.
 
Nos finais dos anos 30 do século XVII, as esperanças na libertação nacional começavam a concretizar-se na pessoa de D. João, o então Duque de Bragança. Conformemente, as trovas do Bandarra passavam a ser estudadas e interpretadas numa respectiva bragantina (de apoio aos Braganças). Eram sobretudo os seguintes versos que aos Restauradores pareciam carregados de um profundo significado profético:

Já o tempo desejado
é chegado (...)
O Rei novo é alevantado,
já dá brado,
já assoma a sua bandeira
(...)

Saia, saia esse Infante
bem andante!
O seu nome é Dom João!



A interpretação sebastianista do Encoberto cedera a uma interpretação nitidamente joanista. António Vieira foi o grande porta-voz desta corrente.
 [As trovas apresentam] visões de futuras felicidades e catástrofes com profecias muito enigmáticas sobre o tempo em que se hão de cumprir. Alego aqui duas quadras (156 e 157), que exaltam a harmonia universal no Quinto Império:
Todos terão um amor,
gentios como pagãos;
os judeus serão cristãos,
sem jamais haver error.
 
 Na época de D. João V o interesse por Bandarra renasceu. Um Bandarra adaptado às novas circunstâncias e à nova mentalidade; menos bíblico, menos patriótico, menos heroico, mas mais social e mais moralista.
Criaram-se o segundo e o terceiro Corpo das Trovas do Bandarra (…), atribuindo-as sem escrúpulos ao profeta. Elas referem-se à construção do palácio-convento de Mafra, cujo nome não se menciona de modo explícito, mas adivinha-se facilmente pelas estrofes seguintes:
Entre montes muito altos
está uma casa sagrada.
Não quero olhar mais nada:
vou pregando os meus saltos.
 
Cinco letras tem o nome,
e duas da mesma casta.
Olhe cada um o que gasta
para não morrer de fome.
 
Mas não tardará a aparecer o Encoberto.

 
[Ao longo dos séculos, várias gerações retomaram o interesse] pelas trovas do Bandarra, procurando nelas a decifração do mistério da história. Que outra coisa é a profecia senão uma tentativa de dar um sentido (divinamente garantido) ao processo histórico?

Com os séculos XIX e XX,  liberalizada e secularizada, a sociedade portuguesa foi tomando caminhos mais racionais para compreender e interpretar o seu destino histórico.


 
NOTA: texto com supressões e adaptações (ligações interfrásicas).


Mais "Temas e Dilemas"

No seguimento do debate "Temas e Dilemas"

Deixo um argumento a favor do declínio da Humanidade.


 
Fonte das imagens: NASA


"Filmes-catástrofe e profecias de calendários maias à parte, parece que a humanidade devia mesmo tomar algumas precauções em 2012: segundo um relatório da NASA, existe a probabilidade de a Terra ser atingida nesse ano (ou em 2013, o mais tardar) pela mais intensa tempestade solar dos últimos 50 anos. Os autores do estudo advertem que a zona afectada poderá ficar sem rede eléctrica e água corrente, e que poderá demorar entre quatro e dez anos a recuperar. As projecções massivas de plasma a partir do Sol já causaram problemas noutras ocasiões. Para nos situarmos no pior dos cenários, teremos de recuar até aos dias 1 e 2 de Setembro de 1859, quando as auroras polares, provocadas pelas partículas do vento solar, alcançaram o México e as Caraíbas. Esse acontecimento é conhecido como “fulguração de Carrington”, devido ao astrónomo britânico que o detectou, e destruiu a rede de telégrafos. Se ocorresse actualmente, seria o caos."


Fonte:Revista Super Interessante

Jessica Neto 12ºA
26 Novembro, 2012 15:43

22 novembro 2012

A poesia e o fim do mundo...

Dedicado ao Henrique, que se lembrou de pedir poesia para o contrato de leitura, aqui fica a minha escolha sobre o tema do debate.

É ler e aprender. Com o coração partido ou, apenas, com um olhar realista.

Desenho da Exposição Linhas Cruzadas (por aluno da H.N.)


Poema do alegre desespero

Compreende-se que lá para o ano três mil e tal
ninguém se lembre de certo Fernão barbudo
que plantava couves em Oliveira do Hospital,

ou da minha virtuosa tia-avó Maria das Dores
que tirou um retrato toda vestida de veludo
sentada num canapé junto de um vaso com flores.

Compreende-se.

E até mesmo que já ninguém se lembre que houve três impérios no Egipto
(o Alto Império, o Médio Império e o Baixo Império)
com muitos faraós, todos a caminharem de lado e a fazerem tudo de perfil,
e o Estrabão, o Artaxerpes, e o Xenofonte, e o Heraclito,
e o desfiladeiro das Termópilas, e a mulher do Péricles, e a retirada dos dez mil,
e os reis de barbas encaracoladas que eram senhores de muitas terras,
que conquistavam o Lácio e perdiam o Épiro, e conquistavam o Épiro e perdiam o Lácio,

e passavam a vida inteira a fazer guerras,
e quando batiam com o pé no chão faziam tremer todo o palácio,
e o resto tudo por aí fora,
e a Guerra dos Cem Anos,
e a Invencível Armada,
e as campanhas de Napoleão,
e a bomba de hidrogénio,
e os poemas de António Gedeão.

Compreende-se.

Mais império menos império,
mais faraó menos faraó,
será tudo um vastíssimo cemitério,
cacos, cinzas e pó.

Compreende-se.
Lá para o ano três mil e tal.

E o nosso sofrimento para que serviu afinal?

António Gedeão

Listas de livros para Leitura Autónoma



Escola Secundária Henriques Nogueira
Títulos para Leitura Autónoma/Concurso Nacional de Leitura

 

Coletâneas:
Contos Tradicionais
VV, Homenagem ao Papagaio Verde e Outras Histórias de Animais
 
 De autor:
Ana Cristina Silva, A Dama Negra da Ilha dos Escravos
António Torrado, O Homem sem Sombra, adaptação dramática de três contos de Hans Christian Andersen
António Gedeão, História Breve da Lua
Bruno Margo, Sandokan e Bakunine
Igor Bogdanov e Grichka Bogdanov, A Face de Deus
Irene Lisboa, Esta Cidade
Irene Lisboa, Voltar Atrás para Quê
Isabel da Nóbrega, Viver com os Outros
Isabel da Nóbrega, Cartas de Amor de Gente Famosa
J. M. Águalusa, A Substância do Amor e Outras Crónicas
José Rentes de Carvalho, A Amante Holandesa
José Rentes de Carvalho, O Rebate
Sónia Louro, O Cônsul Desobediente
Stephen Hawking, A Teoria de Tudo
 
 
 
Livros
CONCURSO NACIONAL DE LEITURA
_____________________________________________________
(prova de escola)
 7 de janeiro de 2013, 10h00-10h30
    Secundário
Ana Cristina Silva, A Dama Negra da Ilha dos Escravos
 
J. M. Águalusa, A Substância do Amor e Outras Crónicas
 

 
LISTAS DO PLANO NACIONAL DE LEITURA PARA 2012-2013

LISTA DO PLANO NCIONAL DE LEITURA PARA 2012-2013 - TEMAS CIENTÍFICOS
 

20 novembro 2012

Ainda... no rasto do Debate

De entre muitas perguntas feitas àqueles que estavam na mesa, houve uma que ficou no ar: " Qual o interesse de um robô que aterrou em Marte para a salvação da humanidade, em que é que um robô tem influência em milhares de pessoas que estão fome neste momento, qual o interesse desse tal robô para a minha felicidade?"
 
A resposta dada a esta pergunta não foi propriamente construída, mais por culpa dos nervos de que outra coisa qualquer. Para responder então a esta questão, podemos ver as 3 questões que nela se inserem; as primeiras duas podem ser respondidas simultaneamente: um robô que aterrou em Marte não tem influência direta na descoberta de uma solução para a fome mundial,um robô em Marte representa um dos maiores avanços do Homem, um Homem, que ontem apanhava bagas e matava raposas para subsistir hoje enviou um robô para outro planeta, pode procurar coisas fora deste confinado planeta, pode sair do planeta fechado onde os recursos são limitados para o universo onde tudo é possível. Posso falar, por exemplo, de uma pesquisa feita por cientistas no centro alemão para a inteligência artificial onde foi descoberto um gás inerte nos ventos solares que consegue sustentar a terra com eletricidade por milhares de anos (http://futurenow.dw.de/english/2011/09/28/sourcing-extraterrestrial-resources/ - para mais informações). Pesquisas deste tipo, e informações que nos chegaram por uma 'via extraterrestre' que têm potencialidade de salvar o mundo da penúria, só foram possíveis com o investimento devido em tecnologia e robôs que conseguem fazer viagens espacias. Podemos comparar isto a uma família, uma família com 2 irmãos, um que representa a tecnologia espacial, que mostra grande potencialidade e um outro que representa os países que estão a atravessar dificuldades, um filho que está com problemas e a passar mal. Nesta situação, não podemos deixar de prestar atenção a um dos filhos, pois ambos têm importância, mas também não devemos tirar os recursos àquele que tem potencial para dar ao outro mais fraco. Isto porque estamos a chegar ao dia em que se vai descobrir um recurso fora do nosso planeta que pode subsidiar todos os países com recursos, recursos que os podem ajudar a melhorar a situação económica e financeira (o dia em que o irmão mais forte ajuda o enfraquecido).
A segunda questão colocada tem uma maior ambiguidade, mas talvez saber que os nossos cientistas estão a chegar a uma forma de pôr todos os países do mundo em pé de igualdade e dar a todos as mesmas oportunidades possa desaliviar a mente de pensamentos negativos sobre injustiça mundial e desvantagens de certos grupos, trazendo assim uma sensação de felicidade e esperança àquele que isto perguntou.

Porque achei que tinha ficado mal explicado em aula fiz então este comentário, espero que elucide os leitores sobre esta questão,
Obrigada,
Maria Pio
 
 

17 novembro 2012

Fala do Velho do Restelo ao astronauta





Aqui na terra a fome continua
A miséria e o luto
A miséria e o luto e outra vez a fome
Acendemos cigarros em fogos de napalm
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
Ou talvez da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti eu nem sei que desejos
De mais alto que nós, de melhor e mais puro.
No jornal soletramos de olhos tensos
Maravilhas de espaço e de vertigem.
Salgados oceanos que circundam
Ilhas mortas de sede onde não chove.
Mas a terra, astronauta, é boa mesa
(E as bombas de napalm são brinquedos)
Onde come brincando só a fome
Só a fome, astronauta, só a fome.

José Saramago

16 novembro 2012

Os humanos irão ser traídos pela sua própria inteligência?

Imagem do filme Eu, Robot
 
Este é o inquietante (ou sensacionalista...) mote de reflexão para o DEBATE da próxima semana:

«A raça humana atingirá o seu auge ao longo de 3000 para, posteriormente, começar o seu declínio. (...) Os humanos irão ser traídos pela sua própria inteligência. Corrompidos por invenções criadas para suprir as suas necessidades diárias, acabarão por ficar cada vez mais parecidos com animais domesticados. Habilidades sociais como a comunicação e a interação entre as pessoas estarão perdidas, juntamente com valores e sentimentos como o amor, a compaixão e o respeito.»
“O Homem do Futuro”, in FOCUS 369/06
Suponha que vai participar num encontro internacional de estudantes do secundário sob o título genérico de “Cenários do Presente/Visões do Futuro”, onde irá defender ou contrariar a tese apresentada no texto acima.
Gostei da aula animada, à volta com livros, revistas, artigos científicos e textos de opinião.
 
Deixo, como prometido, os ditos filmes com interesse para o debate