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22 março 2012

PERSONAGENS

As personagens individuais com mais relevo na peça:

GOMES FREIRE  DE ANDRADE: protagonista que, embora nunca apareça, é permanentemente lembrado/referido  através das falas dos elementos do povo, das perseguições dos governadores e da revolta da sua mulher, Matilde, e do amigo Sousa Falcão.

É acusado de ser o grão-mestre da maçonaria; é um estrangeirado (servira militarmente e vivera no estrangeiro, em França), militar reconhecido brilhante e admirado pelo povo. Acredita na justiça e luta pela liberdade. É apresentado como o defensor da justiça, da luta pela liberdade do povo/do país oprimido.

Representa o herói, apesar de acabar como o anti-herói, o herói falhado; símboliza a esperança de liberdade.
D. MIGUEL FORJAZ: primo de Gomes Freire de Andrade, revela-se assustado com as transformações que ocorrem em Portugal e na Europa; representa o político corrompido pelo poder, reagindo de forma vingativa, calculista. É prepotente; autoritário, embora seja "mandado" por Beresford.
PRINCIPAL SOUSA: defende o obscurantismo do clero mais conservador, o poder da Igreja enquanto instituição; coloca-se ao serviço do poder político, na luta contra a modernização e liberalização do país, temendo a perda de poder da Igreja e as ideias «revolucionárias» estrangeiras/francesas; serve-se do poder da palavra religiosa, usando o púlpito para incendiar o povo contra Gomes Freire, as novas ideias.
BERESFORD: militar inglês de carreira, está em Portugal com a missão pessoal de defender essa carreira e obter, neste país atrasado, o dinheiro suficiente que lhe permita gozar devidamente, no futuro, as delícias do seu país civilizado - a Inglaterra.

Imensamente crítico em relação a Portugal e à sua situação, é franco e sarcástico, pois tem a coragem de dizer - normalmente de forma crítica e trocista - o que realmente quer, ao contrário dos dois governadores portugueses, que ele abomina tanto quanto o país.
VICENTE: representa todos os que se vendem e não têm carácter, os denunciantes; é um homem do povo, a quem trai, é movido pelo interesse da recompensa material; vive da hipocrisia, desprezando a sua origem e o seu passado; acaba por ser um delator que age dessa maneira porque quer fugir da sua condição social e é desse modo que consegue ascender socialmente.
MANUEL:  É o mais consciente dos elementos populares; denuncia, sobretudo no 1º ato,  a opressão a que o povo está sujeito. Percebe o jogo de Vicente.
MATILDE DE MELO: exprime romanticamente o seu amor pelo homem com quem vive - Gomes Freire; reage violentamente à prisão de G.F., sobretudo por imperativo pessoal, mais do que por ocnsciência política; não reage perante o ódio e as injustiças gerais, mas porque prenderam, sem razão, o seu homem.

Move-se o mais que pode para obter a liberdade de GF. À medida que a peça se aproxima do final, vai alargando a sua compreensão às questões mais gerais; o seu longo monólogo agarrada à farda de GF representa uma denúncia da hipocrisia do mundo com os valores trocados, em que reinam os interesses em volta do poder, o servilismo, a apatia.  
SOUSA FALCÃO: assume as mesmas ideias que Gomes Freire, mas não teve a coragem do general. Representa a amizade e a fidelidade; é o único amigo de Gomes Freire de Andrade que aparece na peça; ele representa os poucos amigos que são capazes de lutar por uma causa e por um amigo nos momentos difíceis. Não ostracisa Matilde, ao contrário dos governantes.
Frei Diogo: representante do clero, por contraposto ao Principal Sousa - é sério e honesto. Serve para clarificar que a peça não é contra o clero, mas contra certo tipo de religiosos, mais conservadores e servidores acríticos da instituição Igreja. 
***
MIGUEL FORJAZ, BERESFORD e PRINCIPAL SOUSA  - triunvirato governativo; encarregam-se de perseguir, prender e mandar executar o General e restantes conspiradores.

A FOGUEIRA
Para eles, a execução à noite/a fogueira, constituía uma forma de avisar e dissuadir os outros revoltosos

Para MATILDE a execução à noite/a fogueira era uma luz de esperança - poderia ajudar o povo a "ver" o futuro, a necessidade da luta pela liberdade.

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