Total visualizações

07 fevereiro 2012

Complemento e modificador

Lembram-se das frases que analisámos, neste âmbito? Por ex:
 
 
Vou a Lisboa.
Ela tem uma casa excelente, em Lisboa.
  • O complemento (no 1º caso)  distingue-se do modificador (no 2º), porque este não é seleccionado.
  • Assim, a ausência de um complemento pode gerar uma frase anómala - "Vou...", o que não acontece com um modificador "Ela tem uma casa excelente".
 
 
 
 
Na sequência da abordagem em aula, deixo informação suplementar. As definições e exemplos que se seguem são retirados do Dicionário Terminológico, que constitui o documento de referência didática

 
Complemento

Função sintáctica, distinta da função de sujeito, desempenhada por um constituinte seleccionado por um verbo, nome, adjectivo, preposição ou advérbio.
Na frase (i), o grupo nominal "o bolo" é complemento do verbo "comeu".

Sabe-se que este constituinte é um complemento do verbo, porque a sua presença na frase depende deste verbo, conforme se atesta em (ii):

(i) O João comeu o bolo.
(ii) *O João tossiu o bolo. (frase agramatical porque "o bolo" não é seleccionado por "tossiu")
O João tossiu.
Na frase (iii), a oração completiva "de comprarmos uma casa" é complemento do nome "ideia". Sabe-se que este constituinte é um complemento do nome, porque a sua presença na frase depende deste nome, conforme se atesta em (iv):

(iii) A ideia de comprarmos uma casa agrada-me.

(iv) *A camisola de comprarmos uma casa agrada-me.
A camisola agrada-me.

Na frase (v), o grupo preposicional "do filho" é complemento do adjectivo "orgulhoso". Sabe-se que este constituinte é um complemento do adjectivo, porque a sua presença na frase depende do adjectivo, conforme se atesta em (vi):


(v) O Pedro está orgulhoso do seu filho.
(vi) *O Pedro está louco do seu filho.
O Pedro está louco.

Na frase (vii), o grupo nominal "casa" é complemento da preposição "em":

(vii) O Pedro está em casa.

O complemento distingue-se do modificador, porque este não é seleccionado. Assim, a ausência de um complemento pode gerar uma frase anómala (i), o que não acontece com um modificador (ii).(i) a. O João porta-se mal.
b. *O João porta-se.
(ii) a. O João cantou mal.
b. O João cantou.

Modificador
Função sintáctica desempenhada por constituintes não seleccionados por nenhum elemento do grupo sintáctico de que fazem parte. Por não serem seleccionados, a sua omissão geralmente não afecta a gramaticalidade de uma frase (i).
Os modificadores podem relacionar-se com frases ou orações (ii), constituintes verbais (iii) ou nominais (iv).
Os modificadores podem ter diferentes formas (v) e diferentes valores semânticos (vi).
(i) (a) O camião explodiu [aqui].
(b) O camião explodiu.
(ii) [Felizmente], vou ficar em casa.
[Matematicamente], isso está errado.
(iii) A Ana cantou [ontem].
A Ana cantou [mal].
(iv) O rapaz [gordo] chegou.
O rapaz [que tu conheces] chegou.



(v) Modificadores com diferentes formas (grupo adverbial, grupo preposicional e oração) e com valor semântico idêntico (temporal):

A Ana cantou [ontem].
A Ana cantou [naquele dia].
A Ana cantou [quando tu chegaste de França].


(vi) Modificadores com forma idêntica e diferentes valores semânticos:
  • locativo 
  • temporal
  • de modo

A Ana cantou [naquela sala].
A Ana cantou [naquele dia].
A Ana cantou [daquela maneira].



Sem comentários: