Total visualizações

26 outubro 2017

"A última nau" (exame)


 MENSAGEM
(Para reforço, no 12ºA)
Lê primeiro o poema e todo o questionário; depois, sublinha o texto e regista tópicos de resposta.
Consulta os tópicos de resposta previstos pelo IAVE. Repara nos níveis de exigência: supõe-se que há sempre algum desenvolvimento/texto pessoal, para estas questões. 

    ********************
    A última nau

    Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,
    E erguendo, como um nome, alto o pendão
    Do Império,
    Foi-se a última nau, ao sol aziago
    Erma, e entre choros de ânsia e de pressago
    Mistério.


    Não voltou mais. A que ilha indescoberta
    Aportou? Voltará da sorte incerta
    Que teve?
    Deus guarda o corpo e a forma do futuro,
    Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro
    E breve.


    Ah, quanto mais ao povo a alma falta,
    Mais a minha alma atlântica se exalta
    E entorna,
    E em mim, num mar que não tem tempo ou ’spaço,
    Vejo entre a cerração teu vulto baço
    Que torna.


    Não sei a hora, mas sei que há a hora,
    Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora
    Mistério.
    Surges ao sol em mim, e a névoa finda:
    A mesma, e trazes o pendão ainda
    Do Império.

    Fernando Pessoa, Mensagem, 19.ª ed., Lisboa, Ática, 1997
    Glossário (presente na folha de prova)
    aziago (verso 4) – que prenuncia desgraça.
    cerração (verso 17) – nevoeiro denso; escuridão.
    erma (verso 5) – solitária.
    pendão (verso 2) – bandeira longa e triangular.
    pressago (verso 5) – que pressagia, prevê ou pressente.


    Questionário
    Apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

    1. Explicite três dos aspectos que, nos versos de 1 a 12, se referem ao mito sebastianista, fundamentando a sua resposta com elementos do texto.

    2. Caracterize, com base na terceira estrofe do poema, o modo como o sujeito poético e o povo português reagem ao desaparecimento da «última nau».

    3. Relacione o conteúdo da última estrofe com a pergunta «Voltará da sorte incerta / Que teve?», formulada nos versos 8 e 9.

    4. Identifique,  no poema, uma característica do discurso épico e uma característica do discurso lírico de Mensagem, citando um exemplo significativo para cada um dos casos.

    CENÁRIOS DE RESPOSTA

    1. Cenário de resposta
    A resposta pode contemplar três dos tópicos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes.
    Nos versos de 1 a 12, os aspectos que se referem ao mito sebastianista são os seguintes:
    –  o desaparecimento misterioso da «última nau» e de D. Sebastião – «Levando a bordo El-Rei D. Sebastião» (v. 1); «Foi-se a última nau» (v. 4); «Mistério.» (v. 6); «Não voltou mais.» (v. 7);
    –  a associação do desaparecimento da «última nau» e de D. Sebastião ao fim do Império 
    português – «Levando a bordo El-Rei D. Sebastião, / E erguendo, como um nome, alto o pendão / Do Império, / Foi-se a última nau» (vv. 1 a 4); «Não voltou mais.» (v. 7);
    –  o pressentimento de desgraça associado à partida da nau – «Foi-se a última nau, ao sol aziago / Erma, e entre choros de ânsia e de pressago / Mistério.» (vv. 4 a 6);
    – as incertezas quanto ao destino de D. Sebastião – «A que ilha indescoberta / Aportou?» (vv. 7 e 8);
    –  as expectativas quanto ao regresso de D. Sebastião – «Voltará da sorte incerta / Que teve? / Deus guarda o corpo e a forma do futuro, / Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro / E breve.» (vv. 8 a 12).
    2. Cenário de resposta
    A resposta pode contemplar os tópicos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes.
    De acordo com o conteúdo da terceira estrofe do poema:
    –  o povo português, perante o desaparecimento da «última nau», na qual seguia D. Sebastião, reage com desânimo (v. 13);
    – o sujeito poético manifesta uma viva crença no regresso de D. Sebastião e no Império que ele simboliza (vv. 14 a 18).
    3. Cenário de resposta
    A resposta pode contemplar os tópicos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes.
    Na última estrofe, o sujeito poético responde afirmativamente à pergunta enunciada nos versos 8 e 9, apresentando:
    –  o regresso de D. Sebastião e do Império que ele simboliza como uma certeza obtida por intuição – «sei que há a hora» (v. 19); «Surges ao sol em mim» (v. 22); «trazes o pendão ainda / Do Império.» (vv. 23 e 24);
    –  o momento exacto em que esse acontecimento terá lugar como uma incerteza – «Não sei a hora» (v. 19); «Demore-a Deus» (v. 20); «Mistério.» (v. 21).


    4. Cenário de resposta
    A resposta pode contemplar os tópicos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes.
    • Características do discurso épico:
    –  uso narrativo da 3.ª pessoa – «Foi-se a última nau» (v. 4); «Não voltou mais.» (v. 7);
    – importância conferida à História – «Levando a bordo El-Rei D. Sebastião» (v. 1);
    –  mitificação de um herói – «Deus guarda o corpo e a forma do futuro, / Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro / E breve.» (vv. 10 a 12).
    • Características do discurso lírico:
    –  expressão da subjectividade, evidente no uso da primeira pessoa – «minha alma» (v. 14); «em mim» (vv. 16 e 22); «Vejo» (v. 17); «Não sei» (v. 19); «sei» (v. 19) – e no uso da interjeição – «Ah» (v. 13);
    –  aproximação entre o sujeito e o destino nacional, patente na convicção intuitiva de que o mito será concretizado (vv. 16 a 18; vv. 22 a 24).
    ******************************
    NOTA: Parece pouco, mas, atenção aos critérios de correção/cotações (exemplo):

    2.  ............................................................................................................................. 15 pontos

    Critérios específicos de classificação
    •  Aspectos de conteúdo (C)  .................................................................................. 9 pontos

    Níveis Descritores do nível de desempenho no domínio específico da disciplina 

    nível 4
    Caracteriza, adequadamente, o modo como o sujeito poético e o povo português reagem ao desaparecimento da «última nau», fazendo referências pertinentes à terceira estrofe do poema.
    9 pontos
    nível 3
    Caracteriza, adequadamente, o modo como o sujeito poético e o povo português reagem ao desaparecimento da «última nau», fazendo referências não totalmente pertinentes à terceira estrofe do poema.
    OU
    Caracteriza, com pequenas imprecisões, o modo como o sujeito poético e o povo português reagem ao desaparecimento da «última nau», fazendo referências pertinentes à terceira estrofe do poema.
    OU
    Caracteriza, de forma não totalmente completa, o modo como o sujeito poético e o povo português reagem ao desaparecimento da «última nau», fazendo referências pertinentes à terceira estrofe do poema.
    7 pontos

    nível 2
    Caracteriza, adequadamente, o modo como o sujeito poético e o povo português reagem ao desaparecimento da «última nau», sem fazer referências à terceira estrofe do poema.
    OU
    Caracteriza, com pequenas imprecisões, o modo como o sujeito poético e o povo 
    português reagem ao desaparecimento da «última nau», fazendo referências não totalmente pertinentes à terceira estrofe do poema.
    OU
    Caracteriza, de forma não totalmente completa, o modo como o sujeito poético e o povo português reagem ao desaparecimento da «última nau», fazendo referências não totalmente pertinentes à terceira estrofe do poema.
    5 pontos
    nível 1
    Caracteriza, de forma incompleta, o modo como o sujeito poético e o povo português reagem ao desaparecimento da «última nau», sem fazer referências à terceira estrofe do poema.
    OU
    Caracteriza, com imprecisões, o modo como o sujeito poético e o povo português reagem ao desaparecimento da «última nau», sem fazer referências à terceira estrofe do poema.
    3 pontos


    Para qualquer dúvida, não hesitem!

    3 comentários:

    Anónimo disse...

    Sras. e Srs.

    Até agora não chegaram dúvidas, pelo que dou por finda esta tarefa.

    O teste está feito para 90 minutos, pelo que poderão, ainda, colocar alguma dúvida de última hora.

    Até amanhã.

    Noémia S.

    Unknown disse...
    Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
    Anónimo disse...

    Sim senhor muito bom Fernando Pessoa iria adorar este site