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05 junho 2011

Informações para a Avaliação

Como acertámos, relembro as informações úteis para irem preparando a auto-avaliação escrita.
3º Período
Textos Líricos
Poesia de Cesário Verde
Objectivos de Aprendizagem
▪ Reconhecer a dimensão estética e os usos particulares
da língua em poesia
▪ Contactar com autores do património cultural
nacional
▪ Interagir com o universo de sensações, emoções,
ideias e imagens próprias do discurso poético

Competências nucleares

Conteúdos
Leitura
Leitura literária
Leitura de imagens – o impressionismo artístico
Poemas de Cesário Verde
Contrato de Leitura
Compreensão Oral
Leitura/declamação de poesia
Expressão Oral
Leitura expressiva de poemas de CV
Expressão Escrita
Síntese de textos
Textos expressivos e criativos
Funcionamento da Língua
Noções de versificação (consolidação)
Processos interpretativos inferenciais (figuras)
Valor dos adjectivos (valor restritivo e não restritivo)
Semântica lexical
Tempo
Avaliação
10-12 aulas
Exercício escrito centrado na interpretação de leitura e análise de poema(s) de Cesário Verde
Textos expressivos e criativos, em diferentes suportes
Exercícios gramaticais




Para quem já esqueceu:


1º período
Ana Luís
15
Ana C
16
André
9
Carla
10
Diogo
10
Inês M
11
Inês P.
10
Jéssica
12
José
14
Madalena
8
Márcia
12
Mª Beatriz
11
Mariana
13
Maryline
11
Rafael
11
Raquel
15
Rita
12
Rodolfo
13
Susana
13
Tiago
14






02 junho 2011

Revisões - Esclarecimento de Dúvidas



Aula de 6ª feira

Encontro às 11h00 - na BIBLIOTECA

Conteúdo da aula (o mesmo que o previsto para 3ª anterior):

Apresentação de conclusões e dúvidas suscitadas pelos trabalhos realizados (alunos)

PPT - Síntese da matéria dada; tópicos a reter (professora)

Consulta de ficha/teste com carácter formativo e de esclarecimento de dúvidas (alunos e professora)


01 junho 2011

Cesário Verde - texto de apoio

Lisboa, Mouraria
Lisboa, da Sra. do Monte
Lisboa, Bairro da Graça

Cesário Verde - Entre a cidade e o campo

"Cesário Verde transportou para a poesia a dimensão interior de uma cidade. Tanto é o camponês preso, em liberdade, nela, como também pode ser o citadino, à solta, através do campo.

O poeta de Lisboa foi (e é) Cesário Verde. Mesmo depois de outros que lhe sucederam cabe-lhe, para sempre, esse título. Mas também se encontra repartido pela Grande Lisboa, no concelho de Oeiras, num espaço rural que, na segunda metade do século XX, viria a ser urbanizado

Conhecia Lisboa rua a rua, praça a praça. Até os becos e vielas da cidade marginal. Deu uma interpretação muito própria às casas, às árvores, aos candeeiros de gás, aos transportes públicos e privados, ao vestuário e à moda. O imaginário dos velhos bairros, mas também do Chiado, do Rossio, da baixa pombalina, onde nasceu, foi perpetuado nos seus versos. Não ignorou figuras da população nos

ofícios e locais de trabalho: os empregados do comércio, os dentistas, os cauteleiros, os calafates, os operários da construção civil, os guardas-noturnos, as varinas. Tinha o gosto do pormenor aprofundando as emoções vividas com os cinco sentidos.

Captou a luz e a cor, o perfil de cada bairro, a geografia e a essência de Lisboa. Reteve a atmosfera das casas envolvidas pelo rosa-velho, o ocre, o azul, o branco e o verde-garrafa. E quantos outros matizes, entre o pérola e cinza, a patine dos velhos palácios que o tempo e a chuva tornam mais surpreendentes. Não faltam os reflexos do sol que «espalham nas frontarias seus gomos de laranja destilada», nem as margens do Tejo, junto às fragatas, cacilheiros e outros barcos, atracados de Alcântara até ao Poço do Bispo e onde «reluz viscoso o rio.» Nem, ainda, o deslumbramento das manhãs claras, a serenidade das tardes repousadas, os dias arrepiados e foscos que uma névoa espessa transfigura. (…)

Poeta do quotidiano, no seu pequeno-grande livroestamos perante o homem com os seus humores, os seus caprichos, o seu modo de ser e de ver e, por outro lado, a realidade colectiva que mergulha numa herança com raízes profundas no tempo e na História. Transmite-nos os sonhos e pesadelos de uma sensibilidade insatisfeita na procura da beleza e, também, angustiado com problemas sociais e políticos, tudo quanto percorreu, uma cidade e um país, em crise de transição e a querer romper com o marasmo e a rotina.

A cidade e o campo representam os dois pólos da sua fixação. (…)

Há ocasiões (…) que detesta Lisboa, que lhe parece «um foco de madracice e asneiras». Refugia-se na quinta de São Domingos. Ainda nesse poema, sob o signo de Março, festeja o início da Primavera: «Como amanhece! Que meigas / As horas antes do almoço! /Fartam-se as vacas nas veigas / e um pasto orvalhado e moço / produz as novas manteigas.»

A actividade agrícola absorve-o, enquanto exalta o sortilégio da natureza em Linda-a-Pastora: «Toda a paisagem se doura; / Tímida, ainda, que fresca! / Bela mulher, sim senhora, / Nesta manhã pitoresca, / Primaveril, criadora!» Mas, a certa altura, a monotonia de Linda-a-Pastora torna-se-lhe insuportável. Regressa a Lisboa, mas quando a cidade de novo o satura, apetece-lhe

Paris. Realiza o sonho, mas Paris rapidamente o fatiga. Dali a pouco, em Lisboa, já recorda com prazer o tempo que passou com os amigos. O cair da noite enerva-o, perturba-o: «as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia, despertam um desejo absurdo de sofrer.» Cesário Verde transportou para a poesia a dimensão interior de uma cidade percorrida por todos nós sem, muitas vezes, conseguirmos descobrir as singularidades que lhe acentuam o carácter.

Cesário Verde tanto é o camponês preso, em liberdade, na cidade, de que falará Alberto Caeiro, como também pode ser o citadino, à solta, através do campo. Todavia, não abdica do «ideal de luxo» nem do «espírito cosmopolita» com o fascínio das grandes capitais do mundo e a sedução permanente de Lisboa."


António Valdemar, *Jornalista, investigador


Fotografias - Noémia Santos, 2011

Temas e motivos da Poesia de Cesário Verde


Escrevo-te sobre uma secretária comercial, cheia de papéis, de livros, de notas, de trinta mil coisas que me tornam prosaico e prático.
Eu não sou como muitos que estão no meio dum grande ajuntamento de gente completamente isolados e abstractos.”
Cesário

“(…) eu não desprezo de modo algum o coração, que quando desprezado não deixa brotar nenhuma obra de arte. / Mas o que eu desejo é aliar lirismo e ideia de justiça.”
 
 
É uma poesia capaz de reflexão, de denúncia, de preocupação com a injustiça social. Sem pieguices, «prosaica», «prática», qualidades que Cesário atribuía a si próprio em resultado da actividade comercial que exercia.
Cesário
TEMAS E MOTIVOS
  • a grande cidade – a Babel dos novos tempos: as ruas, as gentes, o movimento, a confusão; a modernidade; a rua, como espaço preferencial
  • a vida do campo não como “ideal romântico”, mas como espaço natural humanizado pelo trabalho do homem: em Cesário há o «campo» e não a «natureza».
  • a simpatia pelos humildes (atenção às profissões mais difíceis: pedreiro; calceteiro; carpinteiro; engomadeira; vendedeira; peixeira)
  • a deambulação – o homem na cidade; o “eu” observador e protagonista; atento e compassivo, mas também melancólico e ausente
  • referência ao inédito, ao abjecto, ao repulsivo: a doença; a podridão; a devassidão; a boçalidade; a prostituição...
  • a ânsia de evasão/fuga (de lugar - pela viagem/imaginação; de tempo – evocação/ sonho)
LINGUAGEM /ESTILO
 
Para traduzir esse universo de novos temas e a observação atenta do quotidiano, Cesário Verde faz entrar para a poesia vocábulos considerados prosaicos (próprios da prosa), como:
  • objectos do quotidiano(nomes comuns): prédio; inquilino; gelosia; talheres; persianas; candelabros; parafusos; giga; balcões...
  • nomes de profissões: calceteiro; calafate; varina; peixeira; calceteiro; vendedeira; forjador; caixeiro...)
  • nomes de doenças e/ou de realidades desagradáveis: Cólera; febre; dores de cabeça; focos de infecção...)
  • palavras cujo ritmo e sonoridade eram estranhas/improváveis em poesia: apoplexia; macadamizadas; mecklemburgueses; consecutivamente; asfixia; inquilino...
  •     expressões muito directas/realistas: “peixe podre gera focos de infecção”; “secavam dejecções cobertas de mosquiteiros”
(Cont.)