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30 novembro 2010

Ainda: A Rapariga que Roubava Livros


Afinal, encontrei o trailer


Apresentação da biografia de Stieg Larsson e comentário crítico sobre a trilogia do Milennium.

O livro não é fácil...mas a vida também não.

Stieg Larsson no cinema


Tal como foi referido na sessão de hoje, na Biblioteca, pela profª Paula V., o livro Os Homens que Odeiam as Mulheres já foi adaptado ao cinema.

Aqui fica a apresentação. É duro, como o livro. Cabe-vos julgar se tal dureza vale a pena.



Fernando Pessoa morreu há 75 anos. Ou talvez não...

Fernando António Nogueira Pessoa (13 de Junho de 1888 - 30 de Novembro de 1935)

Os Homens que Odeiam as Mulheres





Pode uma sociedade organizada, discreta, com cidadãos cultos e informados, albergar no seu interior a mais abjecta e silenciada violência?

Sim, pode. É esta verdade dolorosa que o jornalista e escritor Stieg Larsson nos propõe conhecer.



29 novembro 2010

A Rapariga que Roubava Livros


Num tempo em que alguns homens os queimavam!




28 novembro 2010

1942 - Levou a guerra mais perto da Rua Himmel


«O Diário da Morte: 1942. /Foi um ano para a eternidade, como 79, como 1346, para citar apenas alguns.»
P. 265


ANO 79

POMPEIA: Aos XXVI dias do mês de Augustus, Ano Primeiro do Império de Titus.

Torna-se evidente agora que o que vimos, e estamos vendo, é a maior catástrofe na História de nosso mundo, e que os deuses fizeram cair sobre a região de Campânia, em particular sobre a cidade de Pompeia, uma tragédia como ninguém experimentou antes. Há três dias, o ventre da terra explodiu nas vizinhanças, e reduziu este belo lugar a pó e cinzas, e ninguém conhecerá a razão.


Pompeia
Erupção do Vesúvio

Ano 1346

A "Peste Negra"

Muito do imaginário europeu sobre o final da Idade Média, século XIV, está ligado a um acontecimento absolutamente trágico - um dos mais trágicos de sempre, tendo em conta as consequências: a morte dizimou entre 30 e 40% da população europeia - várias dezenas de milhões de mortos.


1939-1945

Segunda Guerra Mundial foi o conflito que mais vítimas causou em toda a história da humanidade:50 milhões de mortos!


Desenho incluído no livro feito por Max, o pugilista judeu, na cave, utilizando as folhas de Mein Kampf; página a página essas folhas transformam-se em «esboços que, para ele, resumiam os acontecimentos que tinham tocado a sua vida anterior por uma outra.»

p. 240

O livro, o autor, a crítica



Markus Zusak





Crítica literária de Eduardo Pitta sobre A Rapariga que Roubava Livros




... Ao longo dos anos, Liesel continuará a dedicar-se à prática de roubar livros e a encontrar-se com a morte


“Zusak não só cria uma história original e enfeitiçante, como escreve com poesia… Uma narrativa extraordinária.”

School Library Journal

“Uma narrativa absorvente e marcante.”

Washington Post

“Uma história poderosa.”

Booklist

“Brilhante… É um daqueles livros que podem mudar a nossa vida…”

New York Times

“Perturbador e poético ao mesmo tempo…Parece bem colocado para se tornar um clássico.”

USA Today

“Inquietante, desafiante, triunfante e trágico… Um livro de grande fôlego, escrito de forma soberba… É impossível parar de o ler.”

Guardian

“Um livro extraordinário, marcante, de grande beleza.”

Sunday Telegraph

“Aos trinta anos, Zusak escreveu um dos livros australianos mais invulgares e cativantes de sempre.”

The Age (Austrália)


20 novembro 2010

As intermitências da Morte - um livro divertido?



E se a morte deixasse de matar? Este o ponto de partida do último romance do Nobel português. Chama-se 'As Intermitências da Morte' e já é um 'best-seller'

isabel Lucas
DN-Natacha Cardoso

Começando pela ideia, que é por onde tudo começa nos seus livros...

Sim, como a história que se conta do Newton, quando lhe caiu uma maçã na cabeça nasceu a Lei da Gravitação Universal. De cada vez que acabo um livro fico simplesmente esperando que aconteça outra ideia… Podem passar-se semanas, mas também meses. Tenho tido sorte. As ideias têm aparecido quando são necessárias. Acabo um livro e não tenho qualquer ideia para outro. Espero-a.

Essa espera angustia-o?

Não. Claro que a preocupação está cá, mas não a alimento. Talvez porque me tenha habituado a que, mais tarde ou mais cedo, chegue uma nova ideia. Um dia destes tenho uma desilusão tremenda.

E qual é a história da ideia que está na origem do livro suspender a morte?

Eu estava a ler um livro de Rainer Maria Rilke, Os Cadernos de Malte Lauridis Brigge, e há um momento em que ele fala da morte de uma pessoa. São páginas extraordinárias! Foi então que me ocorreu a tal ideia. Mas não foi "E se a morte deixasse de matar?" A ideia inicial era outra: "E se a morte não conseguisse matar uma certa pessoa?" Essa acabou por ser deslocada para o final. O embrião é, afinal, o fim.

Nesta história, encetou um discurso irónico, que em si é novo.

Sim. Quando se fala de um livro sobre a morte, parte-se da ideia de que vai ser um livro sério. Era uma opção, escrever um livro tenebroso. A outra é dizer não vale a pena dramatizar o que já de si é dramático, então vamos imaginar uma situação em que, falando-se da morte, no fundo do que se tratará é da vida. A morte não existe fora de nós.

Rainer Maria Rilke forneceu-lhe a ideia e Proust deu-lhe o título?

Habituei-me a escrever já com um título e chamei-lhe O Sorriso da Morte, apesar de não gostar, consciente de que se tratava de algo provisório e também pela ironia que sabia que iria usar. E, porque o que a morte me diz é intermitente, mais tarde recordei que Proust, em La Recherche..., fala das intermitências do amor. Que o amor seja intermitente parece que é uma experiência de todos nós. Agora que a morte o seja... Porque gastamos tanto tempo a perguntar o que há além da vida? Se nos interrogássemos sobre o que realmente se está a passar aqui na vida, no tempo que nos calhou.

É a grande questão?

Sim. É disso que se fala. No livro, o primeiro-ministro põe essa questão se isto continua assim como é que vamos pagar as pensões.

Essa é apenas uma das muitas questões concretas que se colocam quando a morte deixa de matar. Nesse exercício, quase ensaístico, fala dos "pantanosos terrenos da realpolitik".

A expressão é aplicada no sentido do pragmatismo absoluto, excluindo questões de princípios e atendendo apenas ao que convém a cada momento. Portanto, subindo e descendo, oscilando, segundo a maré. Mas pode ser entendido de maneira extrema, como é o caso. Para cumprir determinado fim, o Estado não hesita em fazer um acordo com a "máphia" com ph, mas não deixa de ser máfia por isso.

É a morte a jogar o seu jogo, o que por sua vez justifica um jogo de palavras?

É. Escrever "máphia" com ph deu--me um certo gozo. É um anacronismo. Não sei como é que as traduções vão resolver a questão. Provavelmente não podem. Por exemplo, em alemão os substantivos escrevem-se com letras maiúsculas. Eu andei a pôr os nomes das pessoas com minúsculas, tudo minúsculo. Para manterem essa lógica, teriam de transgredir as suas próprias regras. Não creio que o tradutor esteja disposto a isso porque não seria compreendido, mesmo que explicasse que seguia o original. Nem sei se a questão de traduzir o título para alemão já está resolvida.

Então?

Eles usam a expressão "luz intermitente", mas não têm uma forma para dizer As Intermitências da Morte. Pelos vistos o português é muito mais rico em cambiantes e nuances. A nossa língua tem uma plasticidade que algumas vezes falta a outras e que permite jogos…

Os tais jogos que lhe deram prazer jogar neste livro?

Deram. Foi um livro escrito com alegria. Falar da morte e dizer que o fiz com alegria… É uma alegria que vem não só pelo tom irónico, sarcástico às vezes, divertido, mas também porque é como se me sentisse superior à morte dizendo-lhe "Estou a brincar contigo."

A ironia com que trata a morte é a mesma que usa para retratar a velhice, mas aí há mais de amargura. A velhice inquieta-o?

Bom, eu sou um velho. Mesmo com a esperança de vida de cem anos, e estamos muito longe disso, eu sou um velho.

Acha que o olham como um velho?

Não só as pessoas não me olham como um velho como eu não me sinto velho. Mas tenho a lucidez suficiente para ver que, com 83 anos, sou realmente um velho. Um velho que se mantém bem e que trabalha. Isso dá-me a impressão falsa de que nada do que escrevi sobre a velhice tem que ver comigo.

É distância da velhice do outro tal como a morte é a morte do outro...

Sim, a morte do outro é lógica e natural e necessária. A nossa própria morte é uma injustiça tremenda, uma partida que nos pregam. É como se eu, por não me sentir velho, não o fosse e pensar que nada do que vem de negativo com a velhice me pudesse tocar. É uma estupidez minha, porque chegará o momento em que tudo isso me tocará. Às vezes solto uma frase um pouco pretensiosa. Quando me perguntam como me sinto, digo "Quanto mais velho mais livre e quanto mais livre mais radical." Aplicado ao meu caso isto é certo, mas dizer quanto mais velho mais livre é absurdo, porque a velhice diminui, retira, anula e, com tudo isto, tira liberdade. A não ser que tomemos aqui a velhice, como se costuma dizer, como um sinal de sabedoria. Aí, é como se eu me fosse tornando mais sábio e consequentemente mais livre devido a essa sabedoria, e não pela velhice. E quanto mais livre mais radical. Isso sim, gosto de ser.

Na que se pode considerar a segunda parte do livro, a morte passa a avisar quando vem, escrevendo uma carta.

É uma partida diabólica. Mas a morte fez isso com boa intenção. Ela achou que era uma brutalidade fazer com que as pessoas morressem quando estavam com saúde e felizes e que o melhor seria avisar. Acaba por reconhecer que se equivocou uma vez mais. Primeiro, quando renunciou a matar. Depois, quando pretendeu remendar a situação e dizer "Vou regressar, e para que não me acusem de abusadora passarei a avisar." É pior a emenda, porque essas pessoas passam a estar no corredor da morte.

Faz, depois, um exercício onde tenta esgotar as várias possibilidades de reagir ao comunicado mortal.

Sim. Tudo pode acontecer reconciliar-se com o irmão com quem cortou relações, fazer testamentos, pagar impostos em dívida, ou dedicar os últimos dias a uma orgia de álcool e sexo.

Como acha que reagiria ao ser o destinatário de uma tal missiva?

Não sei. Álcool não, porque nunca fui dado a isso e não veria aí satisfação. No sexo sim, enquanto me fosse possível. Acho que o sexo é a única coisa verdadeiramente possível, ou melhor, é a única coisa que verdadeiramente não é impossível. Uma relação sexual pode existir em qualquer momento ou em qualquer idade, nem que não se concretize pela penetração física de um corpo no outro. O sexo não se limita a isso. Iria tentar viver esses dias em paz, procurar aquilo a que chamamos paz interior, que não seria nunca resignação. Seria a aceitação do facto. E tendo por companhia a minha mulher. Oito dias para se despedir são oito vezes em que o Sol nasce e em que o Sol se põe, oito dias para viver com as pessoas, olhar as árvores, respirar o ar. É uma eternidade, um tempo acrescentado à vida.

Um pouco como acontece com o violoncelista?

Sim, que já devia estar morto e não sabia. Estava vivo num tempo que, em princípio, não lhe pertencia. Mas quando a morte diz "Você morre daqui a oito dias, no fundo já o está a matar nesse momento." Aí, é o princípio da morte.

Acha que o fim da morte é o fim da ideia de Deus?

Creio que sim. Seria horrível se fôssemos imortais nesta vida. O tempo não pára e estaríamos condenados a uma velhice eterna que é a pior coisa que poderia suceder. Com a morte, prometem-nos a vida eterna numa outra vida e a Igreja, nesse caso, diz-nos que ficaremos a contemplar a face do Senhor. Parece-me que ficar a contemplar a face do Senhor para toda a eternidade é um bocado forte.

Até porque não acredita no Senhor...

No Senhor, como Deus, realmente não acredito. Em mim, tudo rejeita sequer a possibilidade dialéctica ou retórica da existência de um Deus porque eu não saberia onde colocá-lo. Há uma pergunta que parece que não é costume fazer-se mas que deve ser feita e para que é que Deus haveria de querer criar um universo? Qual era o objectivo de Deus criando o universo tal como ele é? É uma questão inicial.

No livro, porque escolheu a Suite n.º 6 de Bach para despedida?

Porque gosto e porque são suites para violoncelo solo. Quando era muito mais novo, comecei a estudar música na Academia dos Amadores de Música com a ideia de vir a tocar violoncelo. Nunca lhe pus as mãos em cima, mas sempre me ficou essa vontade por se tratar de um instrumento cujo som mais se aproxima da voz humana. (Pausa). No princípio do último andamento da Nona Sinfonia, de Beethoven, há um momento com os violoncelos e com os contrabaixos... (trauteia) É lindo! Isto é falar. Aqueles instrumentos falam. Suponho que foi a primeira vez na história da música que um instrumento falou. Como se fosse uma voz humana a articular as palavras do Schiller.

Em Julho de 1997 escrevia num dos Cadernos de Lanzarote "Zeferino Coelho [editor] gostou de Todos os Nomes. Ainda não foi desta vez que o editor torceu o nariz... Mas não tenho ilusões, o dia chegará. Chega sempre." Já chegou? Essa possibilidade angustia-o?"

Sou muito consciente de que até agora não escrevi nenhum livro de que se possa dizer é mau. Mas isso pode suceder um dia e, o pior de tudo, sem que eu tenha a consciência de ter escrito um livro mau. Seria o pior que me podia suceder. Como tenho uma leitora em casa, que também é minha tradutora e, além disso, é minha mulher, espero que, se tal acontecer, ela me diga: "Este não é para publicar." Se ela ceder, por amor, espero que seja o editor a dizer não.



Consultado em: http://lportuguesa.malha.net/content/view/59/49/


Fotografia de José Saramago: Exposição A CONSISTÊNCIA DOS SONHOS, sobre a vida e obra de JS, no Palácio da Ajuda, em 2008. Foto de Noémia Santos

05 novembro 2010

Contrato de Leitura


Estão já escolhidos os livros para o CONCURSO NACIONAL DE LEITURA - fase 1, prova a nível da escola (a realizar em 6 de Janeiro).
José Saramago, As Intermitências da Morte, ed. Caminho
Markus Zusak, A Rapariga que Roubava Livros, ed. Presença
Stieg Larsson, Os Homens que Odeiam as Mulheres, Millenium I, ed. Asa/Oceanos
Como no ano anterior, proponho que aproveitem a ocasião para o Contrato de Leitura e, sem prejuízo de outras escolhas, acho que é uma boa ideia lermos, confrontarmos leituras, reflectirmos sobre as questões colocadas por estes livros.
A Biblioteca da escola vai adquirir vários exemplares (5) de cada livro.
Se quiserem comprar, aqui ficam os preços de referência (há sítios me que pode variar): As Intermitências, cerca de 15-16 € (há sítios onde fazem promoções deste e de outros livros do Saramago); A Rapariga ..., cerca de 21-22 €; Os Homens, c. de 19 €.
Em próxima mensagem, darei pormenores.

01 novembro 2010

Outra forma de testar o sentido crítico

Filme vencedor do prémio de animação 2010

O importante é reflectir, tentar perceber o alcance do trabalho.
Deixem comentários!