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20 abril 2009

Espectáculo Teatral baseado em Memorial do Convento

Após teres assistido, no dia 14, no Teatro-Cine, à representação de Memorial do Convento, adaptado da obra homónima de José Saramago, e teres reflectido com a professora e a turma sobre o espectáculo, está na altura de escreveres o texto crítico, de acordo com o solicitado no último ponto do guião da actividade. Como acordado, os textos destinam-se a ser enviados ao encenador e aos actores da Casa dos Afectos.


Imagem do espectáculo Memorial do Convento, pela Companhia Casa dos Afectos.
Com adaptação, dramaturgia e encenação da responsabilidade de João Nuno Esteves, a peça conta com a participação dos actores André Albuquerque, Boygui, Catarina Gouveia, João Nuno Esteves, Nuno Fradique, Sérgio Narval e Tânia Leonardo. A concepção musical é de José Maria Almeida, os figurinos e adereços de Ana Bandeira, a luz e o som estão a cargo de José Manuel Almeida e Carlos Jorge Bernardes.

“Ao fazermos a abordagem inicial a este texto, para a respectiva adaptação teatral e, atendendo a que ele se destina a ser maioritariamente apresentado a públicos escolares, tivemos a preocupação de manter o mais intactas possível as linhas mestras que fazem desta genial obra uns dos grandes livros as literatura do século XX, sem contudo deixarmos de apresentar, como é perfeitamente lógico, a nossa própria visão, ou leitura se preferirem, da dita obra”( João Nuno Esteves)
A Casa dos Afectos - Associação de Intervenção Cultural - é um projecto de intervenção cultural vocacionado para a produção artística de espetáculos para divulgação, desenvolvimento e valorização da cultura portuguesa, nomeadamente nos domínios do teatro, poesia, literatura e música.
Este romance tem despertado o interesse de várias companhias de teatro. Regista-se um conjunto de fotografias de um espectáculo promovido pelo Teatro Nacional D. Maria II, de que poderás saber mais através de um dossier completo sobre a obra, as personagens, o autor, o palácio (consultar aqui).









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Nota: Só deves escrever a crítica depois de teres completado o guião. Regista o teu texto em "comentário", para todos poderem ver e dar opinião.

18 abril 2009

Usos Expressivos da Língua em Memorial

Caricatura de José Saramago, pelo cartoonista Vasco
A pedido de vários alunos, aqui fica um apanhado de

Usos Expressivos da Língua em Memorial


Desconstrução e reconstrução das regras de pontuação. Não há, na obra, "ausência de pontuação"; há reconfiguração:


  1. Primazia das vírgulas a assinalar as pausas e mudança de discurso:"Não se lembra de mim, chamavam-me Voadora, Ah, bem me lembro, (...)
  2. Pontos finais são mantidos na mudança de parágrafo e quando é necessário para desfazer ambiguidades - "Boa viagem, Se o encontrar. / Encontrou-o. Seis vezes passara por Lisboa, esta era a sétima."
  3. Exclamações e interrogações não são expressas pela pontuação; são traduzidas:
    - pelo contexto;
    - pela mudança de sujeito emissor (observável pelos pronomes, verbos...)
    - pelo vocabulário. Assim, repara no seguinte exemplo:
    "então achou o homem que procurava, O meu homem, Sim, esse, Não achei, Ai pobrezinha" (último capítulo)
  4. Confluência de registos de língua: Cuidado - "Tirando as expressões enfáticas esta mesma ordem já fora dada antes" . Familiar - "correram o reino de ponta a ponta e não os apanharam". Popular - "Queres tu dizer na tua que a merda é dinheiro, Não, majestade, é o dinheiro que é merda"; "...barriga colada às costas"
  5. Inversão de expressões bíblicas/Jogos de palavras "os santos no oratório... não há melhor"
  6. Quadras populares: "Aqui me traz minha pena com bastante sobressalto, porque quer voar mais alto, a mais queda se condena" (p. 104).Provérbios, ditos e aforismos (alterados, imitados, usados com ironia) - "Deus é grande./Quase tão grande como Deus é a basílica de S. Pedro"
  7. Ecos de outros textos / Intertextualidade
    - Bíblia - Antigo e Novo Testamento
    - Contos tradicionais: "Era uma vez uma rainha que vivia com o seu real marido em palácio..." (p. 260). - Luís de Camões, Os Lusíadas: "O homem, bicho da terra" (p. 65). - Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes: "Estão parados diante do último pano da história de Tobias, aquele onde o amargo fel do peixe restitui a vista ao cego, A amargura é o olhar dos videntes, senhor Domenico Scarlatti,..." (p. 173). - Fernando Pessoa, Mensagem: "Em seu trono entre o brilho das estrelas, com seu manto de noite. solidão, tem aos seus pés o mar novo e as mortas eras, o único imperador que tem, deveras, o globo mundo em sua mão, este tal foi o infante D. Henrique, consoante o louvará o poeta por ora ainda não nascido..." (p. 233).

09 abril 2009

A 14 de Abril, vamos ao Teatro !


Memorial do Convento, de José Saramago

(adaptação teatral da Casa dos Afectos)

Sinopse: Ao fazermos a abordagem inicial a este texto para a respectiva adaptação teatral e, atendendo a que ele se destina a ser maioritariamente apresentado a públicos escolares, tivemos a preocupação de manter o mais intactas possível as linhas mestras que fazem desta genial obra uns dos grandes livros da literatura do século XX, sem, contudo, deixarmos de apresentar, como é perfeitamente lógico, a nossa própria visão, ou leitura, se preferirem, da dita obra.
Palco nu, um andaime em fundo, metáfora de elevação de todas as obras humanas, da vida, da emancipação, de conventos, da perfídia, do amor, da utopia. Todas elas, afinal, em plena construção, permanente. Um coro, uma mole de actores envergando a cor do seu labutante sangue, consciência e ponto intemporal da acção. Acção, essa, onde o tempo se mede apenas pela existência rítmica das palavras e dos corpos suspensos em metáforas, ou andaimes, conforme o olhar. Um rei: um fantoche; o poder aparentemente guiado pelos fios invisíveis de Deus.
A ironia está lá, no livro, na vida, na história. Não fomos nós. Já recebemos este rei e esta rainha vindos assim: pasmados; suspensos; ridículos clowns de si próprios; pérfidos, ignorantes, prepotentes, com muito pouco de humanidade. Já recebemos, dizia, estes monarcas, vindos assim do fundo dos tempos e das memórias.
E o amor: essa torrente de desejo, vítima de todas as mais mortíferas ironias; esse rio de carne em brasa propulsora do maior de todos os sonhos; esse voo de olhares que se explanam entre a cama e o céu, acariciando todas as vontades; a vontade de que o fogo não mata, mas purifica. E todos os poderes metamorfoseados em fé. E ainda a utopia: vontade ancestral dos homens na imitação dos pássaros; na imitação do primeiro som; do primeiro silêncio; da primeira sinfonia da voz. E mais os actores rompendo o corpo com as palavras. Entre o histórico e o romanesco, a narração diverte-se em verbos de palco.

Autor: José Saramago
Adaptação, Dramaturgia e Encenação: João Nuno Esteves
Concepção musical: José Manuel Almeida
Produção: Casa dos Afectos – Associação de Intervenção Cultural
Duração do Espectáculo (minutos): 110
Género Artístico: Tragicomédia
Classificação etária: maiores de 12 anos
Actores (por ordem alfabética): André Albuquerque, Catarina Gouveia, João Nuno Esteves, Liliana Costa, Nuno Fradique, Paulo Palma e Sérgio Narval
Ficha Técnica:
Som: José Manuel Almeida
Luz: Carlos Jorge Bernardes
Figurinos e adereços: Ana Bandeira

Ver sítio da CASA DOS AFECTOS, com os espectáculos disponíveis.
Atenção: o preço é de 5 euros.
A Ficha/guião de apreciação crítica do espectáculo e comparação com o livro será entregue no dia, a todos os alunos.
Quem desejar falar com os actores, deve dizer-mo antecipadamente, para organizarmos o encontro. Se não quiserem fazê-lo, pelo menos enviarão depois os textos críticos para a Companhia.