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10 julho 2010

Leituras de FP

Na poesia do Fernando Pessoa, pode-se referir o poema “Autopsicografia”, como uma descrição do poeta, em que este exprime um fingimento artístico e uma dor sentida e escrita. “ O poeta é um fingidor / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente.”. Há uma enorme adesão de Fernando Pessoa ao uso de binómios: neste poema o poeta faz uma relação entre duas unidades opostas a da sinceridade - fingimento. Como conclusão, na “Autopsicografia” surge uma metáfora entre o coração e o comboio de corda que entretém o coração.

Outra característica na poesia ortónimo de Fernando Pessoa é a evocação de um espaço do passado; em muitos dos seus poemas a principal temática é a sua infância, descrita como um paraíso perdido, como um tempo que jamais voltará. Quando Fernando Pessoa faz uma reflexão sobre a sua infância evoca sentimentos de felicidade e um desejo infinito de lá voltar, comparando com a sua vida actual recorda a infância “como um tempo de ouro” “E eu era feliz? Não sei: / Fui-o outrora agora”.

“Viajar! Perder países! / Ser outro constantemente / Por a alma não ter raízes / de viver de ver somente.” Neste extracto do poema é notável o desejo de mudança que Fernando Pessoa alimenta durante toda a sua poesia, um desejo de liberdade, de leveza, de não ter um sítio para chegar, de não se fixar num lugar. Conclui-se, então, que na poesia do ortónimo, o sujeito poético é uma pessoa consciente, com um desejo de mudança, de imaginação, de criação, como o próprio diz: “eu não sou sonhador, mas sou um sonhador exclusivamente”. Utilizando toda a sua consciência e racionalidade, Fernando Pessoa procura conhecer toda a humanidade através de si próprio.

Trabalho enviado por João Félix

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