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10 julho 2010

Criança, gato, ceifeira...

Em Fernando Pessoa ortónimo existe uma personalidade poética activa, que conserva o nome do seu criador. O ortónimo (no poemas que estudámos) centra-se em três criaturas simples: a ceifeira, o gato e a criança. O poeta ao pensar nestas criaturas alegra-se e entristece-se simultaneamente. No poema dedicado à ceifeira, esta canta pensando que é feliz, o poeta quer ser como ela, inconsciente, não ter de pensar nas coisas e, contudo, ter a consciência de toda a inconsciência, como se pode ler nos versos “Ter a tua alegre inconsciência / E a consciência disso!”.

Já no poema “Gato que brincas na rua”, Fernando Pessoa deixa evidente a temática da fragmentação do “Eu”, referida nos versos “Eu vejo-me e estou sem mim / Conheço-me e não sou eu”. O sujeito poético compara-se com o gato até mesmo no que diz respeito a este tema e pode-se confirmar que, ao contrário do “Eu”, o gato não[vive a angústia da dispersão do eu, da fragmentação existencial]  através dos seguintes versos: “És feliz porque és assim / Todo o nada que és é teu”.

O tema da criança está presente em diversos poemas da obra do ortónimo, “O Menino de sua Mãe”, “Quando as crianças brincam” e “Pobre velha música”, põe exemplo. Em todos estes poemas, o sujeito vai “sentir” uma nostalgia em relação à infância, ficando com pena de não a ter vivido com a intensidade que desejava, conforme se pode constatar nos versos: “Quando era criança”, “Quando as crianças brincam”, “E toda aquela infância / Que não tive me vem” e “Nessa minha infância / Que me lembra de ti”. Este tema para Fernando Pessoa e seus heterónimos merece um ponto de destaque. Sendo a criança uma criatura livre, despreocupada, a infância também o vai ser, sendo esta chamada a idade d’ouro.


Ricardo Pinto 12º C

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