"Fernando Pessoa não existe, propriamente falando. Quem nos disse foi Álvaro de Campos, um dos personagens inventados por Pessoa para lhe poupar o esforço e o incómodo de viver.
E para lhe poupar o esforço de organizar e publicar o que há de mais rico na sua prosa, Pessoa inventou o Livro do Desassossego,
que nunca existiu, propriamente falando, e que nunca poderá existir. O que temos aqui não é um livro mas a sua subversão e negação, o livro em potência, o livro em plena ruína, o livro-sonho, o livro-desespero, o antilivro, além de além de qualquer literatura".
Richard Zenith
Dispormos do Livro do Desassossego online é um acontecimento.
Tem muito a ver com a discussão do nosso debate.
2 comentários:
Na poesia ortónima de Fernando Pessoa existe, a meu ver, uma estrofe do texto Autopsicografia que traduz a ideia principal desta escrita: "O poeta é um fingidor./ Finge tão completamente/ Que chega a fingir que é dor/ A dor que deveras sentes."
Tal como disse Fernando Pessoa, "um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos" mas, neste caso, o poeta não tem necessáriamente de sentir o que escreve e é por isso que Fernando Pessoa se tornou um dos maiores génios da literatura. Foi esta sua capacidade de inerpretar e compreender as coisas e as pessoas à sua volta, ou melhor, foi a sua capacidade de "abrir a janela para dentro". "O hábito único de sonhar possibilitou uma extraordinária nitidez de visão interior".
Quando se fala na poesia ortónima de Fernando Pessoa também se pode associar a uma unidade de opostos, ou seja, binómios. Consciência-Inconsciêcia e sentir-pensar são dois binómios em que Fernando Pessoa se baseia. Por exemplo no poema "Ela canta, pobre ceifeira" está presente o binómio consciência-Inconsciência, por exemplo: "Ter a tua alegre inconsciência/ E a consciência disso!". No poema "Isto", por outro lado, o binómio sentir-pensar pode-se notar na 1ª estrofe: "Eu simplesmente sinto/ Com a imaginação./ Não uso o coração".
Ou seja, conclui-se que Fernando Pessoa adopta uma postura e consciência que "o poeta é um fingidor" e tudo o que escreve não é resultante dos seus sentimentos ou estado de espírito, mas sim de uma capacidade intelectual de "sentir com a imaginção"...
João Francisco Bastos nº 12
João Francisco
Obrigada pelo teu contributo.
Está bem (para esta fase, claro!).
Creio que poderás melhorar o seguinte:
1. Em "e compreender as coisas e as pessoas à sua volta, ou melhor, foi a sua capacidade de "abrir a janela para dentro". - clarificar em que medida olhar para dentro foi a forma de compreender os outros, referindo, por exemplo, a multiplicação,a "despersonalização,o chegar à unidade através da diversidade.
2. Em "Pessoa adopta uma postura e consciência que "o poeta é um fingidor", reescrever; sugiro deites fora a "postura"(questao de voc.) e melhore a sintaxe.
Atenção ainda às palavras "necessariamente" (adv. modo já não têm acento gráfico) e"interpretar".
NS
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