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17 setembro 2009

Bom 2009-2010 !


2009 Ano Internacional da Astronomia

Ao 12º C
Espero que este ano possa vir a ter o brilho das estrelas no firmamento da vossa vida e que este espaço possa ser interessante e útil para o vosso trabalho, a Português.
A qualidade da vossa participação será, naturalmente, uma peça-chave para o sucesso que possa ter.


Como não temos tempo a perder, aqui ficam as sugestões (eufemismo para trabalho que deve/tem de ser feito):

  • Consultar no GAVE os cenários de resposta da Prova 639 (2ª fase).

  • Ler a Crónica de RAP que aqui reproduzo. Tomem notas, pensem no assunto, preparem-se para apoiar ou criticar, na 2ª feira. Ou enviem desde já os vossos comentários!






Nunca é tarde para aprender a lavar as mãos

A tão negligenciada literatura de casa de banho acaba de obter o significativo patrocínio do Estado. O recente panfleto que a Direcção-Geral de Saúde espalhou por todas as casas de banho públicas do País é, antes de tudo, inquietante - como toda a boa literatura deve ser. Intitulado "Como lavar as mãos?", o texto começa por ser magistral no modo como manipula a arrogância do leitor para, em primeiro lugar, provocar o riso. Um riso que depressa se torna amargo: em poucos segundos, o mesmo leitor que intimamente escarneceu da intenção de quem se propunha ensinar-lhe insignificâncias é tomado pelo assombro de verificar que nunca, em toda a vida, teve as mãos verdadeiramente lavadas. O panfleto apresenta um plano de lavagem das mãos em 12 (doze) passos, incluindo manobras de esterilização com as quais o cidadão médio jamais terá sonhado. Não haja dúvidas: estamos perante um compêndio da higiene manual e digital, uma bíblia da desinfecção do carpo e metacarpo. Este detalhado e rigoroso guia não deixa nem uma falangeta por purificar. Mas - e isto é que é terrível -, ao mesmo tempo que o faz, esfrega-nos na cara a nossa imundície passada e presente.


Ao primeiro passo da boa lavagem de mãos é atribuído, misteriosamente, o número zero: "Molhe as mãos com água." Trata-se, é claro, de um momento propedêutico em relação à lavagem propriamente dita, mas não deixa de ser surpreendente que a Direcção-Geral de Saúde não lhe reconheça dignidade suficiente para lhe atribuir um número natural. O passo número um vem então a ser o seguinte: "Aplique sabão para cobrir todas as superfícies das mãos." É aqui que começa a vergonha. Quem sempre ensaboou não deixará de sentir a humilhação de nunca ter aplicado sabão. A instrução encontra na linguística um cruel elemento diferenciador do grau de asseio: quem sabe lavar-se aplica sabão; os porcos ensaboam-se. Porcos esses que, como é óbvio, olham pela primeira vez para as mãos como extremidades dotadas de uma pluralidade de superfícies.


No passo número dois ("Esfregue as palmas das mãos, uma na outra", recomendação acompanhada de um desenho em que duas mãos se esfregam em movimentos circulares contrários ao movimento dos ponteiros do relógio), quem sempre esfregou no sentido inverso, como é o meu caso, sente que desperdiçou uma vida inteira de higiene pessoal. Os passos seguintes fazem o mesmo, embora em menor grau: em terceiro lugar há que "esfregar a palma da mão direita no dorso da esquerda, com os dedos entrelaçados, e vice-versa"; o quarto passo apela a que se esfregue "palma com palma com os dedos entrelaçados"; e o quinto passo aconselha uma fricção da "parte de trás dos dedos nas palmas opostas com os dedos entrelaçados". Bem ou mal, com os dedos mais ou menos entrelaçados, estes passos descrevem esfregas que estão ao alcance da imaginação de qualquer pessoa. A partir daqui, o caso piora de novo. O passo seis determina que se "esfregue o polegar esquerdo em sentido rotativo, entrelaçado na palma direita e vice-versa", em movimentos semelhantes aos que se fazem quando se acelera numa motorizada, e o passo sete recomenda que se "esfregue rotativamente para trás e para a frente os dedos da mão direita na palma da mão esquerda e vice-versa". O cuidado posto nestes preceitos amesquinha quem até aqui se limitava a esfregar as mãos uma na outra, descurando, por exemplo, o papel que os dedos devem desempenhar, e logo rotativamente, na higiene.


Enxaguar as mãos é o passo oito. Secar as mãos com toalhete descartável, o passo nove. Mas o passo dez volta a revelar que o processo é complexo: "Utilize o toalhete para fechar a torneira, se esta for de comando manual." A torneira deve, por isso, continuar a correr durante todo o passo nove, provavelmente para prevenir eventuais emergências de enxaguamento, sendo fechada apenas no passo dez. O décimo primeiro passo é o mais interessante: "Agora as suas mãos estão limpas e seguras." A contemplação da limpeza e segurança das mãos constitui, portanto, um passo autónomo neste processo de lavagem manual. No fim da lavagem, falta apenas, com as mãos impecavelmente limpas (e seguras), sair da casa de banho abrindo a porta em que toda a gente mexeu. E, creio, voltar atrás para repetir o processo.


Ricardo Araújo Pereira, VISÃO, 20 de Agosto de 2009 Consultar a VISÃO online (tem mais crónicas e bons artigos para reflectir).


A imagem que ilustra o Ano Internacional da Astronomia foi retirada no blog
astromia-algarve.blogspot.com

11 comentários:

Anónimo disse...

Quais são os nossos medos?
- Perder as pessoas que mais amamos

As nossas dúvidas?
- A nossa vocação e futuro profissional
- A morte

As nossas esperanças?
- Ter sucesso pessoal, escolar e profissional

A forma como vemos os outros?
- Com base nas atitudes que os outros têm

O modo como estamos no mundo?
- Despreocupados


David Santos nº6
Emanuel Franco nº8
Fábio Ramos nº9
Filipa Antunes nº10

Laura Caetano disse...

Em 2009...

...quais os nossos medos?
-Uma nova Guerra Mundial
-Energia Nuclear
-Desastres Naturais

...quais as nossas dúvidas?
-Política
-Métodos contraceptivos

...quais as nossas esperanças?
-Acabar com a fome
-Acabar com a desigualdade mundial

...qual a forma como vemos os outros?
-com egoísmo
-com individualismo

...qual o modo como estamos no mundo?
-despreocupados

12ºC
-João Félix; João Francisco Bastos; José Cruz; Laura Caetano

Rúben Cardoso disse...

Em 2009...
...quais os nossos medos?
- A Morte / A Perda
- Falhar
- A Humilhação

...quais as nossas duvidas?
- o nosso futuro
- a nossa carreira

...quais as nossas esperanças?
- Auto-concretização
- Sermos felizes

...qual a forma como vemos os outros?
- com curiosidade
- com alguns egoismo

...qual o modo como estamos no mundo?
- Despreocupados

12.ºC
Cristiana
Rúben
Sérgio
Steffany
Tomás

Miguel Machado disse...

-Os nossos medos.
Guerra
Pandemias
Escassez de recursos
Aquecimento global
Fome

-As nossas duvidas.
Emprego / reforma
Segurança
Sistema governamental eficiente

-As nossas esperanças
sucesso profissional
Igualdade social
Estabilidade financeira

-Forma como vemos os outros.
Precipitada
Injusta
critica

-Forma como estamos no mundo.
Egoista
Despreocupada

Grupo: Miguel Machado nº18
Nuno Jose Silva nº19
Pedro Miranda nº20
Raquel Bento nº21

Turma:12ºC

Anónimo disse...

Os nossos medos.
- Medo de falar com os outros
- Medo de confiar nos outros
- Medo de nao alcançar as expectativas
- Medo que os outros não gostem de nós

As nossas dúvidas.
- Não saber oque o futuro nos reserva
- Será que os outros gostam de nos?
- Será que vamos conseguir realizar os nossos sonhos?

As nossas esperanças.
- Esperamos por um mundo melhor
- esperamos que haja emprego no futuro

A forma como olhamos os outros.
- Apenas pelo exterior.
- Com uma frieza e de forma superficial.

O modo como estamos no mundo.
- Levamos o dia-a-dia muito a sério
- Não aproveirtamos a oportunidade que este mundo nos dá

Margarida
Mariana
Ricardo
Ricardo

12º C

João Francisco Bastos disse...

Na crónica de Ricardo Araújo Pereira cujo a ideia principal é comentar o recente panfleto da Direcção-Geral de Saúdeintitulado: "Como lavar as mãos?" sendo por vezes vista de uma forma ousada devido a ser criticada numa altura de pandemia (a Gripe A)
Ao ler esta crónica é possivel que se pense que o cronista é um cómico de mau gosto ao gozar com um assunto tão sério, mas se observar com mais atenção a forma como ele a critica, facilmente se percebe que ele não se refere à tentativa de minimizar a pandemia da parte do governo, mas sim ao exagero e à inquerência desnecessária a uma simples explicação de como lavar as mãos.
No último parágrafo o autor ridiculariza todo o texto dizendo que depois de efectuar o processo descrito no panfleto (os 11 passos de coimo lavar as mãos) a pessoa irá abrir a porta da casa de banho e terá que repetir todo o processo.

-João félix
-João Francisco Bastos
-Miguel Machado

Laura disse...

Esmiuçando um assunto da actualidade, relacionando conceitos com espírito crítico que convergem num grande sentido de humos, Ricardo Araújo Pereira recorre à ironia para evidenciar o exacerbo e a ignorância presentes ao longo de doze passos que descrevem um tão simples mas complicado gesto de lavar as mãos.
A opinião pública pressiona o governo, tanto criticando quando são tomadas decisões como acusando-o de não intervir.
Sugerindo uma intensa complexidade nas várias manobras de execução, este processo acaba por pôr em causa a sua finalidade .
Agora que o povo tem à sua disposição os ensinamentos de como lavar as mãos, o país andará para a frente ou vai continuar a lavar as mãos para ver se não deixa rasto da corrupção que se vive nos que nos ensinam os tão preciosos cuidados de higiene?
Secalhar esta é a verdadeira questão.

12ºC José Cruz, Laura Caetano, Pedro Miranda e Raquel Bento

Catarina Custódio disse...

A escrita de Ricardo Araújo Pereira é, por vezes, desvalorizada pela maioria de nós. O leitor tende a considerá-la como uma divertida crónica da sociedade e dos seus costumes, mas chega a desprezar o que o humorista transmite nas “entrelinhas”.
De carácter crítico, como é já habitual nos seus textos, Ricardo Araújo Pereira domina na perfeição a ironia, que nos leva a ver a realidade incrédula em que vivemos. Este texto contesta o procedimento minucioso, elaborado pela Direcção Geral de Saúde sobre como se deve lavar as mãos, de modo a evitar o contágio do vírus. Não que o autor esteja a criticar esta iniciativa, mas sim o modo como está estruturada: obriga os cidadãos a lerem alguns dos passos por duas vezes, ora por serem tão óbvios que são inacreditáveis, tal como “molhe as mãos com água”, ora tão complexos que não os conseguimos executar apenas com uma leitura, por exemplo “parte de trás dos dedos nas palmas opostas com os dedos entrelaçados”.
Critica-se assim, a inutilidade deste processo. Mas, que mais poderíamos fazer para nos protegermos da gripe A? Se não fossem tomadas quaisquer medidas, criticaríamos. Assim fazemos o mesmo. Não será porque há, de facto, pouco a fazer?

12ºC Ana Gomes, Bruno Vale, Catarina Custódio, David Santos, Filipa Antunes

Anónimo disse...

Na crónica de Ricardo Araújo Pereira "Nunca é tarde para aprender a lavar as mãos" é, como sempre, um texto repleto de ironia. Mas a ironia deste não se trata de uma ironia qualquer, ao estilo de Gil Vicente, Ricardo Pereira usa este recurso de estilo para criticar.
Este autor ironiza as ideias propostas, para as medidas prevenção, do estado, ensinando-nos a lavar as mãos ao longo de 12 (doze) passos, tomando-nos por uns inúteis, como está explícito no passo zero - molhar as mãos.
Podemos então ver, que a lavagem de mãos é uma medida de prevenção mal concebida, pois após o ridículo esfreganço de mãos com e sem rotação dos dedos acabamos por apanhar o vírus, pelo simples contacto com a torneira, ou se esta for automática, quando vamos a sair com as mãos magistralmente limpas e seguras, no momento em que tocamos na porta.
Concluimos assim, que o tempo que perdemos a lavar as mãos não compensa o tempo que perdemos na fila de espera para comprar Tamiflu, visto que com ou sem lavagem de mãos acabamos por ser contagiados com o simples rodar de uma maçaneta, acabando por ter de voltar atrás e refazer o ciclo todo.


Margarida
Mariana
Ricardo
Ricardo

12º C

Noémia Santos disse...

Texto do João Francisco Bastos e C&A

Já publiquei o vosso texto, devidamente corrigido. Gostei de o ler.

No entanto, se há algumas alterações que são de clareza ou melhoria de vocabulário, atenção porque também há erros, fáceis de emendar se tivesse havido revisão. OK?

Exemplos:
- "cujo a" - em vez de "cuja"
- o gerúndio "sendo" não pode ocorrer; bastará retirar a forma verbal «a ideia principal é comentar o recente panfleto da Direcção-Geral de Saúde intitulado: "Como lavar as mãos?", por vezes vista ...»

- "inquerência" não existe; seria "incoerência"? para além da questão ortográfica, creio que pode escolher outra palavra ou explicar porque é incoerente.

- há problema semântico e de coerência interna em "se percebe que ele não se refere à tentativa de minimizar a pandemia da parte do governo": nãoé o governo que pode ser acusado de minimizar a gripe, mas o texto de RAP.

Obrigada
Até à próxima!

Tomás disse...

Actualmente a gripe A é cada vez mais um motivo de destaque na sociedade. Dado o excesso de atenção que esta enfermidade obteve em tão curto espaço de tempo torna-a vulnerável à banalidade e ao ridículo.
Uma das medidas implementadas pelo governo para a prevenção do contágio deste vírus visa um plano de 12(doze) passos de lavagem das mãos que surpreende a população dada a complexidade de um processo aparentemente simples.
Como era esperado Ricardo Araújo Pereira aproveitou esta nova "literatura de casa de banho" para lançar mais um dos seus famosos comentários. A ironia deste fedorento cronista complementa-se à do próprio panfleto dando origem a uma grande ensaboadela - ou aplicação de sabão - nos autores do segundo.
Pelo nosso ponto de vista, estas medidas são importantes dada a gravidade da situação e pela própria higiene da sociedade em geral, no entanto este "novo" processo torna ridículo um acto rotineiro do quotidiano da população portuguesa.