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17 junho 2008

"Reflexões do Poeta - Camões, uma voz crítica"


Lembram-se deste título? Era o de uma das nossas edições sobre Os Lusíadas (Janeiro e Fevereiro). Espero que a prova tenha corrido bem. Sem surpresas, saiu Camões.
Enquanto não chega a correcção (consulta aqui o sítio do GAVE ), relembro alguns dos conteúdos desse dia. Há mais, lá para trás.


Camões - em Os Lusíadas, como Fernando Pessoa, em Mensagem, apresentam uma visão sacrificial da heroicidade: para ser grande, para vencer as limitações do "fraco humano" é necessário lutar, esforçar-se, enfrentar os medos, ousar, apesar de sermos "bicho da terra tão pequeno".

Deixo, em destaque, mais dois dos textos realizados pelos colegas.

RESPOSTA AO VELHO DO RESTELO

Ó sábio senhor, tudo o que dizeis terá o seu fundo de verdade. Porém, não terão valido a pena os perigos que enfrentámos, para todo o conhecimento e glória alcançados até hoje?
Meu venerando senhor ... A busca da sabedoria e de novos mundos é uma causa nobre. Foram o sonho e a coragem de concretizá-lo que moveram o Homem ao longo dos séculos e continuarão a guiá-lo pelos tempos vindouros. Foi com esses valores que se conseguiram grandes feitos e é graças a eles que há hoje civilização. Se, aliás, estes não existissem, não estaríamos agora a ter esta discussão, pois nem a própria língua existiria.Como todos sabemos a morte é a única certeza que temos, logo por que não fazer com que a vida tenha algum sentido? Porquê ficar parado à espera que a morte venha? Tudo o que temos hoje, todos os grandes feitos ao longo da História devem-se a homens com um espírito sonhador, curioso e corajoso, e de aventura e de luta pela busca de novos mundos e novas artes e engenho. Porque a História fez-se com riscos, que podemos dizer hoje que valeram a pena, assim como o mesmo dirão, dos que enfrentaremos, as gerações vindouras.

Inês, André e Carlos 12ºH
21 Fevereiro, 2008 16:11


As estrofes 96,97,98 e 99 do canto VIII estão incluídas no plano do poeta. Estas estrofes têm uma forte intenção crítica e fazem referência ao poder do dinheiro na vida das pessoas. O poeta diz que o dinheiro transforma os indivíduos ("Quanto no rico, assi como no pobre, /Pode o vil interesse e sede immiga/Do dinheiro, que a tudo nos obriga."estrofe 96 verso 6-8), que desde a antiguidade já se traía pelo dinheiro (" A Polidoro mata o Rei Treício, /Só por ficar senhor do grão tesouro; /Entra, pelo fortissimo edifício," estrofe 97 v. 1-3), faz esquecer o amor à pátria e aos amigos (" Faz tradores e falsos os amigos;(...) /E entrega capitães aos inimigos;" estrofe 98 v. 2 e 4), muda a justiça ("...este faz e desfaz leis;" estrofe 99 v. 2).
Este tema encontra-se actual, pois nos dias de hoje tudo se faz pelo dinheiro: na justiça o dinheiro paga as cauções, serve para fazer subornos, colocando os interesses pessoais acima de tudo e todos. O dinheiro apesar de ser necessário à sobrevivência também cria corrupção e muda as pessoas maioritariamente pela negativa.

Diogo Jorge

Diogo Bessa

IvoRodrigo

12ºB, 30 Janeiro, 2008 20:45

15 junho 2008

"Sair do sofá"

Hoje em dia pode fazer-se quase tudo, senão mesmo tudo, sem se sair da casa, desde encomendar comida, a pagar os impostos, passando pelas encomendas por catálogo, tanto de roupa como de outros bens. Isto vai influenciar o estilo de vida doméstico das pessoas pois, se há menos necessidade de tratar de certos assuntos na rua, o tempo que se passa em casa aumenta e passa a haver uma maior preocupação com os espaços interiores, de modo a tornar o tempo que se passa em casa mais agradável. O avanço da tecnologia é um factor extremamente relevante nesta tendência. Mas não é só este tipo de avanços e modernizações que influencia este estilo de vida. As televisões, os computadores, as consolas, os telemóveis, não passam de entretenimento fácil e acessível à distância dum dedo. Tornámo-nos autênticos sedentários, sendo o único tipo de exercício que fazemos o de ir à casa de banho.

É importante lembrar que o ser humano é um animal feito para socializar, conviver e viver em grupo. Não nos podemos esquecer que existe vida para além das quatro paredes que nos rodeiam, mesmo que essas tenham sido estilizadas por algum designer famoso. Não digo que devemos descurar o ambiente privado, afinal, uma pessoa deve sentir-se bem na sua casa, mas não faz mal nenhum sair desse sofá extremamente confortável para ir apanhar ar numa cadeira (não menos confortável) duma esplanada com um ou dois amigos ou simplesmente dar uma volta bem acompanhado.


Ana Catarina12ºH
13 Junho, 2008 01:12

Diálogo Intercultural

Diálogo intercultural: necessidade ou miragem?

Actualmente, poucos são aqueles que não sabem, pelo menos, duas línguas, nomeadamente a sua língua materna e inglês e muitos procuram alargar os seus horizontes, aprendendo francês, espanhol, mandarim, etc. Tudo isto porque, cada vez mais, a mobilidade é maior e nos vamos dando conta da importância do diálogo intercultural, da ligação entre culturas.

O diálogo intercultural permite relações de cooperação e de interajuda. A sua ausência tem ou pode ter prejuízos devastadores. Repare-se no caso recente de Myanmar, que, sendo um estado ditatorial, não permitiu a ajuda de outros países e milhares de pessoas, em consequência de um sismo e de cheias, ficaram desalojadas ou morreram.

Além disso, o diálogo intercultural abre as fronteiras ao desenvolvimento e enriquecimento social e, consequentemente, ao desenvolvimento económico. Exemplo disso é o programa Erasmus ou o mais recente Tratado de Bolonha, que incutem novas formas de pensar e permitem aos jovens , desde cedo, a mobilidade e a criação de relações com outras culturas, aliando a formação académica à formação pessoal. Estas relações trarão benefícios, de um ponto de vista mais alargado, aos países de origem, pois as bagagens culturais destes jovens primarão pela versatilidade e permitirão novas ideias e conquistas.
O diálogo intercultural é essencial e inevitável, pois são tantas as tecnologias que promovem o diálogo - telemóvel, televisão, internet... - que, mais cedo ou mais tarde, nos tornaremos mesmo numa aldeia global. Assim, o lema de hoje em dia é abrir, alargar, cooperar e conquistar: abrir portas ao mundo, alargar horizontes/fronteiras, cooperar com os vizinhos e conquistar novos sucessos!
Lisa Moura, 12º H
15 Junho, 2008 13:42

08 junho 2008

Privacidade v/s Liberdade

Big Brother is Watching You


O tema da privacidade versus liberdade foi sempre uma questão polémica. Já em 1948, quando saiu o famoso livro 1984 da autoria de George Orwell, se sentia a preocupação com a violação do direito à privacidade. Hoje em dia é um tema bastante retratado em filmes, livros, músicas… Um excerto da música Privacidade dos Xutos e Pontapés diz: “Quem não deve, não teme/ Abre-me o teu coração/ Em liberdade, fala verdade/ Eu sou o teu Grande Irmão/ Sei onde tu estás/ Sei sempre onde tu estás/ O que sentiste/ O que tu fazes/ O que pensarás/ Quem vive, quem morre/ Quem come, e quem passa fome/ Passa tudo pela minha mão/ Agradece ao Grande Irmão.”

Por um lado todos temos o direito de fazermos o que queremos à porta fechada, desde coçar o rabo a ter conversas que em público não teríamos por pudor, vergonha, ou qualquer outra razão. Por outro, temos o medo, o receio do desconhecido e do que nos possa afectar negativamente: baixar filmes ilegais da internet, assaltos no escuro, construção de bombas caseiras e qualquer outra coisa que possa pôr em risco a segurança ou a integridade pública.
Será que chegámos ao ponto de sermos observados onde quer que estejamos (tudo em nome da segurança!)? Percebo por que é que existem câmaras de segurança nas lojas, nos bancos e nos supermercados, mas essas, em princípio, não estão a violar a privacidade de ninguém uma vez que têm como objectivo controlar roubos e outros delitos e estão dispostas em locais-chave, como as caixas. Nunca em provadores ou casas de banho.
As discussões que creio serem as mais recentes sobre este assunto são acerca da colocação de câmaras de vigilância nas escolas. Entendo que haja escolas que têm problemas de tal forma graves que seja necessário recorrer a esses tipos de vigilância, mas será absolutamente necessário chegar a tanto? Por que é que isso acontece? São escolas em zonas más? Os professores têm medo dos alunos? Por que não aumentar o número de polícias da escola segura pelo recinto? Não há dinheiro? Mas para sistemas de vigilância já há? O essencial é não invadirmos o espaço privado de segundos e terceiros.

Desde que todos saibamos respeitar a liberdade, o espaço e as opiniões dos outros, não há qualquer necessidade de vigilância e violação de privacidade. [...]


Liberdade acima de tudo!

Ana Catarina, 12º H
04 Junho, 2008 22:03


Nota: Imagens obtidas em: [jumento.blogdrive.com] , [blogs.sapo.pt] e [updateordie.com]

06 junho 2008

Pensar o ambiente - um desafio

AVISO
Esta é uma forma
- porventura demasiado contundente -
de nos fazer pensar.
Vê o vídeo.
Julga por ti!

Santa Cruz, Abril 2008

Vale a pena parares para respirar! Ganha inspiração (literalmente...)

INSPIRA (-TE) neste vídeo!

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O físico, os portugueses e Cristiano Ronaldo

"Os portugueses têm desde há uns dias um motivo para esquecer a crise. Chama-se Euro 2008, Campeonato Europeu de Futebol, e tem vindo a ocupar progressivamente o espaço mediático que antes era preenchido com a subida dos preços do petróleo e a crise económica a ela associada. No outro dia liguei a televisão e estava a transmitir o autocarro da selecção, visto de um helicóptero. Mudei de canal e estava a dar o mesmo autocarro, mas filmado agora de um outro helicóptero. Se ganharmos, como é o desejo geral, não quero imaginar o choque de helicópteros em disputa para filmar o autocarro no regresso.

Os desejos não são realidades. É pouco provável que ganhemos os jogos todos até à final e mais improvável ainda que ganhemos a final. Apesar de o seleccionador ser o mesmo do quarto lugar num Mundial e do segundo lugar num Europeu muitos jogadores são diferentes e as circunstâncias são também diferentes. Mas estou convencido de que vamos ganhar com este Euro na Suíça e na Áustria de qualquer maneira. Se ganharmos a final, vai ser, a avaliar pela enorme euforia que já hoje reina, um completo desatino. Havemos de vir em hordas para a rua em longas caravanas automóveis a berrar e buzinar, por mais elevado que esteja na altura o preço do combustível. Esqueceremos por completo a crise. Mas qual crise? Haverá alguma crise? Veremos deputados e ministros bem mais sorridentes do que temos visto. Por outro lado, se não ganharmos, também ganhamos. Ganharemos de qualquer modo, pois não teremos distracções no confronto com a crise que nos assola, sendo mais fácil tornar-nos um país competitivo noutras áreas e não apenas no futebol. Não vou torcer para que a equipa perca, mas esta hipótese não me parece má de todo.

Não estou a ser um velho do Restelo. Por uma razão muito simples: um campeonato europeu de futebol não é propriamente a descoberta do caminho marítimo para a Índia. Nem sequer é o caminho para sair da crise. Ficarei feliz se ganharmos os jogos até à final e também esta. Mas há desafios bem mais importantes para nós. Somos bons com os pés, mas não o somos suficientemente com a cabeça. Porque é que não fazemos o mesmo esforço para entrar no “top ten” da educação que fazemos no futebol? Entrar no “top ten” dos “rankings” PISA, isso sim, é que seria uma proeza que nos poderia orgulhar, a nós que estamos em literacia científica num modesto 27º lugar entre os países da OCDE. Porque é que a Galp, a TMN e a Sagres não investem aí os seus chorudos patrocínios? Porque é que só somos bons a pensar com os pés?"
Prof. Dr. Carlos Fiolhais (Físico. Universidade de Coimbra)
Ver mais sobre os mais diversos temas no blog
[Sobre a Natureza das Coisas]
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Baltasar e Blimunda

Cartaz do filme "Perhaps Love", em [URL: home.wangjianshuo.com/archives/2005]

“Memorial do Convento” - Baltasar e Blimunda -

A relação entre Baltasar e Blimunda é uma lição de vida. Ele é maneta, perdeu uma mão na guerra. Ela tem poderes sobrenaturais, vê o interior das pessoas. Fazem parte do povo, do mais baixo nível da sociedade, são alvos de injustiça, não têm bens materiais de valor, vivem as mais variadas dificuldades ... mas tudo isto é suportado por algo que hoje em dia parece estar em vias de extinção: o amor.

Mas falo de amor verdadeiro, não é daquele amor que algumas amigas dizem sentir umas pelas outras,uma semana depois de se conhecerem, ou daquelas pessoas que têm relações por interesse, como acontece também em “Memorial do Convento” entre D. João V e D. Maria Ana.
Falo do amor que tem a capacidade de unir duas pessoas numa só, capaz de fazer ultrapassar os mais variados obstáculos, capaz de dar força nos momentos mais críticos...isto sim, é amor verdadeiro! E é isso que acontece neste romance: só mediante um amor puro e verdadeiro é que este casal pôde enfrentar as adversidades que enfrentou, sempre unido, e mesmo quando a morte ameaçava ser o destino irreversível para Baltasar, Blimunda retirou-lhe a vontade, salvando-o: "Então Blimunda disse, Vem. desprendeu-se a vontade de Baltasar Sete-Sóis, mas não subiu para as estrelas, se à terra pertencia e a Blimunda."

E é com base nesta história que faço um apelo à sociedade de hoje em dia e que sirva de exemplo. O dinheiro, o poder, os bens materiais...tudo isso é secundário e não vale de nada se não existir amor. O amor é a essência da vida! Amem-se uns aos outros, sejam unidos, lutem em conjunto, partilhem felicidade e tristeza. (...) E lembrem-se, nem todo o dinheiro do Mundo chega para comprar amor!

Assinado: Carlos Gonçalves 12º H nº4
05 Junho, 2008 20:23
José Saramago afirmou, há anos, numa entrevista: "Escrevo para compreender". O desafio que vos lancei não foi menor: o de "ler para compreender". O quê?
Compreender-se a si próprio, compreender os outros, compreender o mundo. Descobrir emoções e pensamentos novos. Olhar, de maneiras novas, temas de sempre. Neste momento de balanço das nossas leituras deste ano, continuam a chegar textos que vale a pena partilhar. Envia o teu texto!
@@@@

05 junho 2008

Temas para pensar e escrever



Trago para aqui a edição já anteriormente disponibilizada com alguns endereços electrónicos com informação actualizada e fiável sobre os temas escolhidos pelas turmas, para reflexão e escrita:
  • ambiente e temas associados - energias renováveis; energia nuclear...
  • direitos humanos e voluntariado
  • protecção de dados; segurança e privacidade dos cidadãos

Aproveitem bem os textos/as informações; encontrarão desde leis a artigos de opinião. Todos os sítios são portugueses, à excepção de um, em Português do Brasil (crítica ao filme Uma Verdade Inconveniente).


Ambiente

http://www.energiasrenovaveis.com/

Glossário sobre energias renováveis
http://www.energiasrenovaveis.com/Glossario.asp?ID_area=19&tipo_area=Null

Definição dos tipos de energias renováveis: "física e química para quem se lembrou hoje que o teste é amanhã!" (fabuloso título!)
http://web.educom.pt/fq/energia/renovaveis.htm

Relatório sobre ambiente - Portugal, 2006 : dados, gráficos, conclusões
http://www.iambiente.pt/portal/page

Várias artigos/opiniões, num blog do Prof.Dr. Carlos Fiolhais e colaboradores
http://dererummundi.blogspot.com/search/label/

Livros sobre Ciência
http://www.cienciaviva.pt/diga/

Livros sobre energias renováveis
http://www.energiasrenovaveis.com/html/canais/biblioteca.htm

"Blog" - opiniões sobre energias renováveis
http://opiniao.energiasrenovaveis.com/

Muitos artigos, entrevistas... sobre ambiente
http://www.youngreporters.org/article.php3?id_article=1466

Crítica ao filme Uma Verdade
http://www.cineplayers.com/critica.php?id=846

Direitos Humanos e Voluntariado



A mais completa lista de textos nacionais e internacionais sobre Direitos Humanos http://www.gddc.pt/direitos-humanos/textos-internacionais-dh/universais.html

Lista de ligações úteis sobre o tema (organizações, conceitos) http://www.fd.uc.pt/hrc/enciclopedia/links.htm

ONU - maior organização intrenacional ligada aos direitos humanos

http://www.un.org/english/

Voluntariado Jovem em Portugal http://www.voluntariadojovem.pt/Projectos/Projectos_pesquisa.asp

Portal europeu da Juventude - Voluntariado europeu http://europa.eu/youth/volunteering

Bolsa de Voluntariado http://www.bolsadovoluntariado.pt/home_voluntario.html

Instituto Português da Juventude

http://juventude.gov.pt/Portal/IPJ/OQueFazemos/Protocolos/Voluntariado/


Privacidade, Direitos do Cidadão, Protecção de Dados


Comissão Nacional de Protecção de Dados

http://www.cnpd.pt/bin/faq/faqcidadao.htm

Lei de protecção dados pessoais
http://www.apdt.org/guia/L/Ldados/lei6798.htm

Novo Cartão do Cidadão (inclui Vídeo de divulgação)
http://www.cartaodecidadao.pt/

Videovigilância nas escolas
http://www.netprof.pt/netprof/servlet/getDocumento?TemaID=NPL0134&id_versao=16156
http://www.escola.gov.pt/projectos_v_descricao.asp

http://dn.sapo.pt/2005/09/14/nacional/pedidos_videovigilancia_duplicam_por.html

O percurso é:

Consultar os sítios. Retirar informação pertinente. Elaborar uma rede semântica necessária ao tratamento do tema. Ponderar a posição a defender. Fazer um plano, por tópicos. Escrever, garantindo: Introdução, desenvolvimento e conclusão (sem pôr estas palavras, claro; deve perceber-se que é conclusão; estar lá escrito que o é, não muda nada).

Boas Leituras!

Excelentes escritas!

01 junho 2008

Opiniões sobre a peça "Felizmente há Luar"

Luís de Sttau Monteiro foi um homem inteligente. Esta peça retrata o que aconteceu em 1817, numa época em que não era nascido, e serve de crítica ao poder, daquela altura, mas não só!

A obra foi escrita em 1961, durante o regime de Salazar, o ditador. Nessa altura, o povo vivia oprimido, sem "liberdade de expressão", sem direitos, sem nada! O poder "dominava" a seu bel-prazer, fazia o que queria, havia a polícia política (PIDE) que prendia todas as pessoas que podessem ser incómodas ao poder, e os seus ideais para o povo era que se mantivesse no seu "cantinho", com muita disciplina à mistura. Não se sabia o significado da palavra democracia. Salazar "ditava", o povo obedecia...a bem ou a mal!
Até que o escritor Luis de Sttau Monteiro, recuou uns anos no passado e "encontrou" uma época em que o clima vivido era semelhante ao da sua altura, e escreveu a obra, falando do passado, mas tratando do presente.
É então feita uma comparação entre as duas épocas, o que foi escrito acerca do que se passou em 1817, adapta-se perfeitamenete ao que na altura se passava em 1961. A intenção do autor era que o povo tivesse consciência do "meio" em que vivia, e que por sua vez "metesse mãos à obra", fizesse alguma coisa. Era como se estivesse a pedir ao povo que se revoltasse. Mas também é claro que os membros do poder não eram estúpidos e perceberam a intenção do autor,e, por isso, prenderam-no e proibiram a representação da peça. O resto estava nas mãos do povo.

Mais tarde, em 1974, ocorreu a Revolução dos Cravos, com Sttau Monteiro a ter uma quota-parte de "responsabilidades". O mínimo que tenho a fazer é agradecer ao autor...Um profundo e sincero Obrigado!
Carlos Gonçalves, nº4,12ºH
15 de Maio, 2008



Representação da peça - os "três conscenciosos governadores do reino"

"Felizmente há luar" retrata a vida em Portugal na segunda década do século XIX e conta algumas situações a que o povo estava sujeito. Denuncia toda a repressão, toda a injustiça, todo o controlo, toda a insegurança existentes na altura da Conspiração de 1817.
Com imenso recurso à ironia (o que torna a peça muito engraçada e agradável de se ler/assistir), Sttau Monteiro caracteriza a sociedade da época: a injustiça dos orgãos do poder, o povo ao qual não era atribuida qualquer importância, a insegurança do povo, pois os denunciantes poderiam ser qualquer um dos que que se encontrasse por perto.

Esta peça baseada em factos históricos passados logo após as invasões francesas aqui em Portugal, acaba também (e agora sim, a verdadeira intenção do autor) por ser uma forte crítica ao regime que se vivia na época da publicação da peça: o regime salazarista. Sttau Monteiro pretende assim que as pessoas ao assistir à peça (o que só foi possível depois do 25 de Abril, porque a Censura proibiu-a) se identifiquem com as personagens, que reconheçam aquelas situações como actuais para assim terem real consciência da injustiça em que vivem e da repressão de que são vítimas, e para que no fim fique na memória a frase de Matilde. "Felizmente há luar", ou seja, felizmente a lua ilumina a noite para que todos possam ver a injustiça em que vivemos e quem sabe...ganhem coragem para se revoltarem.
Susana Filipe, nº14, 12ºJ

Palavras escritas sobre Felizmente...

Actriz representando a personagem de Matilde

Matilde é uma das personagens mais corajosas da peça, é sem dúvida o símbolo maior da mulher que ama e sofre por amar, da mulher corajosa, denunciadora das heresias da igreja e da política, da mulher que arrisca tudo para estar ao lado do "seu herói", uma mulher que só começa a ganhar consciência do país onde vive quando o seu herói é traído pelos seus próprios e é preso, como o cabecilha da rebelião que se conjurara contra a tirania. É então que, indo pedir auxílio para o seu homem, Matilde, profere uma das melhores "falas" da peça, fala essa carregada de ironia, pois tudo o que afirma é exactamente o contrário do que lhe passa no coração, são os valores contrários aos que defende, pois Matilde, a mulher destemida, acredita sim, na verdade; acredita sim, na honestidade, na bondade e na simplicidade acima de qualquer mentira ou qualquer bolsa cheia de moedas ou qualquer fato, por mais respeito que ele traga.
Daniela Félix, nº8, 12ªH

Principal Sousa, representante da igreja, símbolo da convivência da igreja e do poder político, conservador extremista, católico e beato a cem por cento, acha que o povo deve estar e continuar onde sempre esteve e onde sempre foi o seu lugar: a trabalhar, em paz, com a família e com Deus Nosso Senhor sempre presente em suas almas, pois não se quer cá ovelhas negras a espezinhar o quintalinho da Europa que é Portugal. Principal Sousa é então defensor de que os homens não precisam de saber ler nem escrever. Para quê? Para tratar da horta não será necessário de saber ler e muito menos escrever e há que tratar das almas impuras que por essas aldeias têm essa ideia, digna do Diabo.
Daniela Félix, nº 8, 12º H

D. Miguel Forjaz, símbolo do poder político, rege-se pelas principais "ordens", como Deus, Pátria, Família, Hierarquia, Autoridade e Paz Social; defensor extremista destes valores, deseja acabar com todos os arruaceiros, que ousam defrontar o seu poder e a ordem. Não lhe interessa quem leva à fogueira, não lhe interessa quem será o homem que perderá a vida, só lhe interessa que esse homem sirva de exemplo para todos os outros, quer que o cheiro a carne queimada fique para sempre na memória do povo, para que mais ninguém se atreva sequer a pensar, em liberdade, em revoltas, em nada que perturbe a paz e a ordem de Portugal. "Há que provocar esse ardor", há que deixar de exemplo Gomes Freire de Andrade, como o lutador ou guerreiro da liberdade, que acabou queimado na fogueira.
Daniela Félix, nº8, 12ºH

Os tambores, nesta peça, representam uma espécie de ameaça, assim que estes se ouviam o povo recolhia-se e de imediato se calava, mostrando o clima de terror que se vivia então. Neste excerto ("D. Miguel - E agora, meus senhores, ao trabalho. (...) Há que fazer tocar os tambores pelas ruas para se criar um ambiente de receio"), em especial, os sons são muito importantes, na percepção da cena em si, pois sem estas experiências sonoras será bem mais difícil apercebermo-nos do clima de tensão vivido; e são muitos os exemplos: "bramar contra os inimigos de Deus", "dizer aos soldados"; "fazer tocar os tambores"; "os sinos das aldeias a tocar a rebate, a fanfarra"; "os frades aos gritos nos púlpitos"; afinal, "há que incendiar as almas de terror e de medo".
Daniela Félix, nº8, 12ºH

General Gomes Freire de Andrade