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10 outubro 2008

A minha infância

Vamos publicando, aos poucos, alguns excertos dos textos criados pelos colegas do 12º PTG e 12º A, motivados pelo tema da infância em Fernando Pessoa.
Potsdam, 2007
«No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma»
Álvaro de Campos

A minha infância

«(...) Tive uma infância agradável, mas também com momentos tristes e dolorosos. Era uma criança, não me apercebia de nada, estava ali apenas para brincar, sorrir, tentar viver como outra criança qualquer da minha idade; mas lá no fundo sentia que se passava algo. Ainda eu não tinha dois anos quando o meu pai faleceu e seis quando a minha mãe faleceu também. A minha avó tem sido um grande apoio, um grande refúgio. (...)

Muitas histórias se passaram, muitas recordações ficaram na memória, em albúns de fotografias, boas e más, é certo, mas todas com importância.(...) »
C. Macedo
12ºPTG
Pobre velha música!
Não sei por que agrado,
Enche-se de lágrimas
Meu olhar parado.
Recordo outro ouvir-te,
Não sei se te ouvi
Nessa minha infância
Que me lembra em ti.

Com que ânsia tão raiva
Quero aquele outrora!
E eu era feliz? Não sei:
Fui-o outrora agora.
Fernando Pessoa


«Poucas são as memórias da infância, mas as que mais me marcaram têm um grande peso nos dias de hoje. O meu primeiro dia de aulas não é o momento de que me recordo mais, nem o primeiro contacto com os colegas, mas, sem dúvida, foi bastante importante pois foi aí que conheci os meus amigos, com quem cresci, que me ajudaram a passar algumas fases menos boas da infância e que ainda hoje me acompanham.

Uma dessas grandes recordações foi o nascimento do meu irmão. Lembro-me perfeitamente de o meu pai chegar ao pé de mim e dizer com a maior das felicidades que o meu irmõa já tinha nascido - com cinco anos, era a coisa que eu mais queria.

Sendo neta de um acordionista, filha de músicos amadores e rodeada de família também com este passatempo, aos sete anos iniciei a aprendizagem. A música "está-me no sangue"(...) Dá para descansar, libertar a raiva quando se a sente...e neste anos todos tenho vindo a gostar cada vez mais.(...)Há dias em que acho que foi das melhores coisas que me aconteceram.

Por outro lado, nesse mesmo ano, uma notícia abalou a minha família. Essa afectou-me muito e ainda me afecta: lembro-me perfeitamente daquela segunda-feira em que recebi a notícia de um acidente trágico, em que a vítima era o meu padrinho. Tinha 23 anos e a perda abalou muito a nossa família. (...)Outro dos momentos marcantes da minha infância aconteceu tinha eu 10 anos: foi o aparecimento de um cancro no meu pai. Nessa altura não tive a noção do que realmente se passou, mas hoje, em cada conversa que tenho com o meu pai sobre isso, é mais um bocadinho que cresço e me apercebo de quão curta a vida é.
Não me recordo de mais nenhum episódio marcante; todos eles serviram para eu me preparar para esta juventude, que também já está a passar, e para perceber que a vida não é só um sonho.»
J.B.Severiano

12ºPTG


Berlim, 2007

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