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01 junho 2008

Opiniões sobre a peça "Felizmente há Luar"

Luís de Sttau Monteiro foi um homem inteligente. Esta peça retrata o que aconteceu em 1817, numa época em que não era nascido, e serve de crítica ao poder, daquela altura, mas não só!

A obra foi escrita em 1961, durante o regime de Salazar, o ditador. Nessa altura, o povo vivia oprimido, sem "liberdade de expressão", sem direitos, sem nada! O poder "dominava" a seu bel-prazer, fazia o que queria, havia a polícia política (PIDE) que prendia todas as pessoas que podessem ser incómodas ao poder, e os seus ideais para o povo era que se mantivesse no seu "cantinho", com muita disciplina à mistura. Não se sabia o significado da palavra democracia. Salazar "ditava", o povo obedecia...a bem ou a mal!
Até que o escritor Luis de Sttau Monteiro, recuou uns anos no passado e "encontrou" uma época em que o clima vivido era semelhante ao da sua altura, e escreveu a obra, falando do passado, mas tratando do presente.
É então feita uma comparação entre as duas épocas, o que foi escrito acerca do que se passou em 1817, adapta-se perfeitamenete ao que na altura se passava em 1961. A intenção do autor era que o povo tivesse consciência do "meio" em que vivia, e que por sua vez "metesse mãos à obra", fizesse alguma coisa. Era como se estivesse a pedir ao povo que se revoltasse. Mas também é claro que os membros do poder não eram estúpidos e perceberam a intenção do autor,e, por isso, prenderam-no e proibiram a representação da peça. O resto estava nas mãos do povo.

Mais tarde, em 1974, ocorreu a Revolução dos Cravos, com Sttau Monteiro a ter uma quota-parte de "responsabilidades". O mínimo que tenho a fazer é agradecer ao autor...Um profundo e sincero Obrigado!
Carlos Gonçalves, nº4,12ºH
15 de Maio, 2008



Representação da peça - os "três conscenciosos governadores do reino"

"Felizmente há luar" retrata a vida em Portugal na segunda década do século XIX e conta algumas situações a que o povo estava sujeito. Denuncia toda a repressão, toda a injustiça, todo o controlo, toda a insegurança existentes na altura da Conspiração de 1817.
Com imenso recurso à ironia (o que torna a peça muito engraçada e agradável de se ler/assistir), Sttau Monteiro caracteriza a sociedade da época: a injustiça dos orgãos do poder, o povo ao qual não era atribuida qualquer importância, a insegurança do povo, pois os denunciantes poderiam ser qualquer um dos que que se encontrasse por perto.

Esta peça baseada em factos históricos passados logo após as invasões francesas aqui em Portugal, acaba também (e agora sim, a verdadeira intenção do autor) por ser uma forte crítica ao regime que se vivia na época da publicação da peça: o regime salazarista. Sttau Monteiro pretende assim que as pessoas ao assistir à peça (o que só foi possível depois do 25 de Abril, porque a Censura proibiu-a) se identifiquem com as personagens, que reconheçam aquelas situações como actuais para assim terem real consciência da injustiça em que vivem e da repressão de que são vítimas, e para que no fim fique na memória a frase de Matilde. "Felizmente há luar", ou seja, felizmente a lua ilumina a noite para que todos possam ver a injustiça em que vivemos e quem sabe...ganhem coragem para se revoltarem.
Susana Filipe, nº14, 12ºJ

3 comentários:

Noémia Santos disse...

Reitero o pedido de enviarem os interessantes textos que têm escrito sobre a peça para comentários. Poderão ser úteis para todos.

Noémia Santos disse...

Nota: Em geral assinalei lateralmente o texto ou a parte que considerei mais relevante, para vos servir de referência.

Anónimo disse...

Baltasar e Blimunda - “Memorial do Convento”
A relação entre Baltasar e Blimunda é uma lição de vida. Ele é maneta,perdeu uma mão na guerra. Ela tem poderes sobrenaturais,vê o interior das pessoas. Fazem parte do povo, espécie do mais baixo nível da sociedade,são alvos de injustiça,não têm bens materiais de valor,vivem as mais variadas dificuldades ... mas tudo isto é suportado por algo que hoje em dia parece estar em vias de extinção: o amor. Mas falo de amor verdadeiro,não é daquele amor que algumas amigas dizem sentir umas pelas outras,uma semana depois de se conhecerem,ou daquelas pessoas que têm relações por interesse,como acontece também em “Memorial do Convento” entre D. João V e D. Maria. Falo do amor que tem a capacidade de unir duas pessoas numa só, capaz de fazer ultrapassar os mais variados obstáculos,capaz de dar força nos momentos mais críticos...isto sim,é amor verdadeiro! E é isso que acontece nesta peça,só mediante um amor puro e verdadeiro é que este casal pôde enfrentar as adversidades que enfrentou,sempre unidos,e mesmo quando a morte ameaçava ser o destino irreversível para Baltasar,Blimunda retirou-lhe a vontade,salvando-o. E é com base nesta história que faço um apelo á sociedade de hoje em dia e que sirva de exemplo. O dinheiro,o poder,os bens materiais...tudo isso é secundário e não vale de nada se não existir amor. O amor é a essência da vida! Amem-se uns aos outros,sejam unidos,lutem em conjunto,partilhem felicidade e tristeza,verão que será a base da felicidade,o resto virá por acréscimo! E lembrem-se,nem todo o dinheiro do Mundo chega para comprar amor!

Assinado: Carlos Gonçalves 12º H nº4