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19 novembro 2011

"Os Lusíadas" e "Mensagem"


XII
PRECE


Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silencio hostil,
O mar universal e a saüdade.


Mas a chamma, que a vida em nós creou,
Se ainda ha vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a occultou:
A mão do vento pode erguel-a ainda.


Dá o sopro, a aragem – ou desgraça ou ancia –,
Com que a chamma do esforço se remoça,
E outra vez conquistemos a Distancia –
Do mar ou outra, mas que seja nossa!

31-12-1921 ; 1-1-1922

Podem ler no Farol da Letras todos os poemas da Mensagem, na ortografia adoptada pelo poeta. Foi utilizada uma edição de 1945 (a 3ª).

No mesmo sítio dispõem de textos teóricos, de estudiosos pessoanos, sobre "Mensagem", de que destaco um sobre a relação entre "Os Lusíadas" e a "Mensagem", de Jacinto do Prado Coelho.



Deixo, em destaque,  um dos textos realizados por colegas de outro ano letivo, que foram desafiados a responder à fala do Velho do Restelo:

RESPOSTA AO VELHO DO RESTELO

Ó sábio senhor, tudo o que dizeis terá o seu fundo de verdade. Porém, não terão valido a pena os perigos que enfrentámos, para todo o conhecimento e glória alcançados até hoje?
Meu venerando senhor ... A busca da sabedoria e de novos mundos é uma causa nobre. Foram o sonho e a coragem de concretizá-lo que moveram o Homem ao longo dos séculos e continuarão a guiá-lo pelos tempos vindouros. Foi com esses valores que se conseguiram grandes feitos e é graças a eles que há hoje civilização. Se, aliás, estes não existissem, não estaríamos agora a ter esta discussão, pois nem a própria língua existiria.Como todos sabemos a morte é a única certeza que temos, logo por que não fazer com que a vida tenha algum sentido? Porquê ficar parado à espera que a morte venha? Tudo o que temos hoje, todos os grandes feitos ao longo da História devem-se a homens com um espírito sonhador, curioso e corajoso, e de aventura e de luta pela busca de novos mundos e novas artes e engenho. Porque a História fez-se com riscos, que podemos dizer hoje que valeram a pena, assim como o mesmo dirão, dos que enfrentaremos, as gerações vindouras.


Inês, André e Carlos 12ºH

2 comentários:

Noémia Santos disse...

Também penso que a história se faz com riscos. E iniciativa, vontade.

Desejo que esta resposta não seja palavra vã dirigida a um passado, mas projecto de futuro.

Noémia Santos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.