Total visualizações

10 dezembro 2007



PALAVRAS E SANGUE


Giovani Papini



Escrito no início da carreira literária de Giovanni Papini, entre 1907 e 1910, quando este se assumia como sendo um escritor de vanguarda, Palavras e Sangue é um livro onde este autor quebra todas as convenções e qualquer preconceito que pudessem existir nesta época. Explorando vários temas relacionados com a Vida e o Pensamento, desde o amor à religião, cada um meditado em cada conto, Papini apresenta-nos sobre estes a sua reflexão e conclusões aliando a tragédia à comédia, tocando até o absurdo.

Com narrativas caricatas, mas belas, este livro apresenta-se ao leitor como um desafio aliciante, como um convite à reflexão, ao pensamento. Num estilo mordaz e audaz, de uma ironia e sabedoria desarmantes, Papini dá-nos vinte e quatro contos, que são alegorias a algumas verdades da Vida e do Pensamento. Neles a Razão está sempre presente de uma forma algo estranha. Uma Razão que. por vezes, parece não ter razão, parecendo talvez absurda, mas que é, quiçá, aquele sangue de que se fala no título, de onde brotam as palavras reveladoras e a reflexão sobre elas.


Contemporâneo de Fernando Pessoa, curiosamente, algumas das concepções filosóficas que Papini revela neste livro vão ao encontro do pensamento de Pessoa. Exemplo disto é a reflexão que o escritor italiano faz sobre o mundo real e o mundo sonhado/imaginário; a sua conclusão de que o seu mal terrível, e também o de tantos outros, é o pensamento, a reflexão; algumas das suas concepções sobre a Vida; e ainda, o binómio do querer/fazer explorado pelo autor.


Aqui deixo uma passagem que considero reveladora e arrebatadora:





«Homens, perdemos a vida pela morte, consumimos o real pelo imaginário, damos valor aos dias unicamente porque nos conduzem a dias que não terão outro valor senão o de nos levarem a outros dias semelhantes a eles... Homens, toda a nossa vida é um engano atroz, que nós mesmos tecemos em nosso próprio dano, e só os demónios podem rir friamente desta nossa corrida para o espelho que foge». Esta é uma passagem onde o autor defende que vivemos apenas para o futuro.Por tudo o que já referi, sou de opinião de que este livro deve ser lido, reflectido, pensado. Com ele aprendi que a Vida pode ter para cada um diversos sentidos, mas independentemente do sentido ou filosofia de vida que escolhemos, vivemos para o futuro, «o espelho que foge», vivemos com a esperança de concretizar os nossos sonhos, e finalmente, vivemos para receber...a morte.



Inês Joaquim 12ºH


28 Novembro, 2007 19:02

Sem comentários: