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26 novembro 2007

Análise de poema

EsCriTaS


Para exemplificar o trabalho que pedi que fizessem - como treino do pensamento reflexivo e da análise de texto, deixo uma produção referente à "Ode Triunfal". Espero que sirva de estímulo.


"Neste poema está presente um desejo exaltado de sensações, de todas as sensações, de sentir tudo através de todos os sentidos; esta exaltação dá pelo nome de sensacionismo e apareceu com muitos outros -ismos no início do século XX.

Este excesso de sensações resulta assim num movimento frenético, extenuante e ruidoso dado através da adjectivação e da utilização de palavras concretas, como "maquinismos", "lâmpadas eléctricas", "engrenagens", "êmbolos", etc. Este movimento feroz é transmitido também pela antítese, presente, por exemplo, nos versos:"...tudo o que passa e nunca passa!" e "Do tumulto disciplinado das fábricas", e ainda pelo paradoxo, dado, por exemplo, pela expressão "insinceramente sinceros". Um dos recursos mais utilizados neste poema, e talvez o que mais dá a ideia de excesso de sensações, movimento extenuante e mistura de sentidos é a sinestesia. Os versos que mais transmitem este recurso e as ideias anteriormente referidas são os últimos versos deste excerto:"Como eu vos amo de todas as maneiras,/Com os olhos e com os ouvidos e com o olfacto/E com o tacto (o que palpar-vos representa para mim!)/E com a inteligência como uma antena que fazeis vibrar!/Ah, como todos os meus sentidos têm cio de vós!".

Em suma, na "Ode Triunfal", o poeta (quase que) deseja sair de si, sair do seu corpo e entrar em todos os mecanismos desta civilização febril e sedenta de evolução, de vanguardas, de movimento e mudança, o poeta quer sentir tudo, todas as sensações possíveis e impossíveis com todos os sentidos, quer sentir tudo de todas as maneiras.

Inês M., 12ºH
24 Novembro, 2007 12:05

1 comentário:

Anónimo disse...

Franz Kafka - "A Metamorfose"

A obra é bastante actual, tendo sido escrita em 1912 (contextualizada no momento histórico da Crise de "Bélle Époque", que antecede a Primeira Grande Guerra).
Kafka encontra-se no meio de uma crise existencial, religiosa e racional - Crise da Modernidade.
Neste livro fica evidente o desespero do ser, o pessimismo em relação ao futuro; a falta de resposta às questões mais profundas.
"A Metamorfose" é uma obra agressiva. É um resgate de valores e princípios.
A transformação de Gregor Samsa num insecto, remete-nos ao questionamento: - a situação da plena solidão humana;
- a necessidade de isolamento;
- a surpresa (negativa) de certas ocasiões ou momentos.
A situação de Gregor não o permite expressar os seus sentimentos, ficando só consigo mesmo (tristeza).
talvez o facto que ilumina mais fortemente a obra no seu aspecto psicológico, seja o momento em que o pai de Gregor atira disparatadamente maçãs contra este. É então transmitida a noção de que o filho só servira, em tempos, apenas para o sustento comum da família. Agora, transformado num insecto, bem poderia morrer, já não serviria para nada ( um dos meus maiores questionamentos - será que o pai pensava mesmo deta forma e agira assim por pura malvadez? Será que quis mesmo matar o seu filho?).
A morte de Gregor representa, com toda a certeza, a liberdade de todos, principalmente para si, pois é esquecido.
Mas, a maior tranformação ocorre com os outros: - o pai sai da apatia para a actividade;
- a irmã sai da solidão para o convívio;
- a família antes presa no escuro, sai para o sol, para a vida, para um futuro que promete felicidade.
Por mais que um indivíduo pense ser possível viver sozinho, mesmo sendo esquecido, os seu actos produzirão efeitos nos outros.
Esta transcendencia do "eu" para o "outro", pode ganhar imenso sentido filosófico, psicológico.
Joana Matias