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20 abril 2007

As Serras

A sineta repicou... E com um belo fumo claro o comboio desapareceu por trás das fragas altas." (capítulo VIII)



Rolávamos na vertente de uma serra, sobre penhascos que, desabavam até largos socalcos cultivados de vinhedo. Em baixo, numa esplanada, branquejava uma casa nobre, de opulento repouso, com a capelinha muito caiada entre um laranjal maduro.


Pelo rio, onde a água turva e tarda nem se quebrava contra as rochas, descia, com a vela cheia, um barco lento carregado de pipas. (...)
Jacinto acariciava os pêlos corredios do bigode:— 0 Douro, hem?... É interessante, tem grandeza. (cap. VIII)

Com que brilho e inspiração copiosa a compusera o Divino Artista que faz as serras, e que tanto as cuidou, e tão ricamente as dotou, neste seu Portugal bem -amado!
A grandeza igualava a graça. Para os vales, poderosamente cavados, desciam bandos de arvoredos, tão copados e redondos, de um verde tão moço, que eram como um musgo macio onde apetecia cair e rolar. (...) Em todo o torrão, de cada fenda, brotavam flores silvestres. Brancas rochas pelas encostas, alastravam a sólida nudez do seu ventre polido pelo vento e pelo sol.(...) O ar fino e puro entrava na alma, e na alma espalhava alegria e força.
Jacinto adiante, na sua égua ruça, murmurava: — Que beleza! E eu atrás, no burro de Sancho, murmurava: — Que beleza! (cap. VIII)

1. Relê com atenção as várias passagens referentes à descrição da paisagem, de que aqui deixo exemplos. Existem ligações para visitares sítios com boas imagens do Douro.

2. Escolhe as tuas passagens favoritas, indicando-as em "comentário".

3. Analisa a linguagem e os recursos que compõem as descrições, a exemplo do trabalho da aula, registando as respostas em "comentário".


3 comentários:

Noémia Santos disse...

Atenção 11ºB e 11º E:

Não se esqueçam de visitar a Exposição NEVOENTAR do 11º H (pintura, escultura, instalação), interpretação artística de
FREI LUÍS DE SOUSA.

Música - Nuno Rebelo.

- Centro de Cultura Contemporânea/Cooperativa de Comunicação e Cultura - na zona medieval, junto aos Paços do Concelho.

Noémia Santos disse...

Também quero lembrar que há novos trabalhos em "das palavras às imagens", há duas edições atrás.

Conta já com pinturas/desenhos de Daniela Félix, Lisa, Inês, Catarina, Cláudia e Sara.

Quando é que os B's e os E's começam a fazer fotografias?
(Ainda só tenho uma da Patrícia)

Anónimo disse...

‘A despedida’ – Daniela 11ºE Nº11

O relógio da Estação marcava oito horas e quarenta e seis. Estava uma manhã que prometia um dia de Sol, mas ainda assim uma brisa gelada…parecia que adivinhava o que se passava com aquelas duas pessoas. Muitos silêncios que diziam tudo nesta conversa…‘Tens a certeza?’ –perguntou ela. Era sempre assim, meio insegura…tentando por tudo que ele voltasse atrás também. Ele olha-lhe com todo o carinho e diz - ‘Desta vez não tenho certeza de nada..mas que posso fazer?’.
Ela baixa a cabeça. N queria acreditar na dor que aí se aproximava. Oito e cinquenta. ‘Faltam dez minutos…tenho que entrar até lá. O comboio não espera por mim…’ diz o rapaz, fixado no cabelo da rapariga. Amara sempre o cabelo dela. Lembrava-lhe o dia ventoso que tinham passado uma vez na praia…em que ela só reclamava do vento e lhe dizia que ficava mais feia…ele sorria. Sorria sempre e dizia ‘ Meu amor, ficas linda de qualquer maneira…’ e calava-lhe com um beijo… e ela acreditava . E era a mais feliz com ele. Porque tinha tudo de ser diferente agora? Ela não entendia nada…a razão para o homem da sua vida se ir embora…dar por terminado a relação mais plena que ela alguma vez tinha sentido…e sabia que para ele também assim o era. Naquela estação, ela sabia-o, ela sentia-o de igual maneira. O seu olhar para ela continuava o mesmo. Até demonstrava já saudade… não entendia. Não queria entender. Ela amava-o. Ele também apesar de lhe dizer que já não… cinco para as nove. O relógio desafiava o tempo que escasseava… a rapariga ainda tentava convencer o amado. ‘Esquece. Esquece-me. É melhor…vou para longe, tu sabes. Quero outra vida…desculpa alguma coisa…e obrigada.’, diz o rapaz a tentar por tudo disfarçar a pior dor que já tinha sentido. E estava a sentir. Um desculpa e um obrigada…palavras que significam muito…tudo isto… na sua voz… ‘ O que mudou afinal?’ pergunta ela já a chorar. ‘Tudo. Eu mudei, tu mudas-te…quero outra coisa para a minha vida. Mas foste tudo na minha vida…’ ‘Que interessa se fui se já não sou mais? ‘, o rapaz abraça-a. Com todo o respeito, com todo o mais verdadeiro amor. ‘ Meu amor, és tudo para mim. E por seres a minha vida tenho que partir. A minha vida vai acabar daqui a um mês como me disseram no hospital . Não quero que sofras. Aí é que eu morria. Deixa que me tenhas em mim com os momentos inesquecíveis que passámos…deixa eu partir e ser mais fácil…Não ver a tua dor…ficares com raiva de mim…talvez seja mais fácil para ti esqueceres-me’, pensou isto no último abraço… ‘Tenho que ir’ disse ele na sua voz meio arrastada e forte. Nove horas. O comboio preparava-se para partir. ‘Promete que dás notícias’-diz a rapariga intrigada, com raiva de amor, a chorar realmente… ‘Sempre que estiveres bem eu estou bem.’ Diz o rapaz… olham-se num último olhar..ele sobe as escadas…ela segue-o. Num último degrau…ele agarra-lhe e segreda-lhe ao ouvido… ‘Amo.-te para sempre’. A rapariga não teve tempo de retribuir o frase mais verdadeira. Chora, vê o comboio partir…era tarde. Nove e dois minutos. Continuava a ser tarde demais.