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25 junho 2006

A força da palavra

Sermões são palavras, que outra cousa não quer dizer sermão senão palavras.
PAV

SERMÃO DO PADRE ANTÓNIO VIEIRA
NA CIDADE DE ANGRA

Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça.
«Mas o pior pecado do nosso tempo, o mais medonho e injusto e terrível; aquele que mais ofende a Deus e prejudica homens feitos à Sua imagem e semelhança; aquele que mais é contra a mesma natureza humana, não é outro senão o vergonhoso comércio dos escravos; não é outro senão que haja gente tratada como qualquer irracional. Porém nenhum homem é comparável ao boi que tira pela carroça ou pelo arado, nem ao cavalo de montaria, nem a nenhuma besta de carga. E dos escravos se faz tudo isso, e por eles e com eles se conseguem fortunas que afrontam a Deus e à inteligência humana. E bem diria eu se dissesse que este crime é pior que matar por ódio, por vingança ou por ira. Podeis cuidar que me engano, que se for dado a escolher a um desgraçado escravo se quer ser morto ou continuar escravo, sobre escolher a liberdade sem vida, ele há-de preferir a vida sem liberdade. Essa é a matéria do pecado, mas nem sempre a gravidade da acção depende da matéria dele senão da sua qualidade. E, se é grande e abominável crime encurtar os anos da vida de um homem contra a vontade de Deus, maior crime e mais abominável ainda é fazê-lo escravo e como tal o manter. Pois que a morte é o fim natural de todos os homens, enquanto pertence à sua natureza a liberdade. E é uma imagem feita à semelhança de Deus, que assim nos criou Ele, que reduzis a tão miserável servidão. Aos que entram neste iníquo comércio (invenção do Demónio, certamente, porque nem a pior das criaturas sem ser ele seria capaz de o ter imaginado), eu digo em nome de Deus: não tereis a vida eterna. Se vos atreveis a esperar o Céu, e tendes em casa ainda que seja o mais amado dos escravos, sois néscios» . Aqui tem disponível o sermão na Cidade de Angra em versão integral.
A escravatura que Padre António Vieira denunciou com tanto vigor, foi há muito abolida. A força dos seus sermões foi muito grande e revelou como as palavras - sendo apenas isso mesmo - têm capacidade de ajudar a reconfigurar a nossa forma de ver o mundo e a redefinir o real.
E hoje, de que novas formas se reveste a escravidão? Como temos usado a nossa palavra e a nossa acção para a denunciarmos e combatermos?

22 junho 2006

Aprender


Aprendermos, juntos.
Em sintonia, em dissonância, mesmo.

Aprender sempre.
Deixar pulsar a vida.
Sentir a excitação de saborear um caminho novo.

Mesmo quando - ou sobretudo quando - o novo perturba, ameaça, destrói certezas com tanto labor construídas pelos anos.

Galileu ainda vive num poema.
E vive em nós, se o deixarmos.

Obrigada a todos.


Imagem de Peter Blau, Potsdam

07 junho 2006

As imagens publicitárias falam ao sentimento

"As imagens publicitárias tendem a aproximar-se cada vez mais das imagens noticiosas."


"As imagens que servem a criação publicitária buscam maior poder de persuasão numa natureza mais real, enquanto as imagens usadas nas notícias tendem a servir-se dos mecanismos da publicidade, ou seja, procuram a criatividade para se tornarem relevantes."


Papel do digital

"O digital fez da imagem o centro da comunicação: na Net, na imprensa escrita, na televisão, as imagens são criadas com base no desejo, na fantasia, na autenticidade, no simbolismo que as conserva no tempo. E as pessoas dão consigo a responder a esses estímulos que falam ao sentimento."

Lewis Blackwell

01 junho 2006

Visionários e Saudosos do Futuro


«Se o mundo onde cada um deseja viver não existe, é único o recurso: imaginá-lo e ir por ele.»

Almada Negreiros

Peter Blau (pintor de luz, Potsdam)

Tanto José Saramago, em Memorial do Convento, como Luís de Sttau Monteiro, em Felizmente Há Luar criam personagens que - pela sua natureza ou pelos sonhos e ideias que têm - desejam um mundo que ainda não existe. Como diria Fernando Pessoa, têm "saudades do futuro".